Publicado em: 22/12/2025 às 11:40hs
O setor pecuário brasileiro encerra 2025 com um cenário de recuperação de preços e perspectivas otimistas para o próximo ano. O movimento é atribuído, em grande parte, ao aumento expressivo no abate de fêmeas (vacas e novilhas), que atingiu recordes históricos e deve impactar diretamente a oferta de carne e bezerros em 2026.
De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de fêmeas abatidas superou o de machos pela primeira vez desde 1997. No segundo trimestre de 2025, o volume de abates de vacas e novilhas cresceu 16% em relação ao mesmo período de 2024, totalizando 19,35 milhões de cabeças. Desse total, 33% foram novilhas — um aumento de 23,1% frente ao ano anterior.
Segundo Manoel Lúcio Pontes Morais, coordenador técnico estadual de Bovinocultura da Emater-MG, o abate elevado de fêmeas foi uma estratégia dos pecuaristas para reduzir custos e gerar caixa. “O produtor precisou enxugar despesas e fazer capital para o custeio da fazenda. Esse movimento levou a um abate recorde, com as fêmeas representando cerca de metade dos bovinos enviados aos frigoríficos”, explica.
A redução do número de matrizes tende a refletir em menor disponibilidade de bezerros e, consequentemente, em menor oferta de carne para o mercado. Com isso, especialistas projetam valorização da arroba do boi gordo em 2026.
Morais ressalta, porém, que os avanços tecnológicos e de manejo podem amenizar os efeitos da diminuição de fêmeas reprodutivas. “O rebanho está se tornando mais eficiente. As vacas estão parindo mais cedo e com intervalos menores entre partos, resultado do melhoramento genético e de ganhos em nutrição, reprodução e manejo”, afirma.
A engorda em confinamento também teve crescimento expressivo em 2025 e deve continuar em alta em 2026, favorecida pela estabilidade prevista nos preços dos grãos, fator essencial para manter os custos sob controle.
Mesmo diante do embargo dos Estados Unidos, o Brasil registrou aumento expressivo nas exportações de carne bovina ao longo de 2025, alcançando novos mercados e consolidando sua posição entre os maiores exportadores do mundo.
Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), compilados pela Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), o país embarcou 356 mil toneladas em novembro, um crescimento de 36,5% em relação ao mesmo mês de 2024. A receita chegou a US$ 1,87 bilhão, alta de 51,9%, com 318 mil toneladas de carne in natura comercializadas.
“A pecuária brasileira mostrou grande eficiência e competitividade no cenário global. O Brasil conquistou novos mercados e segue com preços atrativos frente a outros grandes produtores de carne”, destaca Morais.
A China manteve a liderança nas compras, respondendo por cerca de metade da receita exportada, seguida pela União Europeia e Rússia.
Com o mercado interno ainda ajustado e o cenário externo favorável, a Emater-MG projeta que tanto o preço da arroba do boi gordo quanto o valor do bezerro devem permanecer firmes em 2026. A expectativa é de que a valorização ocorra inclusive no primeiro semestre — tradicionalmente marcado por maior oferta de animais — sustentada pela menor disponibilidade de fêmeas e pela sólida demanda internacional.
Fonte: Portal do Agronegócio
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