Bovinos de Corte

A estratégia de suplementação nas águas

Em um país onde às variações climáticas são mais intensas, a observação dos animais e da qualidade da nutrição oferecida são cruciais para que haja maior rentabilidade da operação


Publicado em: 18/02/2021 às 14:00hs

A estratégia de suplementação nas águas

A crescente demanda por alimento pela população mundial tem impulsionado cada vez mais o agronegócio, de forma que a busca por maior eficiência produtiva, um objetivo ainda mais almejado pelas empresas do segmento bem como a cadeia produtiva, ganha importante destaque. Juntamente a esse crescimento, outro valor tem se tornado primordial: a busca por uma produção sustentável. Não obstante, a missão da agropecuária permanece firme em sua busca por abastecer o mundo com proteína vegetal e animal, otimizando ao máximo a produção por área. "Para alcançar esse objetivo, acreditamos que a disponibilidade de recursos e tecnologia devem agir de forma sinérgica, favorecendo o sistema de produção e produzindo alimentos de qualidade para o mundo", conta Osvaldo Sousa, Coordenador de P&D da Nutricorp.

O Brasil possui 170 milhões de hectares de pastagens, sendo 100 milhões de pastagens cultivadas (ANUALPEC, 2017). Apesar desses números, os índices zootécnicos não são satisfatórios durante o ano todo, devido a sazonalidade climática interferir na produção das forrageiras e não atender às exigências de nutrientes dos animais por um considerável período do ano. A solução para driblar esses gargalos da produção pode ser um bom manejo de pastagem juntamente com a adoção de estratégias de suplementação, a fim de complementar o aporte nutricional das forragens, atender os requerimentos e otimizar o desempenho do rebanho (Cardoso et al., 2006). "Partindo da premissa de que a estratégia de suplementação varia de acordo com a época do ano e, por consequência da oferta e qualidade das forragens, podemos dizer que, no período de escassez de chuva e baixa qualidade nutricional da forragem, o objetivo da suplementação de secas é principalmente otimizar o consumo de matéria seca (CMS) através de uma suplementação proteica, enquanto que no período chuvoso, o objetivo da suplementação é incrementar o aporte proteico-energético e otimizar o desempenho do rebanho", explica Osvaldo.

No verão, com o índice pluviométrico e o fotoperíodo em maior quantidade, as pastagens tropicais e subtropicais apresentam uma rápida taxa de crescimento. "Por isso, no período das águas, para que a produção seja otimizada, devemos sempre buscar um sincronismo entre o teor nutricional da pastagem e o suplemento, de forma que o suplemento forneça nutrientes que possibilitem ao animal aproveitar a forragem ao máximo. Dessa maneira,  além de incrementar a estratégia nutricional, também ocorrem melhorias no desempenho e maior produtividade por área", conta Osvaldo.

ANÁLISE

Buscando mostrar os reais benefícios e/ou fatores que possam influenciar a utilização da suplementação com sais de cálcio de ácidos graxos (SCAG), a Nutricorp, vem através do Nutri Gordura® (NG), realizando a suplementação de bovinos a pasto durante o período das águas. No confinamento, NG  resulta em uma melhoria nos parâmetros de eficiência do rebanho (eficiência alimentar [EA] ou conversão biológica [CB]), mas nenhum outro estudo avaliou o efeito dessa tecnologia na suplementação de bovinos a pasto, como desempenho e eficiência da utilização da área e recursos naturais. "Partindo desse racional, avaliamos que a inclusão ou não de NG em dois níveis de suplementação a pasto, tais como suplementação a 0,3 e 1,0% do peso vivo (PV) sobre os parâmetros produtivos e comportamento de ingestão de água e os resultados foram muito significativos", conta Osvaldo. 

