Bovinos de Corte

Pecuária brasileira precisa negociar como cadeia unificada para atender às novas exigências do mercado internacional

Evento da Mesa Brasileira da Pecuária Sustentável, em parceria com FAESP e Fundação Solidaridad, destaca a importância da união do setor diante de regras ambientais mais rígidas


Publicado em: 25/11/2025 às 12:30hs

Pecuária brasileira precisa negociar como cadeia unificada para atender às novas exigências do mercado internacional
Brasil busca protagonismo no diálogo global sobre pecuária sustentável

Segundo maior produtor de carne bovina do mundo, o Brasil enfrenta o desafio de atender a compradores internacionais cada vez mais exigentes. Especialistas defendem que o país precisa negociar como cadeia produtiva unificada, e não como elos isolados, para garantir força de barganha e regras mais equilibradas no comércio global.

O tema foi discutido no evento online “Diálogo Inclusivo – Sustentabilidade na Pecuária: como produzir mais e melhor frente às novas exigências do mercado internacional”, promovido pela Mesa Brasileira da Pecuária Sustentável (MBPS), em parceria com a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (FAESP) e a Fundação Solidaridad, no dia 6 de novembro.

Pecuária sustentável e o papel do Brasil nas discussões climáticas

Durante o encontro, Michelle Borges, gerente executiva da MBPS, destacou que o setor precisa falar “com uma só voz” para garantir protagonismo global e mostrar que a pecuária pode ser aliada do clima e da segurança alimentar.

“A Mesa está aqui para dialogar como cadeia. Queremos que o Brasil assuma seu papel de protagonista e que a pecuária sustentável seja vista como uma aliada das soluções climáticas”, afirmou Borges.

A executiva também lembrou que a entidade vem promovendo rodadas de diálogo às vésperas da COP 30, que acontece em Belém (PA) neste mês, e elaborou um documento técnico mostrando como a pecuária nacional pode gerar impactos positivos socioambientais no mundo.

CNA defende união do setor nas negociações internacionais

João Paulo Franco, líder da área de produção animal da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), reforçou a necessidade de o setor atuar de forma conjunta em negociações com compradores externos.

“Precisamos sentar à mesa e negociar como cadeia, como corrente, e não como elo isolado. Quando um elo vai sozinho, perde força de barganha”, afirmou Franco.

Lei europeia antidesmatamento impõe novos desafios às exportações

Entre as principais preocupações do setor está a lei antidesmatamento da União Europeia (EUDR), destacada por Thiago Rocha, assessor técnico do Sistema FAESP/SENAR-SP.

A norma, que entra em vigor em breve, proíbe a importação e comercialização dentro do bloco europeu de produtos provenientes de áreas com desmatamento ou degradação florestal após 31 de dezembro de 2020. A medida valerá para todos os países fornecedores, incluindo o Brasil.

EUDR pode gerar ajustes e oportunidades para o setor

De acordo com Franco (CNA), embora a EUDR imponha restrições, ela também pode impulsionar melhorias estruturais na pecuária brasileira, assim como ocorreu com a demanda chinesa por carne de animais jovens, que transformou padrões produtivos ao longo do tempo.

“A China ofereceu prêmios pela carne de animais precoces, e o mercado se adaptou. O mesmo pode ocorrer com a Europa e suas novas exigências ambientais”, destacou.

Mesmo que nem todos os produtores consigam atender imediatamente às exigências europeias — já que o desmatamento em áreas legais é permitido no Brasil —, a carne brasileira continua tendo mercado, tanto interno quanto em outros países.

“Cerca de 70% dos animais abatidos são consumidos no Brasil, e 30% são exportados. Parte vai para a Europa, mas cada país tem seus próprios critérios: China, Emirados Árabes e União Europeia olham de formas diferentes”, completou o representante da CNA.

Fonte: Portal do Agronegócio

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