Publicado em: 15/08/2024 às 08:30hs
Diversas mulheres têm assumido a gestão de propriedades rurais devido a sucessões familiares ou circunstâncias adversas. Um exemplo é Dora Bileco, pecuarista de Campo Grande (MS), que, após ficar viúva e com três filhos pequenos, enfrentou o desafio de gerir a propriedade que antes pertencia ao seu falecido marido. Com capacitação e determinação, Dora transformou a fazenda em um modelo de pecuária intensiva e tecnológica.
Para fomentar a inclusão e apoiar a autonomia feminina no setor pecuário, a Embrapa iniciou um curso dedicado exclusivamente a mulheres que atuam na produção de corte e leite. O curso, que começou em 7 de agosto de 2024 na Embrapa de São Carlos (SP), se estenderá até o final de setembro e será realizado tanto presencialmente quanto online. Especialistas da Embrapa abordarão temas como planejamento, manejo, estratégias de produção, pastagens, bem-estar animal e melhoramento genético.
De acordo com a pesquisadora Claudia De Mori, da Embrapa Pecuária Sudeste, e a analista de Transferência de Tecnologia, Lívia de Castro, a capacitação busca atender à crescente demanda por conhecimento técnico por parte das mulheres na pecuária. Segundo Claudia, dados do Censo Agropecuário de 2017 indicam que 1,7 milhão de mulheres gerenciam ou co-gerenciam propriedades rurais no Brasil. “Apesar de sua significativa contribuição, muitas vezes a participação feminina é vista como complementar e requer esforço adicional para reconhecimento e valorização”, afirma Claudia. A técnica Ana Paula Roque, da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI), observa que o cenário está mudando e que as mulheres estão cada vez mais presentes em profissões e funções antes dominadas por homens. “Estamos mostrando nossa capacidade profissional e ocupando novos espaços”, destaca Ana Paula.
O curso foi estruturado em colaboração com um grupo de mulheres após uma visita técnica à Embrapa Pecuária Sudeste. As necessidades, o conteúdo e o formato foram desenvolvidos em conjunto para criar um programa que atendesse às expectativas e realidades das participantes. Claudia destaca a importância da formação de uma rede de compartilhamento de informações e experiências. “A iniciativa abre portas para a criação de uma rede de apoio técnico e experiência, contribuindo para a autonomia das mulheres no setor”, afirma Claudia.
Além de promover a capacitação técnica, a Embrapa busca contribuir para a redução das desigualdades de gênero no meio rural. Esta ação está alinhada com a meta 5 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, que trata da igualdade de gênero. Claudia De Mori enfatiza que “a capacitação feminina é fundamental para a autonomia e para a ampliação do uso de tecnologias, e a Embrapa, com sua expertise e recursos, apoia este compromisso”.
Fonte: Portal do Agronegócio
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