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Com crescimento recorde na venda de sêmen Brasil prepara o Congresso Mundial da Raça Santa Gertrudis em 2021

No período de 4 a 19 de outubro passado aconteceu nos EUA o Congresso Mundial da Raça Santa Gertrudis


Publicado em: 06/12/2019 às 15:40hs

Com crescimento recorde na venda de sêmen Brasil prepara o Congresso Mundial da Raça Santa Gertrudis em 2021

No período de 4 a 19 de outubro passado aconteceu nos EUA o Congresso Mundial da Raça Santa Gertrudis, evento que teve entre suas atividades o desenvolvimento do plano estratégico global da raça e contou com a presença de criadores e representantes da Associação Brasileira Santa Gertrudis, ABSG que iniciou os preparativos para o Mundial 2021.

De acordo com o diretor de marketing da entidade, o criador Gustavo Barretto, o objetivo dos mundiais é fazer uma imersão na criação de cada país onde a raça está presente, compreender as oportunidades, as ameaças, as forças e fraquezas buscando soluções por meio de um planejamento global amplo.

Durante o evento americano, cerca de 100 participantes de doze países percorreram seis mil quilômetros para conhecer o trabalho de dez fazendas em seis estados diferentes. “Foi um momento muito especial, para conhecer o trabalho de melhoramento e identificar como podemos tornar a raça cada vez mais competitiva em todo o mundo, além da troca de experiências entre criadores”, afirmou.

Um dos pontos altos foi o Simpósio de Análise Global do Santa Gertrudis, que definiu o plano estratégico para a raça no mundo, onde as oportunidades de crescimento, desenvolvimento genético e divulgação de resultados foram os principais pontos de discussão.

Segundo o presidente da ABSG, Antônio Roberto Alves Correa, o Brasil surpreendeu a todos pelo seu enorme potencial de produção de carne. “Com o crescimento das exportações para mercados como a China, o Brasil precisa buscar melhorias nos criatórios a partir de parâmetros ligados a manejo, nutrição e genética. E quando se trata de genética o Santa Gertrudis reúne todas as características necessárias para a produção de qualidade que o mercado mundial busca”, afirmou.

A apresentação da delegação brasileira buscou enfatizar as oportunidades de crescimento com a expansão da cadeia da carne no mercado externo. Participaram da delegação o presidente da ABSG, Antônio Roberto Alves Correa, os diretores Gustavo Barretto, Dijalma do Amaral e Luiz Ayres Marques Junior, todos também criadores em diferentes regiões brasileiras.

O potencial do mercado de carne brasileira está diretamente ligado ao potencial de crescimento dos cruzamentos com raças como o Santa Gertrudis, já adaptados a todas as regiões, segundo Correa. “Temos uma imensa perspectiva de crescimento no Brasil com a necessidade de preencher a lacuna da qualidade de carne com uma genética de resultado”, explicou.

Brasil 2021

De acordo com o presidente da ABSG o momento foi de grande aprendizado e marcou o início dos preparativos para o Congresso Mundial Santa Gertrudis, que ocorrerá no Brasil em novembro de 2021.

A participação no Congresso americano já permitiu que fossem convidados criadores e técnicos para palestrar e acompanhar o evento brasileiro. “Os participantes foram unânimes em afirmar que o Brasil vive um momento muito especial e de grandes oportunidades para o Santa Gertrudis nos próximos anos, então estamos nos preparados para crescer e apresentar os números desse crescimento, assim como assumir o nosso papel de contribuir para a pecuária brasileira”, contou Correa.

A meta da associação é estar com toda a programação definida dentro de um ano. O objetivo é que as delegações de todo o mundo tenham a oportunidade de se organizar para participar do evento no Brasil, que deve incluir palestras, dias de campo, leilões, julgamentos e visitas à propriedades de vários estados brasileiros. “O preparo dessa programação exige logística para voos, hospedagens, locais para palestras, receptivos em fazendas, além de todas as atividades técnicas como julgamentos e leilões. Tudo isso exige preparo com muita antecedência”, disse o presidente da entidade.

A primeira reunião para montagem da comissão organizadora vai acontecer durante a Exposição Brasileira da Raça Santa Gertrudis, nos dias 6 e 7 de dezembro na Emapa, em Avaré, SP. O evento vai contar com a presença do juiz paraguaio Egon Meufeld, que é presidente da Sociedade Rural do Paraguay. Isso, segundo os organizadores, já traz para o criatório brasileiro um padrão de julgamento alinhado às exigências e perspectivas do mercado internacional.

Esse bom momento vivido pela raça, segundo Correa, compõe um cenário favorável que irá culminar num grande evento em 2021, quando o Brasil receberá o Congresso Mundial da Raça Santa Gertrudis.

Nos EUA

O Congresso americano contou com os maiores especialistas na cadeia da carne, que aplicaram o método SWOT para identificar os fatores que integram o perfil da criação no mundo e as melhores práticas para o plano estratégico global da raça, cuja meta principal é deixar a raça do jeito que o mercado quer. Durante dois dias, criadores e técnicos do mundo todo se reuniram em New Orleans, Louisiana, para definir os melhores caminhos para divulgar e consolidar a raça em todo o mundo.