Trinta e dois tourinhos Nelore (PV inicial = 318 ± 11,2 kg) foram divididos de acordo com o PV e atribuídos a 1 de 4 tratamentos: SP03-: Suplemento proteico-energético a uma taxa de 0,3% do PV sem a inclusão de NG (n = 8 animais); SP03+: Suplemento proteico-energético a uma taxa de 0,3% do PV com a inclusão de NG (n = 8 animais); SP1-: Suplemento proteico-energético a uma taxa de 1,0% do PV sem a inclusão de NG (n= 8 animais); SP1+: Suplemento proteico-energético a uma taxa de 1,0% do PV com a inclusão de NG (n = 8 animais). "No início do estudo, os tratamentos SP03+ e SP1+ foram formulados para resultarem em um consumo semelhante de NG (90 g/cabeça dia). Os animais foram mantidos em um único grupo e rotacionados entre dois piquetes (2 ha/piquete) compostos de pastagem de Brachiaria brizantha cv. Marandu. A rotação dos piquetes foi efetuada entre 9-11 dias, baseado na massa de forragem disponível nos piquetes. E, os tratamentos eram oferecidos diariamente (08:00h) em cochos individuais eletrônicos (Integrado; Contagem, Minas Gerais, Brazil). O sistema era composto por 1 bebedouro próximo ao cocho de suplementação (50 m de distância) e 8 cochos (2 cochos/tratamento; 4 animais/cocho). Esse sistema coleta todos os dados de ingestão de água e suplemento de cada animal, bem como o comportamento de ingestão dos mesmos (visitas ao cocho e tempo de refeição). O bebedouro ainda continha uma balança para pesagem dos animais e, essa pesagem era utilizada para ajustar o fornecimento do suplemento semanalmente durante todo o período experimental.

"Como esperado, os animais do grupo SP1, independentemente da inclusão de NG, apresentaram um maior ganho de peso diário (GPD; P < 0.001) e, consequentemente, maior PV ao final (P < 0.02) do estudo quando comparado aos animais do grupo SP03. A inclusão de NG a um nível de suplementação de 0,3% do PV demonstrou melhorar o desempenho dos animais, onde os animais do grupo SP03+ apresentaram melhor GPD  vs. SP03- (P < 0.04; Tabela 1), enquanto que não houve diferença entre SP1- vs. SP1+. Esses dados indicam a efetividade do NG em melhorar o desempenho produtivo de animais a pasto, podendo ser uma tecnologia a ser adotada pelo produtor nos sistemas produtivos de recria a pasto", contextualiza. A falta de efeitos positivos do NG nos suplementos 1,0% PV se deve ao fato de o consumo projetado do suplemento não ter sido obtido (0,6 vs. 1,0% PV) que afetou a efetividade da tecnologia, já que ela apresenta uma resposta de acordo com a dose consumida. 

Tabela 1. Parâmetros de desempenho de tourinhos Nelore suplementados com 0,3% ou 1,0% do PV com inclusão ou não de Nutri Gordura®1.

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abcLetras que diferem entre si na mesma linha apresentam diferença significativa (P < 0.05).
1SP03- = Suplementação de 0,3% do PV sem a inclusão de NG; SP03+ = Suplementação de 0,3% do PV com a inclusão de NG; SP1- = Suplementação de 1,0% do PV sem a inclusão de NG; SP1+ = Suplementação de 1,0% do PV com a inclusão de NG.

Além do efeito positivo no desempenho animal (+ 108 g/dia), a suplementação com NG, independentemente do nível de suplementação, tendeu a diminuir o consumo de água dos animais, quando calculado em % do PV (#4 - Informa Nutri - produção sustentável). Em outras palavras, a suplementação com NG durante o período das águas é uma alternativa que melhora o desempenho do rebanho, mantendo a utilização dos recursos naturais, que, invariavelmente se tornarão mais escassos para a produção pecuária. Esses atributos estão em linha com o objetivo e a responsabilidade das atividades pecuárias, aumentando a produção sem aumentar a utilização de recursos naturais. 

Fonte: Nutricorp

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