Publicado em: 29/11/2019 às 11:30hs
Em Minas Gerais, a arroba do boi gordo vem sendo comercializada acima de R$ 200, valor 44,2% superior à média praticada em igual período do ano passado. Na carne suína, também houve aumento significativo, com o quilo do suíno vivo vendido ao preço recorde de R$ 6 ou 50% maior que o registrado em novembro de 2018. A tendência para os próximos meses é de mercado firme para as carnes. O momento é considerado importante para os produtores, que estão conseguindo recompor as margens.
De acordo com o zootecnista e analista de agronegócios da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), Wallisson Lara Fonseca, o aumento dos preços está atrelado à demanda maior, principalmente, em relação às exportações.
Um dos principais fatores que vem aquecendo a demanda pela carne brasileira são os casos de Peste Suína Africana (PSA) registrados na Ásia, principalmente, na China, país que é o maior produtor e consumidor de carne suína do mundo. Com a enfermidade alastrando, cerca de 50% do rebanho do país asiático foi eliminado para controle sanitário, o que fez com que a demanda pelas carnes produzidas em outros países fosse alavancada.
Lara explica que a queda na oferta de carne suína na China acontece em um período de intensificação do consumo no mercado chinês, devido ao inverno, que começou em outubro, e ao ano novo, que iniciará em fevereiro. “Estes fatores aquecem o consumo interno e a Peste Suína Africana (PSA) deixou um gargalo grande em relação à oferta de proteína animal suinícola. O povo chinês é bem dinâmico para migrar de uma carne para outra e, com este problema, migrou para a bovina”, analisa.
Com a queda na produção de carne suína chinesa, que afeta o abastecimento mundial, e a migração para o consumo de carne bovina, as exportações vêm sendo ampliadas, o que limita a oferta no mercado nacional e impulsiona os preços.
De acordo com os dados da Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), de janeiro a outubro de 2019, foram destinadas ao mercado internacional, por Minas Gerais, um volume 21,6% superior de carne bovina, alcançando 106,2 mil toneladas. O volume de carne suína aumentou 20,6% e encerrou os primeiros dez meses do ano em 11,5 mil toneladas.
Player estratégico – Lara ressalta que, dentre os países produtores de carnes, o Brasil é o que tem condições de ampliar a produção e atender a demanda. Outros players como o Uruguai, Argentina e Paraguai, por exemplo, têm limites para incrementar a produção. Os Estados Unidos (EUA) exportam 25% da produção e o restante fica no mercado local. A Austrália, devido a questões climáticas, enfrenta problemas com a produção.
“O principal player que pode atender a demanda mundial em alta é o Brasil. Temos capacidade de resposta imediata. Nossos sistemas de produção são variados, temos boi a pasto e estratégias que podem contribuir com o confinamento. Estamos no período de chuvas e de recuperação das pastagens e também temos a bovinocultura consorciada com outras culturas”, diz Lara.
Com a demanda aquecida, os preços praticados no mercado interno cresceram. Em Minas Gerais, a arroba do boi gordo está cotada, em média, a R$ 207, valorização de 44,2% frente ao preço médio praticado no mesmo período do ano passado, que era de R$ 143,5.
Em todas as regiões mineiras, o preço está acima de R$ 200. Na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), a arroba está cotada a R$ 205, no Triângulo, R$ 210, Norte, R$ 214,50, e Sul, R$ 200.
Em relação aos preços do suíno, conforme os dados da Associação dos Suinocultores do Estado de Minas Gerais (Asemg), o quilo do suíno está sendo negociado a R$ 6, valor 50% superior aos R$ 4 por quilo do animal vivo praticados na média de novembro de 2018.
“É o momento de o produtor tirar aproveito da conjuntura e se capitalizar, investir em gestão e inovação. Em Minas, aumentaram as exportações de frango, bovinos, suínos, tudo a reboque da China. A demanda enxugou os estoques e os preços já responderam e chegaram ao produtor, que tem capacidade de responder, principalmente, em aves e suínos que têm ciclos mais curtos”.
A tendência, segundo Lara, é de que os preços se mantenham firmes ao longo dos próximos meses. “No mercado futuro, até maio, os preços estarão firmes. É hora de o produtor ajustar a casa, colocar as contas em dia e planejar os próximos passos”, conclui.
FUNDESA GARANTE QUALIDADE NO ESTADO
Em Minas Gerais, um dos principais avanços que aumenta a credibilidade perante o mercado e garante o controle da sanidade é a criação do Fundo de Defesa Sanitária do Estado de Minas Gerais (Fundesa).
O fundo é considerado uma importante ferramenta para garantir a sanidade dos rebanhos, a capacidade de controlar possíveis epidemias e promover a capacitação e as fiscalizações. Os recursos do fundo indenizatório são provenientes das cobranças de taxas dos produtores e das indústrias, o que garante recursos rápidos de controle em casos de epidemia.
“Estamos vivendo um momento muito positivo. Somos competitivos, temos uma produção de carne de qualidade e sanidade que atende aos padrões rigorosos de vários países. O Fundesa é mais uma ferramenta que amplia nossa credibilidade e é fundamental para termos condições de nos mantermos com status de livre de várias doenças que atingem outros países produtores, como a Peste Suína Africana, a Vaca Louca e a febre aftosa, por exemplo”, diz o zootecnista e analista de agronegócios da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), Wallisson Lara Fonseca.
Fonte: DIário do Comércio
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