Publicado em: 09/10/2013 às 11:40hs
Ainda que conservadora, a baixa pode chegar aos 3% sobre os atuais 28,6 milhões de animais. Entre os responsáveis por este decréscimo está a utilização constante de fêmeas no abate. Nos primeiros seis meses do ano, quase 54% do gado enviado ao gancho foram matrizes.
A desaceleração no uso destes animais entre agosto e setembro, para 35% de participação, ainda assim, não foi suficiente para inibir a taxa de descarte verificada ao longo do ano. "O resultado é positivo, porém, sem motivo de comemoração, pois no acumulado do ano o descarte de fêmeas está alto, sinalizando reflexos negativos no rebanho do Estado", observa Fábio da Silva, analista do mercado pecuário do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea).
Para confirmar a tendência de recuo no número de animais, os analistas de mercado levam em conta o percentual obtido da relação entre volume de abates pelo estoque de matrizes do ano anterior. Quando o abate de fêmeas fica acima de 15% o rebanho cai. Em 2013 este índice já está em 18%. Também neste ano, a utilização de fêmeas pela indústria atingiu patamar recorde de 2,19 milhões de cabeças entre janeiro e setembro.
"Quando chegamos a 18%, que foi em 2006, o rebanho diminuiu 3%. É conservador falar que até 3% pode ser esta redução", pontua Fábio da Silva, do Imea. Em 2013 o volume
Em 2012 o rebanho mato-grossense registrado junto ao Instituto de Defesa Agropecuária (Indea) era de 28,6 milhões de cabeças, ou quase 2% menor (1,80%) sobre o de 2011, que estava em 29,1 milhões de animais.
Superintendente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Luciano Vacari diz que o envio de fêmeas para o abate foi iniciado como uma alternativa para enfrentar as crises que atingiram o setor desde 2008.
"A pecuária de corte em Mato Grosso passa, desde 2008, por sucessivas crises provocas por questões de mercado e também de pragas. Primeiro houve uma redução na demanda do boi devido à falência de empresas frigoríficas. Depois, o ataque de cigarrinhas nas pastagens em 2010 pegou o pecuarista descapitalizado e sem condições de reverter esta situação", destacou o dirigente, ao Agrodebate.
Ainda conforme Vacari, a desvalorização do bezerro, que inviabilizou a atividade de Cria, 'costurou' o cenário dos dois últimos anos, com o aumento da participação das fêmeas nos abates. "Chegou a superar a dos machos como alternativa de renda e também de redução de rebanho”, explicou.
Setembro Pressionado
Em setembro o abate de bovinos diminuiu 10%, na comparação com agosto, deixando o volume de 549,48 mil cabeças para 495,18 mil cabeças, demonstraram os dados do Indea. A redução de oferta geral resultou na valorização da arroba do boi gordo.
"Os números confirmaram o que o Imea já falava. A oferta seria restrita e a indústria que quisesse boi gordo teria que pagar mais pelo animal", ponderou Fábio da Silva, do Imea. Entre agosto e setembro, por exemplo, a média mensal da arroba saltou de R$ 88 para R$ 91.
"Mas há um outro reflexo. Se a indústria paga mais cara, vai vender mais caro para o varejo e este também [ao consumidor]", contrastou o analista do Instituto Mato-grossense.
Assista a entrevista com o analista Fábio da Silva, sobre o mercado da bovinocultura.
Fonte: Agrodebate
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