Bovinos Leite

Estresse térmico em vacas leiteiras: dê um refresco para elas e para o seu bolso

Consideramos que uma vaca está em estresse térmico quando ela precisa ativar mecanismos para manutenção da homeotermia, ou seja, quando existe gasto de energia para manter a temperatura corporal constante


Publicado em: 13/10/2021 às 08:20hs

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No Brasil, em quase todas as regiões, na maior parte do ano, as vacas estão em estresse térmico. A zona termoneutra para bovinos leiteiros situa-se entre 5 e 25°C, dependendo da raça, fase de lactação, nível de produção, consumo alimentar, entre outros fatores. Vacas da raça Holandesa, por exemplo, apresentam maior sensibilidade ao calor, sua zona termoneutra está entre 5 e 21°C. A umidade do ar também afeta como as vacas vão lidar com o calor, quanto maior for a umidade do ar, menor a capacidade de trocar calor com o ambiente. 

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Para correlacionar a temperatura e a umidade relativa do ar e ser mais fácil para os produtores identificarem quando as vacas estão em estresse térmico, foi criado o THI (Temperature Humidity Index, ou, em português, índice de temperatura e umidade). Para vacas de alta produção, a partir do THI 68, já é considerado um ambiente estressante e, valores acima do THI 65 são capazes de afetar negativamente a reprodução. 

Principais sinais do estresse térmico e as perdas do produtor

O comportamento das vacas muda quando desafiadas pelo calor, o primeiro sinal de estresse são muitas vacas em pé, sem se alimentar ou beber água. Elas fazem isso buscando aumentar a superfície de contato com o ar, para trocar calor com o ambiente mais facilmente. O ideal é que as vacas permaneçam deitadas por mais de 12 horas por dia, pois a redução no tempo de descanso afeta o consumo alimentar e aumenta a chance de problemas nos cascos. 

Vacas em estresse térmico buscam com frequência áreas com sombra, água, menor temperatura e maior ventilação. No caso de animais confinados, o lado do barracão de onde vem o vento externo ou onde estão posicionados os ventiladores, são os locais preferidos pelos animais. Esse comportamento aumenta muito a densidade animal nestas áreas, afetando a qualidade das camas e aumentando a competição entre as vacas. 

O consumo de matéria seca é afetado negativamente pelo calor. Isso ocorre porque a digestão dos alimentos, sobretudo, a fermentação ruminal, gera muito calor. As perdas de produção de leite sob estresse térmico podem ser superiores a 20%, sendo metade desta queda explicada pela redução do consumo.   

Para se adaptar melhor aos desafios impostos pelo calor, os animais usam uma série de estratégias fisiológicas. Uma delas é o aumento da troca de calor com o ambiente através do aumento na frequência respiratória. Quando os animais superam 50-60 movimentos por minuto é um indicativo que esses eles estão experimentando algum grau de estresse calórico. Nesta situação, as vacas ruminam menos, eliminam mais dióxido de carbono, o que leva a um estado denominado alcalose respiratória e acidose metabólica. Para compensar isso, parte do bicarbonato que seria usado no tamponamento ruminal é redirecionado para corrigir a acidose metabólica. Assim sendo, podemos dizer que vacas em estresse térmico, estão constantemente com acidose subclínica, um dos motivos que levam a redução na gordura do leite.

A principal perda causada pelo estresse térmico é na reprodução das vacas e não na perda de produção de leite como muitos acreditam. Quando pensamos no custo que uma vaca que não reproduz tem para o negócio, o aumento da média dos dias em lactação do rebanho, ganho de escore de condição corporal, aumento no custo da prenhez, entre outros, verificamos que ele é muito mais representativo do que a perda de produção no curto prazo. 

É quase um consenso que a reprodução de vacas de alta produção não é uma tarefa fácil. Se considerarmos que a taxa de concepção média de um rebanho com pouco estresse térmico (THI 62) é de 45% e que ela cai para 20% se o THI aumentar para 80, temos uma redução de 55% neste indicador. Isso ocorre, principalmente, pela redução da fertilidade das vacas e por afetar o desenvolvimento embrionário nas fases iniciais.  

O refresco para suas vacas (I.C.E)

O I.C.E (Internal Cooling Elements) é um aditivo exclusivo da Nutron/Cargill com foco em reduzir os impactos negativos do estresse térmico sobre a produção, reprodução, saúde das vacas e composição do leite. Trata-se de um osmólito que trabalha a nível celular para manter seu volume e hidratação. Ao contrário de produtos eletrólitos, o I.C.E. pode ser utilizado em dietas pré-parto, pois não eleva o DCAD das mesmas. 

São necessários apenas 50g/vaca/dia para garantir que a vaca fique hidratada e perca calor para o ambiente mais facilmente. Após 14 dias de uso, o produtor perceberá nítida mudança no comportamento das vacas, mais animais deitados, ruminando, comendo, menos ofegantes e aglomerados. 

Resultados a campo do I.C.E

O I.C.E foi amplamente testado em pesquisas e testes a campo. Neste artigo vamos abordar os resultados de 30 dias de uso em uma fazenda de Castro (PR). A fazenda possui 160 vacas em lactação (maioria da raça Holandesa), lote único, em sistema de Compost Barn, com ventiladores instalados em apenas um dos lados do barracão e limitação de acesso ao cocho. 

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Foram realizadas duas avaliações: uma antes do uso e outra após o uso. Os parâmetros mensurados foram a temperatura, umidade do ar (calculado o THI) e a velocidade média do vento no barracão:

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Efeito positivo no conforto das vacas

Os resultados no comportamento das vacas foram muito expressivos. Mesmo com 5 unidades de THI a mais (72 contra 77), havia menos vacas em pé, mais vacas deitadas e mais vacas ruminando, um claro exemplo que os animais estavam mais confortáveis. Nos horários em que foram feitas as avaliações as vacas não tinham acesso ao cocho. Por esse motivo nenhuma vaca estava comendo. 

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A frequência respiratória também foi avaliada:

A frequência respiratória média das vacas foi 13% menor, lembrando que acima de 60 movimentos por minuto, as vacas apresentam algum nível de estresse, ou seja, o I.C.E tirou as vacas do estresse térmico, mesmo com 5 THI a mais. 

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Efeitos na performance dos animais

Os resultados nas avaliações no comportamento das vacas evidenciaram que elas estavam mais confortáveis, com menor estresse, mas será que isso impactou no bolso do produtor?

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Maior produção de leite

Mesmo em um ambiente com maior temperatura e umidade, as vacas produziram 1,1 L a mais por dia. Resultados do maior consumo, aumento do tempo de descanso, ruminação e redução do gasto energético para manutenção da temperatura corporal. 

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Mais gordura do leite

A redução da frequência respiratória, somada ao aumento na ruminação e frequência de consumo das vacas, possibilitou o aumento de 0,1% da gordura do leite, sem alterações na dieta, apenas com a inclusão do I.C.E.

Para saber mais sobre o I.C.E e outras soluções para combater o estresse térmico, consulte seu técnico ou um representante da Nutron/Cargill.

Dr. João Pedro Pereira Winckler - Assistente Técnico Comercial – Bovinos de Leite

Fonte: Cargill

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