Publicado em: 18/12/2025 às 11:50hs
De acordo com o relatório Agro Mensal, divulgado pela Consultoria Agro do Itaú BBA, o mercado do boi gordo apresentou estabilidade entre o início de novembro e 12 de dezembro, com alta leve de 0,6%. Em São Paulo, a arroba foi negociada em média a R$ 320, refletindo equilíbrio entre oferta e demanda.
Enquanto isso, o preço da carcaça casada subiu 3,5% no período, ampliando as margens da indústria frigorífica. O spread de venda no mercado interno aumentou de 6% em outubro para 7,7% na parcial de dezembro, indicando maior rentabilidade para os frigoríficos.
O relatório mostra que o bezerro segue em valorização, sendo negociado a cerca de R$ 3.060 por cabeça em Mato Grosso do Sul no dia 12 de dezembro. Essa alta piorou a relação de troca para os pecuaristas: atualmente, é possível repor 2,15 bezerros com a venda de um boi gordo, contra 2,60 há um ano — uma queda de 17% na capacidade de reposição.
Esse cenário pressiona os sistemas de recria e engorda, uma vez que o custo de aquisição de animais jovens tem subido em ritmo mais acelerado que o preço do boi gordo.
Dados do IBGE apontam que, no 3º trimestre de 2025, o abate de fêmeas representou 46% do total, acima dos 40% registrados no mesmo período de 2024. No acumulado até setembro, o volume de abates aumentou 5,9%, enquanto a produção de carne cresceu 4%, reflexo do maior número de fêmeas abatidas e do consequente peso médio mais leve das carcaças.
A oferta elevada tem ajudado a conter avanços expressivos nas cotações, mesmo diante da firme demanda externa.
As exportações de carne bovina in natura somaram 318 mil toneladas em novembro, um avanço de 38,6% em relação ao mesmo mês de 2024. No acumulado do ano, o crescimento é de 18,9%. Apesar de uma leve queda de 0,5% no preço médio de embarque, o valor ainda ficou 13% acima do registrado há um ano.
A China continua sendo o principal destino das exportações brasileiras, com um aumento de 16% nas compras em relação a novembro do ano passado. Essa demanda tem sido crucial para sustentar os preços do boi gordo e evitar uma pressão maior causada pela ampla oferta interna.
Segundo o Itaú BBA, a manutenção dos embarques à China será determinante para o equilíbrio do mercado nos próximos meses. A decisão chinesa sobre a investigação de salvaguarda, adiada de novembro para janeiro de 2026, continua sendo um ponto de atenção, já que o Brasil é o maior fornecedor de carne bovina ao país asiático.
Enquanto isso, os contratos futuros do boi gordo permanecem estáveis. O preço médio da arroba projetado para 2026 é de R$ 333,10, representando alta de 6% frente à média de 2025.
Os dados preliminares do Sistema de Inspeção Federal (SIF) indicam que a oferta de animais para abate seguiu firme em novembro, mantendo o ritmo dos meses anteriores. A expectativa é de maior disponibilidade de bois de pasto e de um período sazonal de descarte de fêmeas, o que tende a limitar altas expressivas nas cotações no curto prazo.
Ainda assim, a boa relação entre carne e boi para os frigoríficos pode abrir espaço para ajustes positivos pontuais nos preços.
Mesmo com margens positivas projetadas para confinamentos, o encarecimento do boi magro tem se tornado um desafio para os pecuaristas. A escassez de animais de reposição e a valorização do bezerro devem continuar pressionando os custos da recria e engorda em 2026.
O Itaú BBA avalia que a oferta de bezerros tende a seguir restrita, o que pode favorecer a melhora das margens da cria e manter os preços firmes ao longo do próximo ano.
Fonte: Portal do Agronegócio
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