Publicado em: 15/05/2025 às 19:40hs
O Brasil segue consolidando sua posição estratégica no comércio global de carne bovina. No mês de abril de 2025, o país registrou novos recordes históricos de exportação para os Estados Unidos e o México, demonstrando resiliência mesmo diante do aumento de tarifas anunciado pelo ex-presidente Donald Trump. O desempenho positivo reforça a competitividade do produto brasileiro e evidencia o cenário desafiador enfrentado pelo mercado norte-americano em relação à oferta de proteína bovina.
Durante o mês de abril, o Brasil embarcou cerca de 241,6 mil toneladas de carne bovina in natura, o maior volume já registrado para o período. O montante representa um crescimento de 16,3% em relação a abril de 2024. Em termos de receita, as exportações somaram mais de US$ 1,21 bilhão, um salto de 29% na comparação anual, impulsionando a balança comercial brasileira.
Apesar de a China seguir como principal destino das exportações brasileiras de carne bovina — com aproximadamente 106 mil toneladas embarcadas —, o destaque do mês foi o forte crescimento nas vendas para a América do Norte.
Estados Unidos importaram 44,2 mil toneladas, um aumento expressivo de 870,6% em relação a abril do ano anterior.
México adquiriu 11 mil toneladas, volume 340,9% maior na comparação anual.
Somados, esses dois mercados responderam por mais da metade do volume exportado para a China no mês.
Os embarques recordes para os EUA e México ocorreram logo após o anúncio do novo “tarifaço” de Trump, que estabeleceu uma taxação total de aproximadamente 36,4% sobre a carne bovina brasileira (26,4% referentes às cotas TRQ e mais 10% de tarifas adicionais). Mesmo com essa elevação tarifária, o Brasil já havia preenchido integralmente sua cota de exportação para os EUA até a terceira semana de janeiro.
De acordo com a DATAGRO, mesmo com o novo custo adicional, a carne brasileira ainda chega aos EUA cerca de 5% mais barata, em média, do que os cortes equivalentes da categoria Choice no mercado atacadista americano.
Outro fator que favorece as exportações brasileiras é o elevado custo da carne bovina nos Estados Unidos. Na mesma semana do anúncio das tarifas, o preço do boi gordo americano atingiu novo recorde de mais de US$ 116,00 por arroba, pressionando também os valores no varejo. O encarecimento da proteína bovina nos EUA fortalece a competitividade da carne brasileira, mesmo diante de tarifas mais pesadas.
O atual cenário revela um déficit significativo na oferta de carne bovina na América do Norte, reforçando a importância da proteína brasileira no abastecimento global. Dados do USDA mostram que o rebanho bovino do continente — somando EUA, México e Canadá — está no menor patamar desde o início da série histórica em 1960.
Esse cenário é agravado por fatores estruturais, como:
Esses elementos contribuem para uma oferta cada vez mais restrita no longo prazo, intensificando a dependência dos mercados norte-americanos de fornecedores externos — com destaque para o Brasil.
Fonte: Portal do Agronegócio
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