Publicado em: 28/04/2021 às 13:00hs
“Tudo começou depois da minha pós-graduação. Meu pai já trabalhava na propriedade, mas foi durante o tempo em que trabalhei na Embrapa Gado de Leite que tive meu primeiro contato efetivo com o campo. Apesar de trabalhar no laboratório, tinha oportunidades de coletar material em campo e gostava da experiência”, relatou Karina.
Após sair do trabalho, ela começou a estudar para concursos. Foi quando se atentou ao fato de a propriedade do pai estar inativa. “Mudei para o sítio, de 54 hectares, e fui aprendendo na prática do dia a dia. No segundo ano de trabalho, me filiei ao Sindicato Rural de Barbacena e, aos poucos, fui descobrindo as ferramentas que tinha à minha disposição por meio da entidade. Assim surgiu a oportunidade de participar de dois cursos oferecidos por meio da parceria com o Sistema FAEMG/SENAR/INAES, Cria e Recria de Bezerras e Inseminador.”
Segundo Karina, os cursos abriram as portas para o contato com o SistemaFAEMG/SENAR/INAES e para seu ingresso, em julho de 2019, no Programa de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) Balde Cheio.
“Antes do ATeG, eu anotava algumas coisas, ou seja, tinha um grau de acompanhamento, mas foi por meio do ATeG que passei a ver de outra forma. Pecava na gestão por conta de dificuldades em estar atenta a vários processos. Nós, pequenos produtores, precisamos colocar na cabeça que a propriedade é uma empresa, precisamos saber seu lucro real.”
A ideia inicial de Karina era trabalhar o sistema de cria e recria, mas as mudanças foram muitas. Ela contou que, do rebanho inicial, não tem mais um animal. “Mudamos todo o gado, o curral foi refeito, trabalhamos o melhoramento genético, reformulamos o pasto com a criação de piquetes rotacionados de mombaça, melhoramos a alimentação, adquirimos tanque e ordenhadeira mecânica. Costumo falar que comecei do menos um, não foi nem do zero.”
Karina lembrou que, no início da atividade, a média de litros de leite por animal ao dia era de oito, dez litros. Hoje, a média é de 20 litros por animal ao dia. O leite é repassado a um laticínio. “Sempre tivemos muito preocupação com a limpeza e com a qualidade, e continuamos com este foco depois do AteG.”
Quem confirma a qualidade do leite produzido no Sítio dos Pinheiros é o técnico de campo Aloísio Henrique Nogueira Campos. “O leite já era bom, agora está bom demais. Karina absorveu bem o que foi proposto, aceita bem as mudanças e é muito ativa quanto ao uso de tecnologia. Com a continuidade do trabalho, mesmo após o término do ATeG, em julho deste ano, tenho certeza de que vai continuar crescendo.”
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Apesar de Karina ter assumido a propriedade, ela afirmou que o pai é muito presente. “Busco sempre a opinião dele antes de tomar decisões, afinal, ele tem muita experiência. Por vezes, discordamos porque as técnicas que ele usava podem não se adequar aos dias atuais. A dificuldade está não apenas no fato de sermos pai e filha, mas no fato de eu ser uma sucessora, uma mulher. Mulher no campo precisa batalhar dez vezes mais para ser levada a sério.”
Depois de ingressar no ATeG, veio a possibilidade de fazer parte da turma do Curso Técnico em Agronegócio, oferecido pelo SENAR, com polo em Barbacena. “Estou sempre em busca de conhecimento, por isso, o curso veio para agregar, para me auxiliar na produtividade e melhorar ainda mais a gestão.”
Entre os temas abordados ao longo do curso, de dois anos, estão técnicas de produção, comercialização e marketing, assistência técnica e gerencial, empreendedorismo e aprenderá como atuar na execução de procedimentos para planejar e auxiliar na organização e controle das atividades de gestão do negócio rural.
Sobre o ATeG, o presidente do Sindicato Rural de Barbacena, Renato Laguardia, afirma: “O ATeG veio para complementar todo o trabalho desenvolvido pelo Sistema FAEMG/SENAR/INAES junto aos produtores e trabalhadores rurais, trazendo benefícios inclusive para o Sindicato porque se temos um produtor que se vê como empresário rural, ele enxerga a importância da entidade. Ele entende que sua propriedade precisa ser trabalhada como uma empresa, incluindo lucro, condições de vida melhor para família, evitando a saída do campo. O seguimento leiteiro é um dos mais difíceis na agropecuária devido à pequena margem paga ao produtor. Assim, é preciso trabalhar de forma afinada para que não haja prejuízo. O ATeG veio para isso, faz um raio X e propõe mudanças para o crescimento.”
Fonte: SENAR MG
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