Bovinos de Corte

Programa de Desmama da Nutricorp: bem-estar animal é a pauta da vez na pecuária

Palestrantes do evento destacaram a importância em administrar o estresse animal e reduzir o tempo de recria para atender aos desafios do mercado e do consumidor


Publicado em: 05/05/2022 às 08:40hs

Programa de Desmama da Nutricorp: bem-estar animal é a pauta da vez na pecuária

Em workshop online realizado na última semana, a Nutricorp trouxe especialistas da pecuária para debater temas fundamentais do Programa de Desmama da Nutricorp. O evento gratuito contou com a participação de mais de 150 produtores e imprensa.

O padrão de produção da carne no Brasil foi o primeiro assunto abordado. Com a pergunta tema da palestra: “Qual meu padrão de produção de carne?”, o Dr. Leandro Cruppe, médico veterinário e diretor de corte da Select Sires Inc., elencou objetivos que devem ser trilhados pelo produtor para elevar a qualidade do produto. A evolução da inseminação artificial no país foi apontada em números com 20 milhões de doses comercializadas em 2021, e crescimento de 22% entre rebanhos de corte e 6% entre os rebanhos de leite. Valores comparativos do preço da arroba entre Brasil e EUA foram apresentados para reforçar que o produto brasileiro está em ascensão e em perfeitas condições para alavancar ainda mais. Neste cenário comparativo, o especialista destacou a importância do alinhamento das ações às necessidades do consumidor e Pegada Ecológica da fazenda, com destaque ao bem-estar animal. 

Nos EUA, 90% dos animais têm origem de confinamento, enquanto no Brasil o percentual atinge apenas 15,62%. No entanto, este número deverá crescer no país para que os rebanhos possam aumentar sem interferências ao meio ambiente. “Para alinhar a crescente demanda às exigências do consumidor pela qualidade, excelência, e procedência da carne e do leite que vai para sua mesa, o produtor deve se preparar para o emprego de ações que promovam o bem-estar animal, conforto do rebanho e melhoramento genético”, recomenda.

Ao final da apresentação, Cruppe destacou as orientações principais. “O produtor de gado de leite deve usar sêmen sexado e todos devem cuidar de seu rebanho da melhor maneira possível, além de considerar a adesão ao programa Beef on Dairy e atentar-se à produção de melhores matrizes”.

Na sequência, o Tiago Creste Losi, mestre zootecnista e diretor da Lageado Consultoria (Mineiros/GO), reforçou a importância de valorizar o plantel de matrizes para a qualidade da cria e destacou que é preciso manter excelentes matrizes da porteira para dentro. 

Losi relembrou que, em 2021, houve aumento de custo para a produção, tanto na cria quanto na recria e engorda do animal - R$120/mês - ´mamando a caducando ́- e que o ano foi muito bom para a cria. Em valores, o custo/cabeça mensal para a cria é menor, com investimento em nutrição que permeia 25%. Já na recria e engorda, o custo com nutrição avançou para acima de 60%. Desta forma, a engorda fechou negativa para o produtor em 2021. A previsão é de que 2022 seja um ano mais favorável.

Com vistas a adequar o manejo para melhores resultados, a palestra foi direcionada à diminuição do tempo de recria - etapa pós-desmama que acompanha o animal até a próxima etapa, que pode ser a terminação ou reprodução. A importância da suplementação em época de seca e oferta de folhas aos animais foram destacadas. “Nesta época o capim cresce pouco, por isso, suplementar é preciso. Além disso, é bom lembrar que a suplementação nesta época é mais eficiente pois aumenta a ingestão e melhora o desempenho dos animais”, destaca Tiago. Para que haja sucesso na estratégia de suplementação, algumas ações foram fortemente recomendadas, como o emprego de cocho adequado e aumento da disponibilidade de cochos. A atenção sobre a oferta na nutrição não ficou de fora. O sorgo gigante foi apontado como preferido para produzir volumoso, já que a silagem de milho oferece muita energia. A recomendação para a diminuição do tempo de recria de fêmeas de reprodução é emprenhar no mesmo ano da desmama, cerca de 24 meses. 

“Daqui por diante, vai ganhar dinheiro o produtor que investir em genética, pastagem e suplementação adequada”, resumiu.

Para encerrar o evento, o Dr. Reinaldo Fernandes Cooke, professor titular do Departamento de Ciência Animal da Universidade do Texas A&M, falou sobre tecnologia para minimizar os impactos do estresse no animal. A apresentação teve início com dados importantes dos rebanhos americanos sobre cria, recria e terminação, que impactam positivamente a produção naquele país. Condição possível, segundo o especialista, especialmente em decorrência da associação de produtores.

  • Cria: desmama em 7 meses e 75% realizada no outono
  • Recria: 8 a 12 meses com 40% em pasto e 60% em confinamento
  • Terminação: 12 a 16 meses e 95% em confinamento 

Dados sobre o comportamento do consumidor alicerçaram a importância em proporcionar o bem-estar animal. “Pesquisas revelam que, anteriormente, a preocupação da dona de casa era com a qualidade e segurança da carne. Hoje, o consumidor quer saber onde o animal foi criado, quer a rastreabilidade desde sua origem e garantias de bem-estar e conforto do animal”, argumenta Reinaldo.

Em decorrência desta crescente preocupação e exigência do consumidor, cresce o número de programas de valorização da carne através de selos que identificam qualidade, boa procedência e bem-estar animal na origem de cada produto. “O investimento em bem-estar animal ainda não agrega valor de venda, mas aumenta a eficiência de produção e consequentemente a produtividade”, destaca Cooke. O impacto na produtividade, em decorrência do estresse, ocorre devido ao desgaste do animal para sua recuperação de períodos estressantes que geram respostas inflamatórias como: desmame, transporte e confinamento. “O animal em estado de estresse reduz o consumo de alimentos, tem imunidade afetada e inicia um processo de reações fisiológicas, abrindo espaço para doenças”, alerta.

O especialista reconhece que alguns fatores de estresse são inerentes ao sistema de produção de bovinos. “A substância apaziguadora bovina é uma mistura natural de ácidos graxos, que possui a capacidade de reduzir a percepção do estresse pelos animais.  Além disso, os benefícios promovidos nos animais seguem ainda para a fase adulta. Com isso, os produtores observam o aumento de peso dos animais e consequentemente o retorno de seu investimento ao manejo”.

Diante da tendência iminente de confinamento de animais no Brasil, Cooke recomenda fortemente que é preciso mostrar ao consumidor que a pecuária faz uso de tecnologias de bem-estar animal e, ainda mais, se beneficiar dessas tecnologias para a desmama. “À medida que a pecuária se intensifica, os desafios vêm, e é preciso estar preparado e ter paciência para ter o retorno de investimento”, finaliza.

Fonte: Nutricorp

◄ Leia outras notícias