Publicado em: 24/07/2025 às 09:00hs
Após um primeiro semestre desafiador para a pecuária de corte, o mercado do boi gordo deu sinais de recuperação. A praça de São Paulo liderou o movimento de valorização em 2024, com os preços subindo 27,9% entre setembro de 2023 e janeiro de 2025 — de R$ 249,27 para R$ 319,36 a arroba. Desde então, a cotação tem se mantido acima dos R$ 300,00, mesmo com oscilações pontuais.
Apesar da alta, Felipe Fabbri, analista da Scot Consultoria, pondera que o movimento foi impulsionado, principalmente, pela demanda aquecida por carne bovina no final de 2023, tanto no mercado interno quanto nas exportações, que atingiram o recorde de 2,5 milhões de toneladas de carne in natura embarcadas.
Apesar do avanço nos preços, o volume de abate de fêmeas continua elevado, o que indica que a virada de ciclo ainda não se consolidou totalmente. Para Fabbri, a expectativa é de que a oferta de fêmeas abatidas comece a cair no segundo semestre de 2025, o que pode trazer maior solidez ao mercado do boi gordo.
O primeiro semestre de 2025 foi positivo para os confinadores. De acordo com Vanderlei Finger, gerente de Compra de Gado da MFG Agropecuária, o confinamento foi impulsionado por dois fatores: no Mato Grosso, o excesso de chuvas permitiu maior ganho de peso nos pastos, o que favoreceu a estratégia de utilizar o confinamento como extensão da propriedade. Já em São Paulo e Goiás, a seca de dezembro fez com que muitos pecuaristas antecipassem o envio dos animais para o cocho, garantindo metas cumpridas no semestre.
Dois indicadores reforçam o otimismo para os próximos meses:
Fabbri destaca que a tendência histórica é de desempenho mais forte da pecuária no segundo semestre, quando há menor carga tributária e aumento da renda per capita, com efeitos do 13º salário e contratações temporárias. Esses fatores favorecem o consumo de carne bovina no mercado interno, colaborando com o viés de alta para o boi gordo.
As exportações também seguem em ritmo forte: entre janeiro e junho de 2025, o volume exportado já chega a 1,23 milhão de toneladas, superando o total de 1,13 milhão de toneladas registrado em todo o ano de 2024.
Segundo Finger, apesar da estabilidade observada neste ano, o produtor deve estar preparado para oscilações. Por isso, a MFG Agropecuária lançou uma ferramenta de trava por antecipação. A equipe técnica visita a fazenda, avalia os animais e projeta o tempo até o abate, permitindo a fixação antecipada de preços na B3 — mesmo antes do envio ao confinamento.
A valorização do bezerro está pressionando a relação de troca com o boi gordo. Em 2020-2021, eram necessárias 9,4 arrobas para comprar um bezerro. Em 2023-2024, o número caiu para 8 arrobas e, até junho de 2025, subiu para 8,3. Embora o custo tenha aumentado, o cenário ainda é considerado vantajoso, segundo Fabbri.
Ele recomenda que o confinamento — próprio ou terceirizado — seja utilizado como estratégia para aproveitar o momento, garantindo a compra de bezerros a preços mais atrativos do que os que deverão ser praticados nos próximos anos.
Para Finger, este é o momento ideal para os pecuaristas que desejam otimizar seus resultados: “É hora de limpar os pastos, enviar os animais mais pesados ao confinamento e deixar os mais leves para recria. Assim, o produtor entra em 2026 com um rebanho renovado, bem posicionado e pronto para aproveitar um novo ciclo positivo da pecuária”, conclui.
Fonte: Portal do Agronegócio
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