Bovinos de Corte

Pressão de baixa da arroba e reposição exige maior eficiência na produção de bezerros

Cenário de incertezas exige maior precisão do produtor para a Estação de Monta 2021/2022; estudo da GA mostra que a taxa de prenhez por inseminador pode aumentar em até 60% com o manejo adequado


Publicado em: 18/11/2021 às 13:20hs

Pressão de baixa da arroba e reposição exige maior eficiência na produção de bezerros

A retração do consumo interno de carne, reflexo da crise econômica e do aumento da inflação, e do embargo da China associado aos altos custos de produção, derrubaram as margens de lucro dos confinadores. Segundo dados da GA (Gestão Agropecuária), empresa de gestão estratégica da informação para a pecuária, com sede em Maringá/PR, as margens estão inferiores a 5% no segundo semestre de 2021. Os impactos passam pela relação de troca desfavorável de arrobas de boi gordo por animais de reposição, o que, segundo CEPEA/Esalq-USP, atingiu o pior patamar em outubro deste ano. Em um cenário tão desafiador, uma das saídas é buscar a eficiência em todas as etapas do processo produtivo, para se fazer uma boa gestão dos recursos, começando pelo animal.

A gestão da informação tem se mostrado uma das estratégias mais efetivas para redução da margem de erro nos processos que impactam em perdas e desperdício de insumos e de recursos produtivos que afetam fortemente a rentabilidade dos pecuaristas. Para os produtores que se dedicam à produção de bezerros para venda ou engorda própria é fundamental, na atual Estação de Monta, monitorar todos os indicadores que influenciam no bom resultado da reprodução. Com planejamento e operação bem feitas, o objetivo final é otimizar a produção de kg de bezerros desmamados por vaca, mas poucos produtores controlam com precisão o desempenho dos processos que interferem nos bons resultados desses indicadores. 

No Brasil, houve um aumento exponencial do uso das tecnologias de IATF, que cresceu quase 400% nos últimos 20 anos, segundo dados da FMVZ/USP. Entre as vantagens está o fato de não se tratar apenas de uma ferramenta de genética, e sim de melhora da eficiência reprodutiva dos rebanhos. Outro benefício é que a genética comercializada vem obrigatoriamente de reprodutores que passaram por um programa de melhoramento genético, o que nem sempre acontece quando a reprodução é feita com uso de tourinhos. Entretanto, apesar do crescimento, o estudo aponta que o desempenho reprodutivo das vacas brasileiras não demonstrou crescimento equivalente. 

Grande parte deste descompasso está na capacidade de gerir o processo de inseminação com eficiência e na capacitação das equipes envolvidas. Em geral, os inseminadores são remunerados por sua taxa de sucesso e, com isso, buscam inseminar o maior número de animais na menor janela de tempo possível. Dados da GA, que gerencia em seu ecossistema mais de 600 mil matrizes no módulo de cria e IATF, mostram um aumento no sucesso da taxa de prenhez em até 60% quando o inseminador maneja, em sequência, até 25 vacas. A partir disso, o modelo analítico foi construído de forma a detectar o ponto ótimo de cada inseminador dando condições à fazenda de criar travas personalizadas por profissional. As informações foram coletadas nas estações de monta de 2017-2018, 2018-2019 e 2019-2020 (ver gráfico abaixo).

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Fonte: GA e Intergado

“A partir de uma análise da taxa de prenhez, considerando a sequência de inseminação, notamos que havia uma queda drástica a partir do vigésimo quinto animal seguido. A partir desta evidência e do alinhamento com o cliente monitorado, fizemos a inserção de uma trava parametrizada por cliente, em que o usuário consegue estabelecer limites baseados em resultados ou experiência do inseminador. Posteriormente, foram definidos diferentes limites, permitindo que inseminadores mais eficientes mantivessem a taxa de sucesso, mesmo aumentando a sequência de inseminação dos animais”, explica Vinícius Félix, estatístico e cientista de dados da GA.

Dados como esse só são possíveis quando o processo é acompanhado de perto por sistemas de monitoramento. Por meio deles, é possível verificar tanto quem são os melhores inseminadores como rastrear todo o histórico do animal (ver gráfico abaixo), desde a escolha do touro reprodutor até o animal chegar ao confinamento. Coletando e convergindo informações de taxa de prenhez, peso no desmame, ganho de peso a pasto e no confinamento e acabamento de carcaça é possível identificar os melhores touros, as melhores matrizes e animais de melhor desempenho para cada sistema produtivo e meta de negócio. 

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Fonte: GA e Intergado

A partir das análises dessas informações pode-se traçar estratégias mais assertivas e rentáveis para cada perfil de negócio pecuário, melhorar a genética do rebanho e os índices reprodutivos e produtivos, bonificar os colaboradores por mérito, entre outros benefícios.

De acordo com a Associação Brasileira de Inseminação Artificial (Asbia), no primeiro semestre deste ano, houve uma aumento de 5,3% na utilização da inseminação artificial no país - passando de 69,7% para 73,4%. Ainda, cresceu 74% a coleta de sêmen de touros dentro das propriedades, indicando que melhoramento genético e tecnologias de gestão e monitoramento, quando associadas, têm grande potencial de gerar resultados sustentáveis para toda a cadeia produtiva.

Doses de sêmen compradas para safra 2022

Corte
  • 7.831.805 doses vendidas no 1º semestre de 2021 
  • 1.010.651 doses entregues por Prestação de Serviço
Leite
  • 2.803.688 doses vendidas no 1º semestre de 2021 +
  • 22.076 doses entregues por Prestação de Serviço

Fonte: Asbia