Publicado em: 23/10/2024 às 12:10hs
O mercado pecuário brasileiro apresenta um alinhamento crescente entre suas diversas regiões, com os preços da carne e do boi gordo se movimentando de forma similar em todo o país. No entanto, o Rio Grande do Sul exibe características específicas, influenciadas pelo clima e pela dinâmica local do mercado. A suspensão da vacinação contra a febre aftosa, aliada à capacidade crescente das indústrias de trazer gado vivo e carne de outras regiões, tem equilibrado os preços no estado, embora a correção de valores esteja ocorrendo em um ritmo mais acelerado em nível nacional.
Conforme Juliano Severo Leon, representante da Comissão de Relacionamento com o Mercado do Instituto Desenvolve Pecuária, dois fatores principais estão impulsionando os preços: as exportações e o fortalecimento da demanda interna. A China, em especial, tem aumentado o volume de compras e oferecendo preços superiores pela carne brasileira, resultando em um crescimento de 25% no valor das exportações em outubro de 2024, em comparação ao mesmo mês de 2023. "Esses números indicam um bom ritmo até o final do ano", destaca Leon.
No que diz respeito ao mercado interno, o aumento do poder aquisitivo da população, em parte decorrente de estratégias governamentais em ano pré-eleitoral, também tem contribuído para a elevação dos preços da carne bovina. Entretanto, Leon alerta sobre a possibilidade de perda de competitividade em relação a outras proteínas, como o frango, especialmente à medida que os preços da carne bovina se distanciam dos demais. "Entramos na segunda quinzena do mês, período em que as vendas costumam enfraquecer, o que pode pressionar os preços", explica.
No Rio Grande do Sul, os produtores têm enfrentado condições climáticas desfavoráveis desde o início do ano, impactando diretamente a oferta de gado de qualidade. O estado, que anteriormente recebia grandes quantidades de carne de outras regiões para abastecer seu mercado interno, observa agora uma diminuição nesse fluxo, forçando as indústrias locais a buscar produtores gaúchos. "O mercado local está acompanhando a alta de preços em outros estados, especialmente devido à escassez de animais prontos para abate", afirma Leon.
Além disso, os preços de reposição também estão em ascensão, embora a um ritmo mais lento do que o dos preços do gado gordo. A saída de gado das pastagens gerou uma oferta pontual, e os confinadores e invernadores estão dispostos a pagar valores superiores, em virtude da perspectiva de melhora nos preços de venda futura. "Não acredito que a correção de preços na reposição ocorra tão rapidamente quanto no gado gordo, mas esse ajuste acontecerá de forma gradual", ressalta.
Outro aspecto a ser destacado é a redução da oferta de fêmeas no mercado, reflexo de uma inversão no ciclo pecuário. Este fator, combinado à menor disponibilidade de novilhos de qualidade, fortalece a expectativa de preços elevados no mercado gaúcho para os próximos meses. "A partir de 20 de novembro, com a chegada da parcela do 13º salário, a demanda do mercado interno tende a se aquecer, o que pode sustentar o otimismo atual", prevê Leon.
Apesar do cenário favorável, o representante do Instituto Desenvolve Pecuária adota uma postura cautelosa. "É necessário monitorar a questão de até que ponto o consumidor suportará a alta dos preços da carne. Essa é uma preocupação relevante que deve ser acompanhada de perto", conclui.
Assim, o mercado gaúcho de bovinos vive um momento de valorização, com expectativas otimistas para o final do ano, impulsionado pela demanda interna e externa, além da escassa oferta de gado disponível para abate.
Fonte: Portal do Agronegócio
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