Publicado em: 26/05/2025 às 11:10hs
O mercado brasileiro de leite e derivados apresentou uma leve piora entre abril e maio de 2025, segundo análise da Embrapa Gado de Leite. A principal causa é a desaceleração da demanda interna, influenciada pela inflação mais elevada, piora nos indicadores do mercado de trabalho e maior endividamento das famílias.
Após três anos consecutivos de crescimento do PIB acima de 3% ao ano, as projeções para 2025 apontam para uma expansão mais modesta, próxima de 2%. Esse ambiente macroeconômico menos favorável tem impactado diretamente o consumo de alimentos, incluindo os lácteos.
Com a demanda enfraquecida, os preços dos derivados lácteos no atacado recuaram. Isso resultou também na queda dos valores pagos aos produtores, mesmo durante o período de entressafra.
A situação é agravada pelas margens reduzidas das indústrias de laticínios, especialmente nos principais produtos: leite UHT, leite em pó e queijo muçarela.
Apesar da demanda mais fraca, a oferta segue robusta. A produção de leite inspecionado no Brasil cresceu 3,1% no primeiro trimestre de 2025, acumulando nove trimestres consecutivos de alta.
Considerando o ajuste pelo número de dias — já que 2024 foi um ano bissexto —, o crescimento da produção diária foi de 4,25% em comparação com o mesmo período do ano anterior.
Esse aumento é reflexo da boa rentabilidade observada nos últimos três anos, que estimulou a produção mesmo diante de um cenário de maior volume de importações.
Mesmo com a recente piora nos preços pagos ao produtor, o nível atual ainda garante boa remuneração para fazendas com gestão eficiente.
Para os próximos meses, a recomendação é monitorar atentamente três indicadores principais que influenciam o mercado de leite no Brasil:
1. Preços internacionais
Os preços globais do leite estão mais firmes, com crescimento limitado da produção mundial. A União Europeia tem registrado queda na produção desde o início de 2025. A China também apresenta uma produção mais fraca e voltou a aumentar suas importações.
No último leilão da plataforma GDT, os preços do leite em pó integral atingiram US$ 4.300 por tonelada. Se essa tendência de alta se mantiver, há expectativa de maior sustentação dos preços no Brasil, pois reduz a competitividade do leite importado.
2. Importações
As importações têm representado cerca de 9% da oferta doméstica de leite inspecionado nos últimos anos. Entre março e início de maio, houve uma leve redução no volume importado.
Embora ainda não haja uma queda acentuada, a expectativa é de alguma desaceleração, impulsionada pelo aumento dos custos, melhora da demanda na Argentina e recuo nos preços internos brasileiros.
3. Demanda interna
A demanda doméstica segue como o principal fator de influência sobre os preços, já que o Brasil não é um grande exportador de leite. Apesar do cenário mais fraco para o consumo das famílias em 2025, algumas medidas do governo — como a ampliação de gastos fiscais e a concessão de crédito consignado para trabalhadores do setor privado — podem estimular a demanda.
Diante desse cenário de oferta em alta e demanda em desaceleração, os preços no segundo semestre de 2025 tendem a se aproximar dos patamares observados em 2023 ou 2024.
Para os produtores, o foco deve estar na gestão da propriedade e no controle de custos, já que esses são fatores sob sua responsabilidade direta. A Embrapa Gado de Leite destaca que fazendas bem administradas continuam competitivas, inclusive em comparação internacional.
Fonte: Portal do Agronegócio
◄ Leia outras notícias