Publicado em: 25/03/2014 às 19:20hs
O enorme comércio não oficial reflete o apetite da China por carne bovina. As importações oficiais quadruplicaram no ano passado, como a crescente classe média demandando mais alimentos ricos em proteína.
Pequim deve levantar em breve as restrições à importação de carne bovina do Brasil relacionadas ao registro de encefalopatia espongiforme bovina (EEB), conhecida como “mal da vaca louca”. O gigante asiático também deve finalizar um acordo para permitir a entrada de carne de búfalo importada da Índia, uma vez que outros canais de fornecimento estão encolhendo.
A Austrália, que respondeu por cerca de metade das importações oficiais da China no ano passado, enfrenta uma queda na produção. A seca obrigou os criadores de gado do terceiro maior exportador de carne do mundo a abater vacas, alimentando temores de uma escassez global de carne bovina iminente, uma vez que o rebanho dos Estados Unidos, seu principal exportador concorrente, está no menor tamanho em seis décadas.
Com o andamento de medidas para aliviar as restrições às importações, o Brasil e a Índia estão lutando para alcançar uma fatia maior do mercado de carne bovina da China e preencher a lacuna deixada pela Austrália.
A estimativa é que as importações de carne bovina no mercado paralelo sejam superiores às importações oficiais, de 400 mil toneladas no ano passado.
“Isto não é fácil de estimar, mas de acordo com a indústria poderia ser de cerca de um milhão de toneladas, mais de duas vezes as importações oficiais”, disse Meng Qingxiang, professor da Universidade de Agricultura da China, em Pequim.
Dados oficiais da Índia mostram o Vietnã como seu maior mercado para carne bovina, apesar de Hanói não incluir os embarques da Índia em seus dados, indicando que a carne é transportada para a China. Os dados mostram que as exportações indianas de carne de búfalo para o Vietnã saltaram 17%, para 330.109 toneladas, em 2012/13 ante o ano anterior.
No caso da carne bovina brasileira, Hong Kong desbancou a Rússia como o maior comprador em 2013, com embarques crescendo três vezes, para 360 mil toneladas, de acordo com dados da associação que reúne os exportadores brasileiros (Abiec), volume que se acredita ter sido destinado para a China.
“As vendas do Brasil para Hong Kong vêm crescendo desde 2007, e durante este período o tamanho da população e o consumo de carne em Hong Kong ficou relativamente constante”, disse Pan Chenjun, analista sênior da Rabobank, em Pequim.
A alfândega chinesa disse que está continuamente reprimindo o contrabando de carne in natura e congelada e que lançou este ano uma campanha contra o contrabando de produtos agrícolas. Assim, está investigado 96 casos envolvendo 88 mil toneladas de produtos congelados no ano passado.
Restrições devem cair
Embora atualmente não compre carne diretamente da Índia ou do Brasil, a China deve relaxar as restrições em breve.
Uma delegação de Pequim deverá visitar o Brasil para inspecionar as instalações dos produtores brasileiros, para possivelmente suspender o embargo relacionado à vaca louca imposto em 2012.
Fonte: Equipe BeefPoint
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