Bovinos Leite

Casal revoluciona a produção leiteira após quase desistir da atividade

A produção de leite ficava entre 90 e 100 litros por dia, com produtividade de nove litros por vaca, sendo dez em lactação em um total de 14 vacas


Publicado em: 26/04/2021 às 14:00hs

Casal revoluciona a produção leiteira após quase desistir da atividade

Prestes a desistir da produção leiteira, o casal Nathalie de Souza Ferreira e Hemerson Haber Ferreira, de Juiz de Fora, viu tudo mudar ao começar a ser assistido pelo Programa de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG), promovido por meio da parceria entre o Sistema FAEMG/SENAR/INAES e o Sindicato dos Produtores Rurais de Juiz de Fora.

“Antes do ATeG, estávamos muito desanimados. A propriedade estava literalmente nas mãos de um funcionário. Quando o Ronaldo chegou, ele nos mostrou que havia algo errado. Na verdade, nós já havíamos constatado isso, mas não sabíamos como agir”, explicou Nathalie, se referindo ao técnico Ronaldo Fagundes Filho, responsável pela assistência no Sítio Santo Antônio, desde julho de 2019.

“No início, a propriedade já realizava o pastejo rotacionado, porém não havia controle exato da adubação. Assim, a altura de corte do pasto não era regular. A produção de volumoso não era suficiente para o período seco e, com isso, era necessário utilizar um volumoso de baixa qualidade nutricional”, detalhou Ronaldo.

A produção de leite ficava entre 90 e 100 litros por dia, com produtividade de nove litros por vaca, sendo dez em lactação em um total de 14 vacas. De acordo com o técnico, o custo do concentrado era alto, comprometendo 58% da renda bruta. Além disso, o casal tinha gastos com o funcionário, sendo o custo operacional efetivo (COE) de quase 80% da renda bruta. “Isso significa que quase não seria possível pagar as contas de produção, ficando inviável permanecer na atividade leiteira.”

Mudanças

Hoje, a produção média é de 200 litros por 14 vacas em lactação e 16 vacas no total, sendo, portanto, uma média diária de 14 litros por animal. Para alcançar esse número, uma das mudanças propostas pelo ATeG foi a melhoria da adubação dos piquetes do pastejo rotacionado, de forma a fornecer os nutrientes que faltavam no solo, com atenção à quantidade necessária. Com isso, foi possível aumentar a taxa de lotação por piquete. No cocho, as vacas recebem um trato com capim elefante picado, o que aumentou a ingestão de volumoso, resultando no aumento da produção diária.

A fim de evitar a escassez de alimentos durante o período de seca, além do manejo da capineira, foram feitas correções no solo, buscando aumentar a fertilidade e, consequentemente, aumentar a produtividade do milho. “Baixa produção do milho e adubação sem análise de solo fizeram com que as vacas não respondessem na produção de leite. O impacto no custo do volumoso com a renda bruta foi de 30%. Feita a correção com calcário, adubação e sementes apropriadas para o plantio do milho para silagem, obtivemos aumento na produção durante o período da seca e conseguimos reduzir o custo com volumoso para 12%. Aqui, destaco que, hoje, o custo do milho é praticamente o mesmo que é em 2019 e 2020, mas a qualidade fez com que as vacas aumentassem o leite, diluindo esse custo ainda mais”, destacou Ronaldo.

Expectativa

“A partir de abril, nossa produção irá aumentar porque começaremos a utilizar a silagem e teremos mais animais em lactação. Acredito que até julho atingiremos o pico de produção, alcançando os 350 litros de leite por dia”, previu Nathalie.

Com foco na qualidade do leite, o casal investe em genética há um tempo. Atualmente, tem feito acasalamento dirigido porque, segundo a produtora, trabalhar com vários touros estava ficando complicado. “Focamos em direcionar nosso rebanho, buscando a qualidade do leite.”

Além disso, o casal conta com um contrato com um laboratório, que permite que eles façam, na propriedade, a análise de amostras. “Se uma vaca apresenta mastite, coleto a amostra, incubo e o laboratório me direciona, apontando qual bactéria e qual deve ser o tratamento.”

Queijos e outros derivados

Com nutrição equilibrada e o COE caindo para 60%, a propriedade apresenta lucro e está beneficiando o produto. Todo o leite é beneficiado dentro da propriedade, com produção de queijo minas frescal, que é comercializado; já o iogurte e o doce de leite são produzidos para consumo próprio.

Sucessão familiar

Quem trabalha com o casal na propriedade de cinco hectares é o filho Hugo de Souza Ferreira, que se formou técnico em agropecuária na Escola Família Agrícola de Cruzília e optou por retornar e trabalhar nos negócios da família.

“Enquanto aluno, ele passou por alguns cursos do Sistema

FAEMG/SENAR/INAES. Aliás, todos nós já passamos pelos treinamentos nas áreas de inseminação, trator, derivados do leite, associativismo, gestão, além dos programas Jovem no Campo e Gestão com Qualidade no Campo. Sempre que posso, tento me atualizar e me capacitar. O mundo está em constante evolução e as exigências mudam constantemente. É preciso conhecer o mercado, saber o que estamos produzindo. Hoje, consigo negociar o produto com toda clareza de informações necessárias para alcançar melhor valor”, destacou a produtora.

“Este é mais um caso de sucesso que temos acompanhando por meio do ATeG, programa que tem feito toda a diferença na vida dos produtores rurais”, declara o presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Juiz de Fora, Domingos Frederico Netto.

Fonte: SENAR MG

◄ Leia outras notícias