Publicado em: 18/11/2024 às 10:23hs
Desde o final de agosto, os preços da arroba do boi gordo têm registrado uma expressiva valorização em todo o Brasil. Em novembro, a cotação superou a marca de R$ 300,00, segundo dados do Cepea, e segue em uma tendência de alta. Em São Paulo, a arroba atingiu R$ 350 nesta semana, impulsionada por escalas de abate reduzidas nos frigoríficos. Essa elevação reflete também no preço do bezerro, com os produtores confiantes em uma transição do ciclo pecuário de baixa para alta.
Marcelo Martins, coordenador regional de Pecuária da Emater-MG na Unidade Regional de Alfenas, projeta que a valorização deverá se sustentar. "Na pecuária brasileira, vivemos ciclos de elevação e redução de preços. Quando os preços estão altos, aumenta o abate de fêmeas, elevando a oferta de carne, o que pressiona as cotações para baixo. Em seguida, a redução de fêmeas disponíveis impacta a produção de bezerros, diminuindo a oferta e impulsionando os preços, como ocorre atualmente", explica.
Entre 2021 e 2023, o setor enfrentou um período de baixa. Agora, com a reversão do ciclo, o mercado dá sinais de recuperação. Martins prevê que os preços do bezerro continuarão subindo e poderão atingir níveis históricos até 2025. "A retenção de fêmeas para reprodução reduz a oferta de carne, favorecendo a valorização da arroba", acrescenta.
O mercado externo também contribui para a alta dos preços. Em outubro, o Brasil exportou 270 mil toneladas de carne bovina in natura, um volume recorde que representa um crescimento de 45,2% em relação ao mesmo mês de 2023, conforme dados do Governo Federal. O faturamento das exportações também subiu 47,2% no mesmo período, impulsionado pelo dólar alto, que torna o produto brasileiro mais competitivo no mercado internacional.
Além do câmbio favorável, a crescente demanda global por carne bovina fortalece o cenário de valorização. "Embora a exportação seja importante, o principal fator para a formação de preços no Brasil ainda é a melhora na renda interna", aponta Martins. Analistas destacam que a previsão de queda na produção mundial de carne bovina para 2025 deve consolidar o cenário positivo para a pecuária brasileira.
Apesar das perspectivas otimistas, o setor enfrenta desafios significativos. "A seca de 2024 foi severa, prejudicando pastagens. Além disso, itens essenciais, como energia elétrica, mão de obra e suplementos minerais, tiveram alta nos custos, pressionando as margens dos produtores", ressalta o coordenador da Emater-MG.
Para superar esses obstáculos, Martins enfatiza a importância da gestão eficiente e do aumento da produtividade. "A rentabilidade está diretamente ligada à produção por hectare, e a média nacional, de 6 arrobas por hectare/ano, é baixa. Contudo, com tecnologias como melhoramento genético, rotação de pastagens e cuidados na nutrição, é possível alcançar avanços significativos", afirma.
Outro ponto crucial é a recuperação de pastagens degradadas, que pode elevar a produtividade da pecuária de corte no país. Em Minas Gerais, a arroba do boi gordo para exportação (Boi China) é negociada a R$ 319,50 no Triângulo Mineiro, R$ 317,50 no Norte do estado e R$ 314,50 no Sul, segundo dados da Scot Consultoria de 14 de novembro.
A retomada do setor aponta para um cenário de renovação e crescimento, mas exige atenção às variáveis econômicas e climáticas que influenciam diretamente a atividade.
Fonte: Portal do Agronegócio
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