Publicado em: 07/07/2021 às 09:00hs
O Brasil é um dos países com maior destaque no cenário mundial, quando falamos de pecuária. De acordo a Pesquisa Pecuária Municipal (PPM), conduzida pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em 2019, o país possuía um rebanho de cerca de 214,7 milhões de cabeças, cenário que o coloca como um dos maiores exportadores de carne do mundo.
Frente a esses números, pode-se dizer que o pecuarista tem uma boa oportunidade nas mãos, mas que exige uma atenção maior, para garantir os bons resultados e eficiência produtiva. Para isso, é necessário olhar para a nutrição do rebanho, não só dos animais em fase de crescimento e terminação, mas também das matrizes que, se estiverem em boas condições corporais, irão parir bezerros mais saudáveis e fortes.
“Um dos fatores que medem o sucesso de uma fazenda é o número de bezerros que ela consegue produzir e como eles se desenvolvem após o parto. Nesse sentido, vale ressaltar que a atenção deve estar não somente na fase de monta, quando a vaca emprenha, mas também na sua nutrição antes e depois dessa fase, bem como o manejo desse animal no pré e pós-parto”, destaca o zootecnista e supervisor Técnico da Connan, Bruno Marson.
Estudos mostram que o tempo que o bezerro leva para se levantar para a primeira mamada, após o nascimento, está diretamente ligado ao escore corporal da mãe no momento do parto. Crias de matrizes que apresentam score corporal baixo, entre 2 e 2,5, tendem a demorar cerca de 60 a 65 minutos para se levantar, enquanto bezerros de vacas com escore entre 3 e 3,5 reduzem esse tempo para 45 e 30 minutos.
Os cuidados com o bezerro também devem ser um ponto de atenção dos pecuaristas. Marson ressalta que o manejo deve ser pensado e desenvolvido a fim de oferecer o menor potencial de estresse, tanto para a mãe quanto para o filhote.
“Esse manejo deve ser feito antes mesmo do parto, levando a vaca para um espaço separado, um piquete maternidade, por exemplo, cerca de 30 dias antes de parir, para que possa conhecer e se habituar ao espaço. Esse local deve estar higienizado, com alimento e água de qualidade”, explica Marson.
Para o zootecnista, um dos pontos de maior importância no processo de nascimento dos bezerros é oferecer espaço para que mãe e filhote possam se reconhecer e criar vínculo. “Essas primeiras horas de vida são muito importantes e refletirão em toda a vida do animal. Se esse momento for de tensão, vaca e bezerro carregarão traumas. O bezerro pode ser prejudicado nutricionalmente, pela falta do leite da mãe, por exemplo, que implicará em um baixo ganho de peso ao longo da vida”, conta ele.
Logo após o nascimento mãe e filhote passam por uma hora crítica de reconhecimento, que se conclui com a primeira mamada. Nas primeiras três ou quatro horas de vida do filhote deve-se respeitar esse momento, evitando mexer nos animais ou fazer qualquer tipo de intervenção, que não seja realmente necessária.
“Esse é um momento chave para o desenvolvimento da cria, pois se a mãe rejeitar o bezerro ele pode acabar morrendo ou apresentando sequelas, no ganho de peso, durante toda a vida”, reforça Bruno.
Assegurar que o bezerro mamou o colostro é de extrema importância, pois é esse o primeiro alimento da cria e que vai oferecer imunidade a ele. “O vaqueiro precisa estar atento aos sinais para ter certeza da mamada, como o úbere vazio, que significa que o animal mamou ou se o bezerro ainda está magro, informando que ela ainda não aconteceu. Nesses casos é importante que seja feito o manejo para garantir a alimentação do animal”, complementa Marson.
“Nesta fase a ida da vaca para o espaço onde ficará com a cria após o nascimento é ainda mais importante, pois em alguns casos o bezerro precisa ser apartado da mãe e transferido para uma área próxima. Conhecendo o local ela se sentira mais segura com o manejo”, adverte Bruno.
Após separar o filhote da mãe, deve ser feita a cura do umbigo, com a higienização com iodo, para que seque e diminua a possibilidade de contaminação por bactérias ou a presença de larvas de moscas no local.
Com os processos acima efetuados, recomenda-se pesar e identificar os bezerros, para garantir o bom acompanhamento do animal ao longo dos próximos meses, até a desmama, quando iniciará a ingestão de outras fontes de alimentos.
“Ainda existe um certo desconhecimento da importância da pesagem dos bezerros recém-nascidos. Esse registro é importante, pois o peso ao nascer pode dar um indicativo do desempenho futuro do animal, já que existe uma correlação positiva entre ele e os outros pesos”, esclarece Marson.
“Devemos nos atentar que esse será o primeiro contato dos bezerros com o ser humano e, se mal manejado, esse momento pode impactar o resto da vida do animal. O bezerro é uma importante fonte de renda da fazenda, por isso é importante ter cuidado e atenção no manejo desses animais”, finaliza o zootecnista.
Fonte: Attuale Comunicação
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