Publicado em: 30/05/2025 às 13:30hs
O Governo do Estado do Paraná investe R$ 1,1 milhão no projeto “Purunã – Genômica”, que visa fortalecer o papel do estado na produção nacional de carne bovina. A iniciativa desenvolve um programa de melhoramento genético da raça Purunã, utilizando tecnologia genômica avançada para ampliar a oferta e elevar a qualidade da carne produzida.
A raça Purunã, desenvolvida no Paraná, já desperta interesse de pecuaristas em diversos estados por sua adaptabilidade a diferentes ambientes e excelente desempenho para corte. O projeto busca aprimorar ainda mais essas características por meio da seleção genética de animais superiores, resultando em futuras gerações mais produtivas.
O investimento é realizado por meio da Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti) e da Fundação Araucária. Luiz Márcio Spinosa, diretor de Ciência, Tecnologia e Inovação da Fundação Araucária, destaca que a iniciativa une competências do Paraná em genômica e pecuária, promovendo avanços na competitividade do setor agropecuário.
O projeto tem como foco principal identificar animais com genótipos superiores, que garantam maior desempenho produtivo. Segundo o coordenador José Luis Moletta, pesquisador do IDR-Paraná, a meta é selecionar bovinos mais precoces e eficientes, reduzindo o tempo de criação e aumentando a renda do produtor.
Outro ponto fundamental é a identificação de animais com maior resistência a carrapatos, o que contribui para reduzir custos de manejo e melhorar o bem-estar animal.
A seleção genômica, segundo o professor Bruno Ambrozio Galindo (UENP), permite maior precisão na escolha dos melhores animais, usando análises avançadas de DNA para atribuir valores genéticos. Além disso, a metodologia GWAS (Associação Genética Ampla) será aplicada para identificar genes relacionados a características específicas, como resistência a parasitas.
No futuro, o programa pretende incluir outros aspectos, como marmoreio da carne, maciez, eficiência alimentar, características reprodutivas e até redução da emissão de gases de efeito estufa.
Cada animal da raça Purunã fornecerá uma amostra de DNA para análise de aproximadamente 100 mil marcadores moleculares (SNPs). Com esses dados, será feita uma avaliação genética que permitirá classificar os animais de acordo com seu potencial produtivo, facilitando a seleção dos melhores exemplares para reprodução.
O Paraná possui cerca de 3,5 mil animais Purunã, dos quais 3 mil estão em fazendas experimentais do IDR-Paraná e da UFPR. A próxima etapa do projeto envolve a multiplicação dos melhores animais por meio de tecnologias reprodutivas, como Transferência de Embriões (TE) e Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF).
O pesquisador Alexandre Leseur dos Santos (UFPR) explica que essa estratégia permitirá expandir rapidamente o rebanho para atender à demanda dos produtores interessados, incluindo parcerias com criadores de leite para diversificação das atividades rurais.
Além das instituições paranaenses, o projeto conta com a colaboração de pesquisadores internacionais, como Flávio S. Schenkel (University of Guelph, Canadá) e Daniele Lourenço (University of Georgia, EUA), que participam do desenvolvimento das ferramentas genômicas utilizadas.
Há também parcerias com a Associação Brasileira de Criadores de Purunã, Embrapa, Universidade Federal de Santa Maria e Universidade Federal do Oeste do Pará (Unioeste).
O desenvolvimento da raça começou na década de 1980 no IDR-Paraná, com o objetivo de criar um bovino sintético adaptado às necessidades dos criadores locais. O Purunã é resultado de cruzamentos controlados entre Caracu, Canchim, Charolês e Angus, combinando rusticidade, resistência a parasitas, bom rendimento de carcaça e carne de alta qualidade.
Oficialmente reconhecida pelo Ministério da Agricultura em 2016, a raça é gerida pela Associação Brasileira de Criadores da Raça Purunã (ABCP), que controla o registro genealógico dos animais.
O nome Purunã homenageia a Serra do Purunã, região próxima à unidade de pesquisa onde a raça foi desenvolvida.
A Purunã destaca-se por sua robustez, adaptação climática, precocidade no ganho de peso, temperamento dócil e carne marmorizada. As fêmeas apresentam boa habilidade materna e produção de leite, beneficiando o crescimento dos bezerros. A raça pode ser usada tanto em sistema puro quanto em cruzamentos com vacas Nelore, principalmente para terminação.
Fonte: Portal do Agronegócio
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