Publicado em: 08/05/2024 às 09:00hs
A pecuária é um dos principais pilares da economia brasileira. Com quase 500 anos de atividade no país, ela responde por 7% do PIB, segundo dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP. Além disso, o rebanho bovino no Brasil supera a população, com 234,4 milhões de cabeças de gado, contra 203,1 milhões de habitantes, segundo o último Censo.
Somada a essa posição de destaque no mercado nacional, a pecuária também enfrenta dificuldades. Uma delas é o abigeato, termo usado para se referir a crimes de furtos envolvendo animais do campo, com destaque para o gado. A prática criminosa, além de colocar em risco a vida animal, impacta negativamente o meio de subsistência dos proprietários e empregados, devendo ser combatida pelas forças de segurança pública e também por estratégias dos próprios proprietários que desejam a segurança do rebanho.
Uma das estratégias mais eficazes na luta contra os roubos de gado é a implementação de câmeras de vigilância inteligentes equipados com tecnologia de detecção de movimento e visão noturna, que podem ser instaladas em pontos estratégicos da propriedade para monitorar atividades suspeitas 24 horas por dia. Essas câmeras podem ser conectadas a sistemas de monitoramento remoto, permitindo o acompanhamento da propriedade em tempo real, independente da proximidade geográfica.
Além das câmeras de vigilância, o uso de sensores de movimento também é essencial. Colocados em áreas vulneráveis da propriedade, eles são capazes de detectar qualquer intrusão e acionar alarmes instantâneos para alertar os proprietários ou autoridades locais. E, combinados com sistemas de iluminação automatizados, ajudam a dissuadir intrusos e aumentar a visibilidade durante a noite.
A tecnologia GPS também desempenha um papel importante na segurança do gado. Equipar os animais com esses dispositivos de rastreamento permite que os proprietários monitorem seu paradeiro em tempo real, garantindo sua localização e facilitando a recuperação em caso de roubo. Além disso, cercas elétricas podem ser uma barreira eficaz contra intrusos, especialmente quando conectadas a sistemas de alarme para notificar sobre qualquer violação.
Considerando que a prática de furtos de animais demanda uma logística, cooperação criminosa e informações da propriedade, também deve se estar atento para as ferramentas de checagem de antecedentes dos trabalhadores e a divulgação de um canal de denúncias para a comunidade local.
Isso porque os funcionários podem passar informações sigilosas para criminosos, como rotina de horários, pontos cegos e vulnerabilidades a serem exploradas. Com foco em mitigar esse risco, o processo de contratação de funcionários pode contar com ferramentas automáticas de checagem de antecedentes de pessoas físicas. Por meio delas, podem ser listados eventuais processos judiciais em que o candidato é réu, possíveis delitos cometidos ou pontos de pressão potencialmente explorados por criminosos, como dívidas altas.
Nesse sentido, a divulgação de canais de denúncia privados para a comunidade ao entorno da propriedade pode funcionar como uma estratégia de vigilância. Ao adotar uma plataforma com captação via internet e também um 0800 dedicado, pode existir uma agilidade na comunicação entre relatante, autoridades e proprietários para que medidas sejam tomadas até antes do roubo ser executado.
Sem dúvida, as inovações tecnológicas proporcionam uma série diversificada de ferramentas eficazes para fortalecer a proteção do gado e assegurar a segurança abrangente das propriedades rurais. Por meio da implementação de uma estratégia proativa com o poder público, que integra diversos recursos tecnológicos, os criadores têm a capacidade de mitigar os riscos associados aos roubos de animais.
Pedro César Sousa Oliveira é advogado e atua como consultor pleno de Inteligência Corporativa da Aliant, empresa especializada em soluções para Governança, Compliance, Ética, Privacidade e ESG
Fonte: IMAGE Comunicação
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