Publicado em: 20/12/2024 às 11:40hs
O setor lácteo brasileiro está vivenciando um ano de recuperação em 2024, após enfrentar uma série de desafios no ano anterior. Com a rentabilidade dos produtores em níveis adequados e os preços do leite em ascensão, o setor tem se beneficiado da estabilidade nos custos de produção e da melhoria nas condições de emprego e renda. A indústria de laticínios também tem registrado bons resultados, com aumento nas vendas e manutenção de suas margens.
Entre janeiro e setembro de 2024, a produção de leite sob inspeção no Brasil avançou 1,57% em relação ao mesmo período de 2023. No entanto, o setor enfrentou adversidades climáticas significativas, especialmente no Rio Grande do Sul, que sofreu as maiores inundações dos últimos 40 anos, além de um clima mais quente e seco durante o terceiro trimestre.
De acordo com a previsão da Embrapa, o Brasil deve registrar um crescimento de 1,6% na produção de leite em volume em 2024, em comparação com o ano anterior. As importações, por sua vez, devem continuar em níveis elevados, com um aumento de aproximadamente 6%, atingindo cerca de 2,2 bilhões de litros equivalentes.
O mercado internacional deve manter os preços firmes em 2025, devido a dificuldades de aumento da oferta global de leite, especialmente na Europa e na Oceania, regiões que enfrentam restrições causadas por regulamentações ambientais, volatilidade climática e altos custos de mão de obra.
Para o Brasil, a desvalorização cambial pode contribuir para a redução das importações, embora os volumes ainda sejam elevados devido aos preços relativamente mais altos dos produtos lácteos brasileiros. O preço pago ao produtor deve seguir estável no primeiro semestre de 2025, mantendo-se em níveis semelhantes aos de 2024. No entanto, a expectativa é que ocorra uma queda nos preços no segundo semestre, à medida que a melhoria das margens do produtor incentive o aumento da oferta de leite.
Os custos de produção, contudo, podem ser impactados por incertezas no mercado interno de milho e por fatores internacionais, como o preço do petróleo e dos fertilizantes. O crescimento do PIB brasileiro de 1,8% em 2025, aliado a uma inflação próxima de 4% e ao baixo índice de desemprego, deve sustentar o consumo de lácteos e gerar alguns ganhos em volume para a indústria.
O Rabobank aponta três áreas-chave para monitoramento no setor lácteo em 2025: (i) a volatilidade climática, (ii) o aumento da demanda por produtos lácteos funcionais, como os com alto teor de proteína e sem açúcar, e (iii) a desaceleração do crescimento da produção de leite na China, o que pode equilibrar a oferta e demanda global nos próximos anos.
Embora o ano de 2025 seja projetado como positivo para o setor lácteo, ele não deve ser tão favorável quanto 2024. As incertezas macroeconômicas e os desafios climáticos podem afetar a economia brasileira, refletindo no desempenho do setor lácteo nacional.
Entre os principais desafios para os produtores de leite em 2025, destacam-se a assistência técnica e a falta de mão de obra qualificada. Isso tem incentivado o aumento de investimentos em automação, mas essa tecnologia ainda está fora do alcance dos pequenos e médios produtores.
A estrutura produtiva do setor lácteo brasileiro também tem se tornado mais concentrada. Em 2024, a concentração aumentou tanto em termos de número de produtores quanto nas regiões produtoras. A indústria láctea também tem experimentado uma concentração, embora, em comparação com os países vizinhos Argentina e Uruguai, o nível de concentração no Brasil ainda seja considerado baixo. As quatro maiores empresas de laticínios no Brasil detêm 21% do mercado, enquanto na Argentina e no Uruguai esse percentual é de 32% e 89%, respectivamente.
Fonte: Portal do Agronegócio
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