Bovinos de Corte

Pecuária: Sinal de virada no ciclo pecuário com preços em alta

Indicador do boi gordo supera os R$ 300 após 20 meses


Publicado em: 18/10/2024 às 11:10hs

Pecuária: Sinal de virada no ciclo pecuário com preços em alta

O Indicador do boi gordo CEPEA/B3 voltou a superar a marca dos R$ 300,30 nesta quarta-feira, 16 de outubro, segundo dados do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP. Essa faixa de preço não era alcançada há 20 meses, desde fevereiro de 2023, em valores nominais, sem ajuste pela inflação.

Pesquisadores do Cepea apontam que essa recuperação está diretamente relacionada à escassez de oferta de animais prontos para o abate. No lado da demanda, as exportações continuam aquecidas, impulsionadas por um cenário global de oferta limitada de carne bovina. No entanto, as vendas no mercado interno começam a dar sinais de enfraquecimento devido à recente valorização da carne. Mesmo assim, com a oferta ainda restrita, os preços no atacado se mantêm firmes.

Mudanças no ciclo pecuário

O Cepea destaca que o atual cenário marca uma mudança importante no ciclo da pecuária brasileira. O aumento consistente nos preços da carne e do boi, além de outras categorias animais, tem surpreendido analistas do setor. Essa elevação impacta diretamente as margens da indústria frigorífica, que, apesar da alta nos preços da carne, vê suas margens reduzidas.

Os preços futuros negociados na B3 também ilustram essa mudança. Em agosto, o contrato para outubro de 2024 estava sendo negociado em torno de R$ 241. Contudo, nesta semana, o ajuste já atingiu R$ 308,65, o que representa uma alta de 28% em dois meses.

Movimento de alta no mercado físico

No mercado físico, o aumento foi semelhante. Entre agosto e outubro, o Indicador do boi gordo CEPEA/B3 subiu 29%, refletindo negócios em São Paulo que passaram de uma média de R$ 233 para os atuais R$ 300. No mesmo período, a carne com osso no atacado na Grande São Paulo registrou alta de 28,1%, com o preço do quilo da carcaça casada saltando de R$ 16,40 para R$ 21,01 à vista.

Até o dia 16 de outubro, a arroba do boi gordo no estado de São Paulo registrou média de R$ 292,19, uma alta de 14,4% em relação à média de setembro. A carcaça casada bovina negociada na Grande São Paulo apresentou aumento de 11,7%, com o preço médio do quilo em R$ 20,05.

Impacto nas margens dos frigoríficos

Com a alta nos preços da carne e da arroba do boi, a diferença entre o valor do "boi casado" (15 quilos de carcaça casada) e o preço da arroba paga ao pecuarista em São Paulo diminuiu, pressionando as margens dos frigoríficos. Na primeira quinzena de outubro, essa diferença foi de apenas R$ 8,10, comparada aos R$ 15,19 observados em setembro.

De janeiro a setembro de 2024, a diferença média entre o preço da carne e o da arroba em São Paulo foi de R$ 12,76, com picos de até R$ 15,23 em junho e mínimas de R$ 7,93 em janeiro, valores próximos ao atual cenário.

Estratégias dos frigoríficos para aliviar a pressão

Para lidar com o aumento dos custos, frigoríficos têm adotado estratégias como adquirir gado em regiões mais distantes, abater fêmeas em vez de bois para atender às exigências do mercado chinês, além de negociar novos lotes de confinamento antecipadamente. Ainda assim, a oferta restrita de animais prontos para abate é um fator decisivo para as recentes elevações de preços.

Na última quarta-feira, em São Paulo, os negócios oscilaram entre R$ 294 e R$ 312, já descontado o Funrural. Em outras regiões como Paraná, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Goiás, as cotações também ultrapassam os R$ 290, chegando a R$ 300 em alguns estados. No mercado de carne, a carcaça casada bovina com osso na Grande São Paulo acumula alta de 12,4% no mês, com preço médio de R$ 21,01 o quilo à vista.

Fonte: Portal do Agronegócio

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