Bovinos de Corte

Oferta alta manterá cotações pressionadas

Excedente na safra 2017/2018, que se estende até setembro no mercado internacional, deve chegar a 14 milhões de toneladas; produção no Brasil pode recuar mais de 5 milhões de toneladas


Publicado em: 27/04/2018 às 11:30hs

Oferta alta manterá cotações pressionadas

A cotação do açúcar no mercado global deve continuar em queda por mais duas safras, estima o chefe de trading de açúcar da Cofco International Brasil, Maurício Sacramento. A projeção leva em conta principalmente o aumento de produção na Índia e na Europa.

“A perspectiva não é positiva. Nas próximas duas safras, os preços continuarão pressionados”, destacou o executivo no evento Sugar & Ethanol Brazil, realizado ontem pela F.O Litch, em São Paulo.

Segundo ele, na safra 2017/2018, que se estende até setembro no mercado internacional, a produção mundial terá um excedente de mais de 14 milhões de toneladas de açúcar, considerando uma produção superior a 180 milhões de toneladas no período entre outubro de 2017 e setembro de 2018. “Trata-se de um volume muito expressivo e o mercado vai demorar para absorvê-lo”, ressaltou.

A Índia deve produzir 32,3 milhões de toneladas do adoçante neste ciclo e ampliar a produção na safra seguinte. Já o volume produzido pela Tailândia em 2017/2018 deve atingir 14,3 milhões de toneladas. Essa perspectiva de oferta elevada fez com que o valor do contrato para maio na Bolsa de Nova Iorque fechasse próximo a 11 centavos de dólar por libra peso nesta semana. A última vez que o valor esteve abaixo de 10 centavos foi em 2015.

Diante desse cenário, as usinas brasileiras devem intensificar o direcionamento da cana-de-açúcar para o etanol no ciclo 2018/2019, que começou em abril. O País deve produzir entre 31 milhões de toneladas e 32 milhões de toneladas de açúcar na nova safra ante 36 milhões de toneladas obtidas no ciclo anterior.

Para o diretor da região Brasil do Grupo Tereos, Jacyr Costa Filho, o recuo do açúcar deve superar 5 milhões de toneladas. “O Centro-Sul do País deve produzir menos em função do envelhecimento do canavial e das condições climáticas, que não estão tão favoráveis como no ano passado. Essa cana será mais direcionada ao etanol”, observou. A Cofco projeta a moagem de mais de 15 milhões de toneladas neste ciclo, com a produção de pouco mais de um milhão de toneladas de açúcar. A Tereos deve repetir, na temporada 2018/2019, a moagem de 20 milhões de toneladas de cana-de-açúcar alcançada na safra passada.

Etanol

Para o etanol, Sacramento estima que a produção do Centro-Sul do País deva crescer para 27 bilhões de litros, ante os 25,5 bilhões de litros produzidos na safra 2017/2018.

“Os preços [do etanol] já caíram bastante, pressionados pelo início da produção, e acho que nos próximos meses vão continuar assim com a maior oferta. Mas, certamente, esse valor remunera muito mais do que a quantia paga pelo açúcar”, avaliou.

Durante o evento, a presidente da União das Indústrias de Cana-de-Açúcar (Unica), Elisabeth Farina, destacou a publicação, pelo governo, de uma proposta inicial de metas de redução de emissões de CO2 no âmbito do Renovabio. “Essa não é a referência que será colocada em consulta pública em junho, mas permite que sejam incorporadas sugestões ao texto”, salientou.