Publicado em: 22/09/2014 às 16:10hs
A Conferência Internacional de Confinadores (Interconf 2014) foi encerrada ontem com Dia de Campo no Confinamento São Lucas, em Santa Helena de Goiás, em que profissionais de diferentes áreas da cadeia da produção de carne bovina debateram sobre o mercado do boi gordo e perspectivas de preços, sistemas de produção intensivos, produção de silagem de qualidade e planejamento sanitário.
No total, participaram da Interconf 2014 mais de 1.400 pecuaristas, técnicos, consultores e empresários rurais de várias regiões do Brasil e de outros países, que acompanharam discussões importantes, como do cenário político e a influência para o agronegócio. “A cadeia da carne bovina já decidiu em quem votar no primeiro turno”, ressalta Eduardo Moura, presidente da Associação Nacional de Confinadores, posicionando-se a favor do candidato Aécio Neves. “A questão mais relevante, no entanto, é saber em qual opção votar no segundo turno, caso o candidato do PSDB não avance. Estamos entre o modelo atual e um projeto desconhecido. Isso causa enorme preocupação no setor produtivo, que tem tido grande importância para a economia brasileira”, completa.
Outra discussão atual e de grande impacto na cadeia teve destaque nesta edição da Interconf: os resíduos na carne e a segurança alimentar. Esse tema ganhou especial relevância nos últimos três meses com a proibição do uso de avermectinas no controle de parasitas de bovinos, decisão do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), a partir da detecção de níveis de resíduos acima dos permitidos em lotes de carne processada (corned Beef) importada do Brasil pelos Estados Unidos.
O professor João Palermo Neto, da Universidade de São Paulo, que conduziu a discussão, é enfático ao afirmar que sua expectativa “é de que os Estados Unidos alterem os limites máximos de resíduos nas carnes processadas, reabrindo a discussão sobre esse tema”. “Para começar, não entendo porque o MAPA tomou uma decisão tão dura contra as avermectinas sem considerar todas as questões técnicas pertinentes. Trata-se de uma tecnologia utilizada há mais de 20 anos”, completou Palermo.
Além de especialistas nacionais, renomados profissionais internacionais compartilharam suas experiências e opiniões sobre temas que impactam a atividade. É o caso do professor da Iowa University (EUA) Dan Loy, que apresentou estratégias de como planejar o investimento no confinamento, tendo como desafio a variação climática e a administração dos custos de produção, e Peter Barnard, gerente geral de trade e serviços econômicos da Meat & Livestock Australia (MLA), que propôs a discussão sobre políticas governamentais inadequadas de demanda, focando o perfil de consumo e de mercado no cenário internacional, especialmente em países como China e Índia, e a discussão sobre tendências mundiais, como o aumento da demanda e redução da oferta de carnes e consumo de alimentos orgânicos.
“A demanda por carne está aumentando e deve se manter neste ritmo crescente. Em contrapartida, está cada vez mais difícil expandir a atividade agrícola, tanto pela falta de terra como pela disponibilidade de água, que também está restrita”, destacou Peter Barnard.
Outros temas, como cenário macroeconômico do Brasil, perfil de consumo da carne bovina, barreiras impostas à carne brasileira, exigências sanitárias e fitossanitárias do mercado internacional, oportunidades para a pecuária no mercado internacional, tecnologias que intensificam a pecuária de corte, além de exemplos bem-sucedidos de confinamento também foram amplamente discutidos nos painéis da Interconf.
“A qualificada programação e o elevado nível dos palestrantes atraiu número recorde de participantes nesta edição. E a expectativa foi confirmada com discussões importantes, que vão além do confinamento e envolvem todas as vertentes da atividade pecuária. A Interconf propõe unir a cadeia, para que, assim, possamos fortalecer ainda mais o setor”, ressalta o presidente da Assocon.
Fonte: TEXTO ASSESSORIA DE COMUNICAÇÕES
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