Caprinos e Ovinos

Embrapa desenvolve 'ovelha do futuro' com genética mais produtiva e resistente

Novo projeto busca animais mais produtivos e resistentes, promovendo eficiência e sustentabilidade na pecuária ovina


Publicado em: 30/09/2025 às 15:30hs

Embrapa desenvolve 'ovelha do futuro' com genética mais produtiva e resistente
Foto: Keke Barcellos

A Embrapa Pecuária Sul, sediada em Bagé (RS), está à frente de um projeto inovador conhecido como “ovelha do futuro”. A iniciativa aposta no melhoramento genético para transformar a ovinocultura de corte, com animais mais eficientes, rentáveis e adaptados às necessidades do produtor.

Quatro características-chave no melhoramento genético

Os estudos já resultaram em ovinos que reúnem quatro atributos estratégicos:

  • Melhor conformação e rendimento de carcaça
  • Perda espontânea de lã
  • Maior prolificidade
  • Resistência à verminose

Segundo o pesquisador José Carlos Ferrugem, a seleção assistida pode duplicar a eficiência produtiva, aumentar a rentabilidade dos rebanhos e ainda reduzir as emissões de gases de efeito estufa.

Validação em parceria com produtores

Atualmente, reprodutores melhorados da Embrapa estão sendo cedidos, via comodato, a criadores parceiros. O objetivo é acompanhar cerca de mil animais nascidos desses cruzamentos. Os produtores realizam o monitoramento zootécnico, registrando dados de nascimento, peso, prolificidade, resistência a verminoses e características da lã.

Ferrugem explica que, inicialmente, as primeiras progênies virão de carneiros da própria Embrapa, mas ao longo do projeto os reprodutores selecionados em rebanhos parceiros também participarão dos acasalamentos.

Produção sob medida para cada sistema

A ideia é que cada criador possa desenvolver sua própria versão da “ovelha do futuro”, escolhendo as características genéticas mais adequadas ao seu sistema de produção. O pesquisador João Carlos de Oliveira destaca que a flexibilidade do projeto atende desde produtores de raças deslanadas até os que preferem investir apenas em prolificidade ou rendimento de carcaça.

Prolificidade: mais cordeiros por matriz

A Embrapa tem mais de duas décadas de experiência na disseminação da prolificidade em rebanhos. O trabalho começou com o gene Booroola, da raça Merino Australiano, e já foi incorporado em diversas criações da região Sul. Além dele, foram identificados o gene Embrapa, na raça Santa Inês, e o gene Vacaria, em ovinos Ile de France. Todos aumentam o número de cordeiros nascidos sem exigir maior número de matrizes, o que significa maior rentabilidade.

Ganhos com o gene Bombacha

Outro avanço é o gene Bombacha, que melhora a conformação da parte traseira do animal e amplia o rendimento de cortes valorizados, como o pernil. O gene, inicialmente identificado na raça Texel, garante até 9% de aumento no peso médio das carcaças (de 17 kg para 18,5 kg) e 5% a mais no rendimento (de 40% para 42%).

Perda natural de lã reduz custos

Com a queda nos preços da lã, a tosquia anual se tornou onerosa. O projeto busca animais que percam a lã de forma espontânea, reduzindo em até 50% a necessidade de tosquia. Essa característica vem sendo obtida pelo cruzamento de raças deslanadas, como Santa Inês, com raças lanadas do Sul. A coleta de DNA das progênies também deve formar um banco de dados para novos estudos.

Resistência à verminose: menos perdas e menos medicamentos

Outro pilar do projeto é a seleção de ovinos resistentes a verminoses, problema que compromete o ganho de peso, aumenta a mortalidade e gera altos custos com medicamentos. A identificação dos animais é feita por meio do exame OPG (Ovos por Grama de fezes).

De acordo com a pesquisadora Magda Benavides, a meta é reduzir pela metade o uso de vermífugos, de seis para três aplicações por ano, proporcionando economia, maior bem-estar animal e menor impacto ambiental. A eliminação de animais mais suscetíveis também contribui para diminuir a contaminação das pastagens e retardar a resistência dos parasitas aos medicamentos.

Futuro promissor para a ovinocultura

Com o projeto, a Embrapa busca não apenas fornecer genética de ponta, mas também estimular que o produtor seja protagonista no desenvolvimento do seu rebanho. A expectativa é que a “ovelha do futuro” se torne uma aliada estratégica na busca por eficiência e sustentabilidade na ovinocultura brasileira.

Fonte: Portal do Agronegócio

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