Publicado em: 04/07/2014 às 10:30hs
Provavelmente, pouca gente do setor avícola dedicou atenção a esse resultado, já que ele diverge totalmente do que apontam as indicações do próprio setor, para quem a produção de 2014 não deve crescer mais do que 3%. Vale, no entanto, uma recomendação: é melhor ficar mais atento ao que mostra o IBGE.
Nos levantamentos que efetua, o IBGE pesquisa trimestralmente junto ao estabelecimentos com abate sob inspeção (a) o número de cabeças abatidas e (b) o volume de carne delas decorrente.
O fato número um, incontestável, é que o número de cabeças abatidas tende, no decorrer do tempo, a evoluir em índices superiores aos apontados pela avicultura. Porque, em essência, a cada dia maior número de frangos é submetido aos processos de inspeção.
Assim, por exemplo, se 10 anos atrás 85% da produção brasileira de carne de frango era inspecionada, hoje esse índice pode ter subido, por exemplo, para 95% do total. E se isso ocorreu, supondo-se que a produção total tenha aumentado 50%, o número de cabeças abatidas sob inspeção terá aumentado 67% - 17 pontos percentuais a mais. Portanto, é absolutamente plausível os abates do primeiro trimestre de 2014 terem aumentado 5,5% em relação ao trimestre inicial de 2013, como apontou o IBGE.
Já o volume de carne produzida é algo que está vinculado não só ao número de cabeças abatidas, mas também ao peso unitário das cabeças abatidas. É aí que entra o fato número dois: o setor parece estar explorando melhor o potencial genético das linhagens em criação no País. Ou, como sempre se preconizou, “está tirando mais (carne) do mesmo (matrizes)”.
Pelos números do IBGE, enquanto o número de cabeças abatidas no trimestre aumentou 5,54%, o volume total de carne produzida aumentou 11,75%. E isto significa que o peso médio por cabeça abatida aumentou 5,88% - um resultado ao qual as estatísticas avícolas precisam estar atentas (tabela abaixo).
De toda forma, o que precisa ficar claro, nesse resultado, é que os aumentos no número de cabeças abatidas e no peso total das carcaças referem-se apenas a aves sob algum tipo de inspeção, não ao total produzido nacionalmente.
Já o peso médio adicional é algo que pode ser aceito sem risco no cômputo da produção brasileira, inclusive porque apresenta diferença (anual) que não é das mais significativas: 127 gramas a mais, resultado que se alcança com dois a três dias a mais na criação de um frango.
A partir dos números divulgados pela APINCO é possível concluir que o número de cabeças criadas e abatidas nacionalmente no primeiro trimestre do ano aumentou perto de 3% - índice que corresponde às previsões de crescimento da produção no período.
Mas o volume de carne daí decorrente não apresentou a mesma margem de crescimento, foi relativamente maior em função do melhor aproveitamento das aves em criação.
Supondo-se um peso 4% superior ao de 2013 (86 gramas adicionais por cabeça), o incremento de volume em nível nacional supera os 7%. Ou seja: os números do IBGE (que considera apenas frangos inspecionados) não estão fora da realidade.
Fonte: Avisite
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