Bovinos Leite

Setor leiteiro prevê dificuldades

A estiagem prolongada e as altas temperaturas, que estão comprometendo as pastagens, podem fazer de 2014 um ano bastante difícil para a pecuária leiteira


Publicado em: 26/02/2014 às 17:10hs

Setor leiteiro prevê dificuldades

A maior preocupação do setor é com a produção de alimentos para o rebanho ao longo do período de seca, isso porque a falta de volumosos e o comprometimento da produção de grãos poderão alavancar os custos de produção. A seca acontece em um período positivo para o setor lácteo, que voltou a apresentar superávit na balança comercial, o que não acontecia desde 2008.

De acordo com o presidente das comissões técnicas de Pecuária de Leite da FAEMG e da CNA, Rodrigo Sant’Anna Alvim, a situação é preocupante e a tendência é de queda na oferta de leite.

"A maior preocupação do setor é a estiagem prolongada em plena safra, que já vem comprometendo, substancialmente, a produção de alimento para o período de seca. Neste ano, a situação está bem atípica e se o clima não mudar, muitos pecuaristas não vão conseguir alimentar os animais durante a entressafra. Se não tiver volumoso e o concentrado ficar mais caro, já que está prevista queda na oferta de grãos e a safrinha ainda nem foi plantada, vai ser um ano bastante difícil para a pecuária de leite", prevê.

Ainda segundo Alvim, a queda na produção ocorre em um momento de recuperação das exportações brasileiras. A desvalorização do real frente ao dólar, que está em torno de R$ 2,38, favoreceu as negociações com o mercado internacional. Também contribuiu para o aumento dos embarques os preços no mercado externo, que estão firmes e atrativos, com a tonelada de leite em pó negociada em torno de US$ 5 mil.

"É uma pena isso acontecer agora, quando o Brasil voltou a exportar lácteos. Em janeiro, foram movimentados com os embarques quase US$ 40 milhões e, no período, importamos um pouco, mas muito menos que exportamos, cerca de US$ 11 milhões. Essa movimentação é muito importante, já que desde 2008 não registrávamos superávit no setor lácteo", disse.

A situação desfavorável para a produção de leite tem levado à recuperação dos preços pagos aos pecuaristas. Segundo Alvim, desde o final de 2013 foram registradas quedas expressivas nos valores do litro de leite, o que já era esperado pelo período de safra. Porém, com a oferta limitada, as indústrias já estão pagando um preço mais elevado pela matéria-prima.

"Desde o final de 2013, o preço do leite recuou de uma média acima de R$ 1,10 para cerca de R$ 0,98 o litro, uma queda significativa. Ainda não temos dados reais de quanto será a interferência da estiagem na produção, mas a tendência de queda já está praticamente confirmada pelo posicionamento das indústrias, que estão pagando mais pelo produto no mercado spot. Preciso que a indústria sinalize a alta agora, para que o pecuarista tenha segurança e invista, garantindo abastecimento no período de entressafra", disse.

Investimentos

Em relação aos investimentos por parte dos produtores, em 2013, com os preços do leite valorizados, os pecuarista tiveram condições de ampliar a capacitação, investiram na qualidade do rebanho, nas propriedades em questões de saúde e sanidade dos bovinos. Segundo Alvim, a tendência é investir cada vez mais no gerenciamento da atividade.

"No país, vários projetos com foco na capacitação e melhoria da gestão estão em desenvolvimento. Neste ano, por exemplo, a CNA lançou a Faculdade CNA de Tecnologia, que vai formar profissionais voltados para o gerenciamento das propriedades, consultorias e assistência técnica. Também foi criado o Centro de Excelência do Leite, com sede em Goiás, onde serão formados técnicos de nível médio para atuar no campo", disse.

Fonte: Diário do Comércio

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