A associação americana mantém parcerias de cooperação científica com a University of Utha e a Texas University. Na primeira os representantes de doze países apresentaram um panorama da raça em cada uma das localidades representadas. Já na College Station, no Texas os criadores participaram de um Curso de Carcaça com duração de dois dias, onde tiveram aulas teóricas de avaliação e aulas práticas com o abate e apresentação da carcaça de dois animais Santa Gertrudis.

Os estados do Alabama e Texas ainda receberam dois grandes leilões da raça, com 100% dos animais vendidos, com alta valorização e o registro de vendas para a Austrália, já que se tratavam de animais com eficiência genética comprovada. “Os resultados dos leilões mostraram o quanto a raça vem sendo valorizada também nos EUA”, segundo informou Barretto.

Outro ponto importante, foi a exposição realizada em Dallas, com apresentação e julgamento de animais de altíssima qualidade, quando também foi divulgada a parceria com a Associação Americana de Red Angus, que homologou o cruzamento entre as raças, num programa chamado American Red, que tem acompanhamento das universidades parceiras.

Evolução

Os resultados das ações de melhoramento da raça no mundo todo com o projeto genômica aliado ao uso de técnicas, como a ultrassonografia de carcaça para seleção de animais com padrão para carne de qualidade, vem de encontro ao crescimento da comercialização de touros no Brasil. “Esse ano a raça registrou a maior índice de comercialização de sêmen nas centrais, um crescimento de 1.000% em relação aos anos anteriores”, afirmou Gustavo Barretto.

Além disso, segundo Barretto, quando a ciência é a fonte das pesquisas genéticas a chance de erro diminui enormemente, por isso tanto nos EUA como no Brasil e em todo o mundo as pesquisas científicas acompanham o desenvolvimento e a evolução genética da raça, que resulta numa raça pronta para a necessidade do mercado brasileiro.

“A evolução genética do Santa no Brasil não deixa dúvidas. Estamos no sistema Geneplus, importamos material genético dos EUA, África do Sul e Austrália e houve um grande investimento dos brasileiros nas melhores tecnologias de produção e evolução genética. Assim deixamos a raça pronta, com as características ideais para o cruzamento com o zebu e o tricross, fazemos seleção e acasalamento baseado em dados de ultrassonografia de carcaça, estamos buscando carne de qualidade com índices de EGS, MAR e AOL nos padrões esperados pelo mercado”, enfatizou Barretto lembrando que atualmente são 120 criadores associados, que garantem a presença da raça nos estados de São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Sergipe, Minas Gerais, Goiás, Pará, Rondônia e Rio Grande do Sul.

O Congresso americano foi uma demonstração da grande evolução genética da raça nos últimos dez anos. Segundo o criador Luiz Ayres Marques Junior, o Ziza, de Ibaté, SP, foi possível comprovar essa evolução ao visitarem as fazendas e criatórios americanos. Porém, a melhor constatação, segundo informou, é que o Brasil acompanhou essa evolução genética.

“O Santa Gertrudis teve um crescimento expressivo em todos os rebanhos do mundo e o Brasil acompanhou essa evolução, especialmente com o incremento genético oriundo das importações, atestados nas provas de ganho de peso e nas avaliações de carcaça. Temos bezerros com 250 quilos na desmama e chegamos a abater animais de dois anos com 22 arrobas. Isso é tudo o que o mercado precisa: precocidade e produção. E o Santa Gertrudis tem”, afirmou Ziza.

Para o criador Dijalma Aparecido do Amaral, de Turiúba, SP, o mercado global da raça, assim como a cadeia da carne no Brasil e no mundo, mostram que não há mais espaço para aventureiros. Presente nas visitas e eventos do congresso Mundial, o criador avaliou que a integração com o que há de melhor nos principais países onde o Santa Gertrudis está presente é o grande diferencial para conquistar uma posição de destaque. “O material genético disponível hoje, oriundo dos principais criatórios da Austrália, EUA e África do Sul, fazem do Santa Gertrtudis brasileiro uma raça consistente, com qualidade e perfil ideal para precocidade e ganho de peso, além do desempenho imbatível no tricross” enfatizou Amaral.

A participação no evento americano, segundo Amaral, mostrou que o Brasil vive um momento ímpar e deixou nos participantes a certeza de estarem no caminho certo. “Se pensarmos o que vamos fazer daqui há vinte anos, vamos fazer conta. Se fizermos contas vamos saber que o momento de investir na raça é agora. O que tivermos que fazer vamos fazer agora. Esse foi o grande legado do evento, que nos deu ainda mais entusiasmo e a motivação para seguir”, disse.

Uma das comprovações para o bom momento da raça Santa Gertrudis é que os criadores estão chegando ao final deste ano praticamente sem touros disponíveis para reposição. Além do registro de crescimento de touros disponíveis em centrais e com uma necessidade acentuada do mercado para o melhoramento da qualidade de carcaça, a safra de touros dos principais criatórios está praticamente esgotada.

Fonte: Associação Brasileira Santa Gertrudis

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