Publicado em: 15/07/2014 às 17:00hs
A IN 62 é vista, tanto pelos produtores como pela indústria, como um importante passo para a evolução do setor de lácteos no país, já que o ganho em qualidade favorece toda a cadeia e, além disso, contribui para incentivar o aumento do consumo.
A Instrução Normativa 62 foi publicada em dezembro de 2011 pelo Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) e estabelece regras rigorosas para os produtores seguirem para garantir a qualidade do leite dentro e fora das unidades produtoras. Na Europa, as normas foram implantadas há mais de 50 anos.
Os pecuaristas terão até 30 de junho de 2016 para se adaptarem às novas regras de qualidade. Entre os parâmetros estabelecidos pela instrução estão a redução da CBT (Contagem Bacteriana Total), hoje em 750 mil unidades formadoras de colônia (UFC/ml), para 100 mil UFC/ml em 2016. Já a CCS (Contagem de Células Somáticas) deve ser reduzida de 750 mil por mililitro (CS/ml) para 400 mil.
A CBT mensura o grau de higiene durante a ordenha e a CCS monitora a incidência de mastite nos animais, considerada a principal doença infectocontagiosa do rebanho leiteiro.
Para o analista de agronegócio da FAEMG e coordenador do programa Balde Cheio pela Faemg, Wallisson Lara Fonseca, o período estabelecido pela IN 62 para que o produtor se adapte às novas regras é hábil.
"A tendência é que o produtor consiga chegar aos números exigidos dentro do prazo estipulado. Esta adaptação é obrigatória e como toda a cadeia vem investindo na melhoria do leite e dos derivados, os pecuaristas que não se adequarem ficarão à margem do mercado. Porém, acreditamos que os produtores mineiros irão se adaptar, já que a melhoria da qualidade tem retorno financeiro, uma vez que as indústrias pagam mais pela qualidade", diz.
Ainda segundo Fonseca, a questão da sanidade e da higiene são as principais exigências da IN 62, tanto para os ordenhadores quanto para a área de produção.
"A melhor forma de ampliar a qualidade do leite é mantendo os cuidados com a higiene da unidade de produção, dos equipamentos de ordenha e dos funcionários que irão participar do processo. Costumes simples como lavar as mãos e os equipamentos já ajudam a evitar a contaminação", afirma.
Em Minas Gerais, várias ações foram postas em prática para que os produtores se adaptem e continuem na atividade. Além do programa Balde Cheio, que atende continuamente cerca de 2 mil unidades de produção e conta com 200 técnicos, também existe o Leite Legal, desenvolvido pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar). Este último é oferecido através de parceria às indústria de laticínios para capacitação de técnicos que irão atuar no campo junto aos fornecedores de leite.
"Estamos com projetos bem desenvolvidos, obtendo muitos resultados positivos e com capacidade de atender à demanda proveniente dos pecuaristas. O produtor que precisar de auxílio técnico para se adequar às normas da IN 62 deve procurar o sindicato rural, cooperativas ou representantes dos laticínios", ressalta Fonseca.
Benefícios a toda a cadeia de produção
Para o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Leite (Leite Brasil), Jorge Rubez, a IN 62 é muito importante para o setor, uma vez que irá beneficiar toda a cadeia leiteira.
"Os consumidores estão cada vez mais exigentes em relação à qualidade dos produtos e a IN 62 vem para atender esta demanda. Os produtores estão conseguindo se adaptar e isto é importante para aprimorar a qualidade do leite e ampliar a renda dos pecuaristas, já que a indústria paga mais pelo leite de alta qualidade. As indústrias também ganham, uma vez que o rendimento será maior e gera produtos de qualidade superior, contribuindo para o aumento do consumo", diz.
Segundo Rubez, todo o setor vem se adaptando às novas regras. "Os produtores estão investindo na sanidade, na higiene do processo e nas formas de armazenagem, enquanto a indústria tem investido em conservação, utilizando caminhões adequados para recolher o leite e nos processos internos, disponibilizando um produto final de maior qualidade."
Um dos desafios que ainda interfere na qualidade do produto é a infraestrutura para escoamento da produção, que é de responsabilidade do governo. "Todo o setor é cobrado em relação à melhoria da qualidade, mas cabe aos governos manterem as estradas bem conservadas. Esta será uma das principais cobranças do setor, que precisa se mobilizar para solucionar este gargalo", explica.
Fonte: Diário do Comércio
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