Publicado em: 15/05/2025 às 18:20hs
O mês de abril de 2025 foi marcado por um cenário de forte aquecimento no confinamento de bovinos no Brasil, impulsionado pela valorização expressiva da arroba do boi gordo. Esse movimento estimulou a entrada de mais animais no sistema e, consequentemente, elevou a demanda por insumos nutricionais, afetando diretamente os custos de produção. O Índice de Custo Alimentar Ponta (ICAP), principal indicador desse acompanhamento, apresentou comportamentos distintos entre as regiões Centro-Oeste e Sudeste, refletindo as diferentes estratégias adotadas pelos pecuaristas diante das pressões do mercado.
ICAP registra alta no Centro-Oeste e queda no Sudeste
Em abril, o ICAP alcançou R$ 16,03 no Centro-Oeste, representando uma alta de 15,24% em relação a março. Já no Sudeste, o índice foi de R$ 12,93, com uma queda de 2,56% no mesmo período.
Esse contraste regional revela diferentes respostas às oscilações de mercado. No Centro-Oeste, a alta da arroba reaqueceu o otimismo e impulsionou o fechamento de novos lotes, o que aumentou significativamente a demanda por alimentos energéticos e pressionou os custos das dietas.
No Sudeste, por outro lado, a diversidade de ingredientes e coprodutos disponíveis permitiu maior flexibilidade nas formulações, contribuindo para conter os aumentos de custo, especialmente em momentos de alta no milho.
Centro-Oeste
A elevação do ICAP na região foi puxada, principalmente, pelo aumento nos preços dos alimentos energéticos (+24,23%) e proteicos (+4,68%) em relação ao mês anterior. Entre os principais insumos utilizados nas dietas de terminação, destacaram-se:
Com isso, o custo por tonelada de matéria seca da dieta de terminação — a mais onerosa do ciclo produtivo — foi de R$ 1.355,52, alta de 6,28% em relação a março.
Sudeste
No Sudeste, a redução no custo dos insumos energéticos (-1,94%) foi fundamental para a retração do ICAP. Os principais destaques foram:
Apesar disso, houve altas em alguns coprodutos, como:
O custo por tonelada de matéria seca da dieta de terminação ficou em R$ 1.259,47, com leve queda de 0,32% frente ao mês anterior.
Na comparação com abril de 2024, o ICAP apresentou aumento nas duas regiões analisadas:
Esse avanço acompanha a expressiva valorização da arroba do boi gordo no período de 12 meses:
A elevação nos preços estimulou a entrada de mais animais no primeiro giro de engorda do ano, o que, por sua vez, aumentou a procura por insumos e impulsionou os preços de diversos ingredientes — com destaque para o milho, que acumula alta superior a 40% frente ao mesmo período do ano anterior.
Com a chegada da safrinha, há expectativa de aumento na oferta de milho, o que pode favorecer a estabilidade ou redução dos preços. Contudo, variáveis como clima e demanda internacional continuarão influenciando esse cenário.
Com base nos dados médios coletados entre os clientes da Ponta Agro, os custos estimados por arroba produzida em abril foram:
Esses valores garantem margens positivas, estimadas em:
Os cálculos consideram o preço da arroba no balcão, sem incluir bonificações por qualidade, rastreabilidade ou protocolos de mercado.
O mês de abril refletiu um mercado aquecido, com bons níveis de lucratividade, porém marcado por maior pressão nos custos de nutrição, especialmente no Centro-Oeste. O grande desafio para os próximos meses será equilibrar produtividade e eficiência em um cenário que exige atenção redobrada à gestão de custos.
Para ampliar as margens, além de melhorar os índices zootécnicos, os produtores devem buscar bonificações junto aos frigoríficos. Atualmente, o diferencial pago pelo Boi China pode variar de R$ 5,00 a R$ 7,50 por arroba, a depender da região, podendo representar uma vantagem competitiva significativa.
Fonte: Portal do Agronegócio
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