Publicado em: 16/07/2021 às 09:40hs
“Em 2015, recebi o terreno de aproximadamente 65 hectares. Quando era criança, sempre frequentei a zona rural. Naquela época, já demonstrava habilidade e entusiasmo para lidar com o gado. Desde criança, tinha o sonho de tocar meu sitio e sonhava em ter uma produção de leite. O tempo passou, me alistei no Serviço Militar, onde fiquei por seis anos. Em 2012, concluí o curso de Ciências Contábeis e trabalhava na cidade. Foi em 2015, ao receber a propriedade, que meu sonho começou a se tornar realidade.”
Assim que recebeu o sítio, Celso construiu a casa e mudou-se para o local com a família. “Antes mesmo de me mudar, trabalhava com gado de corte. A mudança de endereço trouxe também a mudança de atividade, com o investimento na pecuária leiteira. A vontade de trabalhar com leite era tanta que cheguei a plantar capim e cana, pensando no futuro.” A produção de leite teve início em maio de 2019. “Tirava leite e produzia queijo, o que aprendi com minha tia.”
Em junho de 2019, o Sítio do Bonito passou a receber a assistência do Programa de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) Balde Cheio, oferecido por meio da parceria entre o Sistema FAEMG/SENAR/INAES e o Sindicato dos Produtores Rurais de Juiz de Fora.
“Quando demos início aos trabalhos, a propriedade apresentava apenas margem bruta positiva, ou seja, apenas pagava as contas da atividade. A remuneração para o produtor era muito baixa e somava-se um prejuízo de - R$ 0,49 por litro de leite”, explicou o técnico do ATeG, Ronaldo Fagundes Filho.
Segundo ele, o rebanho estava em um sistema extensivo de produção, sem separação de lotes e com parte do gado com baixa aptidão para a atividade leiteira. “O produtor ainda contava com um arrendamento para suportar parte desse rebanho. Além disso, a suplementação com concentrado não era balanceada e o fornecimento não era proporcional à produção das vacas. Assim, não era atendida a exigência nutricional dos animais, e o custo com concentrado sempre ficava mais alto. O fornecimento de volumoso no período seco também era insuficiente. Era fornecida apenas cana de açúcar picada in natura, sem a inclusão de ureia.”
Diante desse cenário, o período de serviço das vacas era alto, o que significa que os animais pariam e demoravam muitos meses para ficarem novamente prenhes. “Em alguns casos, a vaca encerrava a lactação sem estar prenhe. Com isso, a taxa de vacas em lactação em relação ao total de vacas era baixa, 51%. Isso significa que 51% das vacas estavam fornecendo uma renda para a atividade e a outra metade das vacas praticamente estavam improdutivas”, apontou Ronaldo.
Após traçar o diagnóstico, o primeiro passo foi separar as vacas em lotes, auxiliando o produtor a perceber que alguns animais precisariam ser descartados. “Para cada lote, o fornecimento de concentrado foi medido de acordo com a produção de cada animal. Com o passar do tempo, essa batida de concentrado era reformulada conforme o preço dos ingredientes que eram encontrados no mercado”, explicou o técnico.
Por meio de adubações e capinas químicas, houve aumento da produção de cana de açúcar. Áreas com capineira foram aumentadas, a fim de fornecer suplementação a todas as vacas em lactação no período seco. “Em algumas áreas, fizemos a recuperação de pastagens que estavam degradadas. Assim, aumentamos a taxa de lotação”, destacou Ronaldo.
Com a nutrição sendo realizada de forma correta, as vacas se mantêm mais tempo em lactação e diminuem o período de serviço, ou seja, apresentaram um cio fértil em um espaço de tempo menor, sendo que a meta é que as vacas entrem no cio com 60 a 90 dias após o parto. “Atualmente, a taxa de vacas em lactação é de 71%, próximo ao valor ideal de 83%. Com mais vacas se mantendo em produção, a atividade, que antes apresentava prejuízos, hoje gera um lucro de R$ 0,09 por litro de leite. Lembrando que o produtor já tirou o salário da mão de obra familiar, ou seja, conta com salário + 0,09 por litro de leite”, ressaltou o técnico do ATeG.
A lucratividade é de 31% em relação à renda bruta da atividade. “Tal dado foi alcançado apenas com o manejo correto das vacas, pois o custo operacional efetivo (COE), que é o custo para se produzir o leite, praticamente não sofreu alteração. No primeiro ano era de 58% e atualmente é 54%.”
O custo operacional total (COT), que é o COE mais as depreciações e mais a mão de obra familiar, diminuiu. Antes era 81%, hoje é 70%. “Com o aumento da renda bruta, tivemos uma diluição desses custos”, concluiu Ronaldo.
“O trabalho desenvolvido pelo Ronaldo abriu horizontes, trazendo melhorias que estão evidentes. Uma das dicas dele foi fazer o acompanhamento reprodutivo. Tão logo comecei, constatei mais giro no volume de vaca e de cria. Para o futuro, pretendo trabalhar com inseminação. Além disso, já temos o projeto para criação de piquetes para pastejo rotacionado. Toda essa movimentação, que proporcionou a mudança no volume de produção e o aumento de concentrado, fez com que eu, que até então usava um terreno arrendado de um vizinho, construísse o meu curral. Em breve, levo meus animais para lá”, comemorou Celso. Pensando em melhorar ainda mais seu trabalho, o produtor recebe, mensalmente, desde 2019, a visita de um médico veterinário.
“Os resultados são tão satisfatórios que pretendemos ampliar o ATeG com mais turmas, a fim de atender a um número maior de produtores rurais”, declarou o presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Juiz de Fora, Domingos Frederico Netto.
Fonte: SENAR MG
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