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Capim-napier potencializa pecuária no Norte Pioneiro

Experiências bem-sucedidas na região reforçam benefícios do produto rústico e barato de origem vegetal para gado de corte e leiteiro


Publicado em: 17/04/2015 às 14:40hs

Capim-napier potencializa pecuária no Norte Pioneiro

Guapirama - Rústico e bastante comum na região do Norte Pioneiro, o capim-napier (pronuncia-se capim-napiê) está ganhando nos últimos anos status de produto que pode ser uma fonte viável e nutritiva para a alimentação bovina. Com um custo-benefício bastante vantajoso em relação à silagem de milho, o capim-napier tem se tornado uma alternativa para o agronegócio que merece ser conhecida e praticada. "Há uns dez anos tenho defendido o uso do capim-napier de uma forma mais sistemática e, felizmente, já estamos colhendo os bons frutos dessa ideia há cinco anos. Na área acadêmica formal, ainda existe um certo preconceito quando ao seu uso, mas os resultados que estamos obtendo, na prática, aqui na nossa região, prova o contrário: de que ele é uma boa alternativa para a alimentação do gado de corte ou leiteiro", destaca o técnico em agropecuária Edson de Oliveira, da Emater de Guapirama.

Com um certo olhar "visionário", ele conta que, ao observar o próprio ambiente rural regional, decidiu apostar na viabilidade do capim-napier - bastante comum no local. "Parei para pensar que talvez fosse um desperdício não aproveitar algo que crescia tão facilmente por aqui, ainda mais quando chove. É claro que o gado não consegue se alimentar quando o capim está alto demais, mas com um pouco de técnica no manejo é possível garantir uma alimentação barata e nutritiva para o animal durante o ano todo", explica o técnico. "Vale lembrar que por ser uma planta perene, não há custo com sementes, adubo e defensivos", acrescenta.

VANTAGENS

Um bom exemplo do potencial do uso da vegetação é o que está acontecendo na propriedade do agropecuarista Paulo de Oliveira. Com 18 alqueires, sete deles estão sendo destinados ao plantio do capim-napier para alimentar 315 cabeças de gado de corte criadas no local (nelore e aberdeen angus), em sistema de semiconfinamento (com pastos rotacionais).

Chegando a quase três metros de altura, o capim deve ser cortado entre 70 a 90 dias para aproveitar o nível proteico ideal (18%, conforme análise bromatológica). Após o corte, o capim picado é ensilado ao ar livre e mantido sob uma lona plástica hermeticamente preparada para reter o mínimo de ar possível. O objetivo desse manejo é conseguir manter a umidade natural do produto e evitar fermentação.

De duas a três vezes ao dia, o gado é alimentado, sendo que em uma delas recebe também ração balanceada que ajusta o nível energético. "Não dá para negar que o milho é melhor, mas o que estou vendo aqui é que realmente o capim-napier é muito viável pelo seu custo-benefício. Apenas corrijo a pequena variação de proteína com a ração, sendo que eu também cultivo aqui o milho e a soja que utilizo para ter uma garantia de qualidade do produto", comenta o agropecuarista Oliveira.

Os resultados favoráveis o motivaram até a investir em uma pequena produção de gado leiteiro, que deverá ser suficiente para cobrir os custos fixos com o gado de corte. Robustos e calmos, os animais da propriedade parecem realmente estar bem alimentados e saudáveis. "O uso do capim-napier não tem nada de extraordinário, mas quando se observa a qualidade do gado que está no pasto é que se pode constatar na prática o valor desse produto normalmente desprezado", conclui o técnico agrícola.

Para se ter uma noção do custo-benefício do capim-napier, em um hectare é possível produzir até 45 toneladas de milho; no mesmo espaço, 269 toneladas de capim-napier, sendo que algumas experiências já apontam para uma produção de até 500 toneladas.

Fonte: Folha Web

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