Publicado em: 01/11/2024 às 09:30hs
Mato Grosso destaca-se como um elo fundamental no desenvolvimento sustentável, liderando a pecuária brasileira e respondendo por 30% das exportações de carne bovina do país. Em vista desse protagonismo, a cidade de Cuiabá foi escolhida para sediar a 2ª edição dos Diálogos Boi na Linha. Esta série de três encontros, promovida pelo Imaflora - Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola, visa explorar os desafios e as oportunidades na bovinocultura, além de proporcionar um espaço para a troca de experiências e a construção coletiva de soluções.
O evento, realizado no Cenarium Rural em 23 de outubro, incluiu quatro painéis abordando temas como transparência, legalidade e inclusão na cadeia pecuária brasileira. Um dos principais tópicos em discussão foi a necessidade de intensificar a adesão aos compromissos ambientais estipulados pela legislação nacional, em especial o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) da Carne, que completa 15 anos de sua implementação.
Lisandro Inakake, gerente de Projetos do Imaflora, destacou os desafios enfrentados nos últimos cinco anos desde a criação do Programa Boi na Linha, que oferece ferramentas para garantir a implementação dos compromissos socioambientais firmados pelos signatários dos TACs. "A construção de uma agenda positiva de inclusão permite que um maior número de animais abatidos em estados como Mato Grosso atenda a esses requisitos sociais e ambientais, desvinculando a pecuária brasileira do desmatamento ilegal, da invasão de áreas públicas, de unidades de conservação, terras indígenas e do trabalho escravo", resumiu Inakake.
Os Diálogos Boi na Linha representam uma oportunidade para discutir formas de aumentar a adesão a essa agenda, além de coletar percepções e necessidades para ampliar a conformidade com os referenciais que o programa Boi na Linha oferece em apoio ao Ministério Público Federal. "É imprescindível manter um processo de diálogo contínuo e de longo prazo", enfatizou.
Paulo Bellincanta, diretor comercial do Grupo Frialto e presidente do Sindicato dos Frigoríficos do Estado de Mato Grosso (Sindifrigo), salientou que a conscientização dos produtores é uma abordagem mais eficaz do que a imposição de conformidade sob pressão. "Por isso, a proposta do evento é excelente, pois reúne o Ministério Público, os produtores e a indústria em um diálogo construtivo e entendimento mútuo", afirmou.
Vilmondes Tomain, presidente da Famato - Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso, ressaltou a importância do encontro para aprofundar a compreensão do Programa Boi na Linha. "Sempre precisamos evoluir para ganhar espaço e negociar da melhor forma possível", acrescentou.
A diretora executiva do Instituto Mato-grossense da Carne (Imac), Paula Sodré Queiroz, concordou com Tomain sobre a relevância do aprendizado e enfatizou a contribuição dos pecuaristas. "Somos sustentáveis, com um protocolo sério, baseado no Código Florestal", concluiu.
Em vídeo, o procurador da República do Ministério Público Federal em Mato Grosso, Erich Masson, destacou a importância da cadeia produtiva para a economia do estado e do Brasil. "A cadeia é fundamental e está intimamente relacionada ao uso da terra. Cerca de 92% dos abates no estado são realizados por frigoríficos que têm acordos conosco", afirmou, enfatizando que a parceria com o Programa Boi na Linha tem contribuído para aprimorar os protocolos existentes e apoiar tanto os produtores quanto os frigoríficos.
Isabel Garcia-Drigo, diretora do Programa de Ciência do Clima, Uso da Terra e Políticas do Imaflora, concluiu que "o Boi na Linha nasceu para reunir todas as partes em torno da mesa, buscando soluções que conciliem a cadeia da pecuária de corte com os desafios de sustentabilidade e econômicos".
Lançado em 2019 pelo Imaflora em parceria com o Ministério Público Federal (MPF), o Programa Boi na Linha articula os elos da cadeia produtiva da carne e do couro na Amazônia Legal, interligando produtores, frigoríficos, curtumes e varejistas. O objetivo é garantir a implementação dos compromissos socioambientais assumidos pelos signatários dos TACs.
A plataforma online disponibiliza dados, ferramentas e informações sobre o setor de forma aberta e transparente, promovendo uma cadeia livre de irregularidades socioambientais. Além da parceria com o MPF, a iniciativa conta com o apoio da ABIEC e financiamento de diversas organizações, como a União Europeia, Moore Foundation, Partnerships for Forests, NWF, Instituto Clima e Sociedade e Great for Partnerships do Reino Unido.
Fonte: Portal do Agronegócio
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