Publicado em: 16/07/2025 às 18:40hs
No dia 9 de julho, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, comunicou oficialmente ao governo brasileiro a decisão de impor uma tarifa adicional de 50% sobre todos os produtos importados do Brasil, incluindo a carne bovina. A medida entrará em vigor em 1º de agosto e se soma a tarifas já existentes. Caso o Brasil adote medidas retaliatórias, Trump adiantou que novas tarifas equivalentes serão aplicadas como resposta.
A DATAGRO avalia que a decisão trará impactos negativos às exportações de carne bovina do Brasil. Os Estados Unidos são atualmente o segundo maior destino dos cortes bovinos brasileiros, com 12% de participação no volume recorde embarcado no primeiro semestre de 2025. Assim, a nova tarifa tende a provocar uma redução na demanda externa por essa proteína.
Apesar do impacto inicial, a consultoria destaca que o Brasil possui maior capacidade de redirecionar sua produção para outros mercados. Por outro lado, os Estados Unidos podem enfrentar dificuldades maiores para substituir a carne brasileira, dada a relevância crescente do país como fornecedor.
Entre 2021 e 2025, as importações americanas de carne bovina brasileira triplicaram. Já as exportações dos EUA ao Brasil cresceram em ritmo mais modesto. Segundo a DATAGRO, esse desbalanceamento torna a medida mais prejudicial ao mercado norte-americano.
A estimativa da DATAGRO é de que o impacto da nova tarifa represente uma retração equivalente a cerca de 4% da produção brasileira atual de carne bovina. O mercado já começou a reagir: os contratos futuros do boi gordo negociados na B3 registraram queda na sessão do dia 10 de julho, refletindo a precificação do possível recuo na demanda.
Nos Estados Unidos, a dependência da carne brasileira é ainda maior. De acordo com a consultoria, os produtos brasileiros correspondem a cerca de 5,4% da disponibilidade interna total de carne bovina naquele país. Essa dependência é especialmente crítica para os chamados beef trimmings — aparas de carne bovina usadas na produção de carne moída (ground beef), alimento que representa metade do consumo per capita de carne nos EUA.
Essas aparas brasileiras são combinadas à gordura de animais mais pesados (acima de 26 arrobas) criados nos EUA, formando um produto essencial para o abastecimento interno. No entanto, diante da escassez local de fêmeas bovinas de menor padrão — tradicionalmente usadas na produção de carne moída —, a tarifa incide justamente sobre um pilar central da dieta norte-americana.
Mesmo que os Estados Unidos busquem novos fornecedores, segundo a DATAGRO, não há no mercado internacional nenhum concorrente com capacidade similar à do Brasil, seja em volume ou em preços. A nova tarifa deve tornar o produto brasileiro até 20% mais caro que o preço praticado no atacado local, inviabilizando economicamente as importações.
Embora a medida afete diretamente o comércio bilateral, ela pode também abrir oportunidades. A escassez global de carne bovina e a limitação da oferta em outros países tendem a beneficiar o Brasil em mercados alternativos. Assim, a médio e longo prazo, o redirecionamento da produção pode sustentar os níveis de exportação e minimizar as perdas.
Fonte: Portal do Agronegócio
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