Bovinos de Corte

PECUÁRIA DE CORTE: ‘Precisamos nos tornar mais agricultores’

Ter um animal bem acabado e, consequentemente, uma produção de carne bovina com excelente aceitação é desafio para os pecuaristas paranaenses que estão na atividade


Publicado em: 20/04/2016 às 18:20hs

PECUÁRIA DE CORTE: ‘Precisamos nos tornar mais agricultores’

Trabalho que envolve diferentes fatores, tanto técnicos como gerenciais. Mesmo num cenário desafiador, o fato é que o Estado já possui diversas cooperativas e alianças mercadológicas entre produtores, as quais têm mostrado que é possível desenvolver carne de qualidade, sem esquecer do volume produtivo e, claro, do dinheiro no bolso do produtor no final do ciclo.

Cooperativa Maria Macia- Um bom exemplo é a Cooperativa Maria Macia, localizada em Campo Mourão. Uma experiência bem sucedida e que pode trazer muitas ideias aos produtores que ainda não atingiram tal patamar em suas propriedades. A cooperativa conta com um quadro de 125 cooperados, com propriedades distribuídas principalmente nas regiões Norte, Oeste e Centro do Estado. O abate gira ao redor de mil animais por mês, sendo mais de 106 pontos de vendas em 25 municípios. A comercialização é basicamente de carcaças (dianteiro, traseiro e costela) e também alguns cortes do traseiro embalados à vácuo, como picanha, alcatra, ancho, chorizo, bananinha, etc. Desta maneira, a Maria Macia consegue atender tanto as chamadas boutiques de carne quanto as redes de supermercados com os cortes mais tradicionais.

Análise - O diretor-secretário da cooperativa, Paulo Emílio Fernandes Prohmann, que tem larga experiência no setor, faz uma breve análise da situação da pecuária de corte paranaense. Como ponto negativo, ele enxerga a falta de investimento como entrave, seja por falta de recurso ou desconhecimento técnico dos pecuaristas. "Pelos resultados que acompanhamos no campo, se o produtor não investir para aumentar sua produção e, consequentemente, sua receita, não conseguirá competir com outras atividades agrícolas. Do lado positivo, destaco o exemplo daqueles produtores que acreditam, visualizam as ótimas possibilidades e investem em seu negócio. Os resultados da pecuária bem conduzida podem gerar receitas similares às boas lavouras de soja e milho. Este é um grande estímulo para aqueles que ainda não estão neste patamar", avalia.

Aceitação - Na opinião de Prohmann, pecuaristas que atingem um bom sistema de produção – com abate de animais mais jovens e bem acabados – têm uma imensa aceitação no mercado local. "Não tenho dúvidas que focar na qualidade é a saída para os produtores paranaenses, pois nosso volume não fará frente aos estados do Centro-Oeste e Norte do País. Podemos nos especializar um pouco mais em determinada raça, com mais gordura entremeada, por exemplo, que aí sim será um nicho menor, mas que muito remunera. Creio que é importante considerarmos que carne de qualidade é algo amplo, sujeito à subjetividade dos consumidores. Alguns preferem mais magra, outros com aquela gordurinha", exemplifica.

Acerto - Para atender o mercado e remunerar bem os cooperados, a Maria Macia acertou em diversos aspectos. O secretário cita que agregar produto de qualidade e retorno ao produtor é peça-chave. "Os padrões estabelecidos são obedecidos à risca, não tendo brechas para deslizes neste item. A cooperativa realiza reuniões técnicas e dias de campo para que os cooperados possam implementar tecnologias viáveis ao seu negócio e produzir mais e de forma eficiente. Foi pioneira na implantação das boas práticas agropecuárias no Estado, o que trará mais segurança e transparência no sistema produtivo como um todo. Enfim, esta organização deu mais segurança ao produtor, que conta com um apoio produtivo e comercial robusto."

Sucesso - Prohmann cita que o sucesso do pecuarista é "tornar-se um pouco agricultor", com foco no pasto, "copiando" as tecnologias que dão certo na lavoura. "Infelizmente, ainda é comum encontrarmos produtores que jamais jogaram um grama de adubo no solo. Após esta etapa, precisamos focar no período mais crítico do ano: o inverno. Ter estratégias para suplementar os animais nas pastagens é algo que deve estar no planejamento. Em seguida, vem a estratégia de engorda dos animais, que pode ser via semiconfinamento ou confinamento. Por último, é ter uma equipe bem treinada, afinada com o sistema produtivo. Neste item, além do conhecimento no manejo das pastagens e nutrição, o colaborador deve ter conhecimento do manejo adequado dos animais, visando o bem estar dos mesmos. Em síntese, podemos perceber que não se trata de uma tarefa fácil, entretanto, factível de ser realizada com êxito", finaliza.

Fonte: Folha de Londrina

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