Avicultura

Setor de ovos mantém expansão em 2025 e prevê margens positivas para 2026

Com custos de ração mais baixos e demanda interna aquecida, a avicultura de postura segue em ritmo sólido de crescimento, com perspectivas otimistas para o próximo ano, segundo o Itaú BBA.


Publicado em: 06/11/2025 às 19:20hs

Setor de ovos mantém expansão em 2025 e prevê margens positivas para 2026
Foto: CNA
Produção de ovos segue em alta e supera 2,4 bilhões de dúzias

O setor de ovos brasileiro manteve, em 2025, o ritmo de crescimento observado no ano anterior, consolidando-se como um dos segmentos mais dinâmicos da avicultura nacional.

De acordo com dados do IBGE, a produção total de ovos — entre consumo e incubação — alcançou 2,447 bilhões de dúzias no primeiro semestre, um aumento de 7,6% em relação a 2024.

Desse volume, 83% foram destinados ao consumo, que cresceu 9,2%, enquanto a produção voltada à incubação teve avanço modesto de 0,8%.

Apesar da expansão, o alojamento de pintainhas começou a dar sinais de desaceleração a partir de maio, registrando quedas de 5% em julho e 1% em agosto, o que pode indicar uma acomodação gradual na oferta.

Preços recuam após alta no início do ano

Os preços dos ovos iniciaram 2025 em forte alta, impulsionados por fatores sazonais. No atacado, a caixa com 30 dúzias chegou a R$ 248 em março, valor 26% acima do registrado no mesmo período de 2024.

Entretanto, com o aumento da produção, os preços passaram a recuar, encerrando outubro com média de R$ 173 por caixa. No campo, o preço pago ao produtor caiu de R$ 204 para R$ 142 por caixa entre março e outubro.

Essa correção de preços reduziu o spread da postura, indicador que mede a relação entre custo da ração e preço de venda. Mesmo assim, as margens permanecem historicamente elevadas, sustentadas pela queda de 27% no preço do milho desde março e pela estabilidade da soja.

Custos menores impulsionam margens dos produtores

A forte recuperação da safra de milho, favorecida pelo clima, garantiu oferta abundante do grão e reduziu a pressão sobre os custos da ração, que representam cerca de 80% das despesas totais de produção.

A tendência é de estabilidade nos preços do milho, mesmo diante da demanda aquecida por parte dos setores de proteína animal e etanol de milho.

Para a soja, o potencial produtivo da nova safra é estimado em 178 milhões de toneladas, o que deve manter os preços sob controle, ainda que o fenômeno La Niña gere incertezas no Sul do Brasil e na Argentina.

Exportações crescem 44,8%, mesmo com desafios externos

Mesmo representando menos de 1% da produção nacional, as exportações brasileiras de ovos somaram 46 mil toneladas até setembro, um salto de 44,8% sobre o mesmo período de 2024.

O desempenho foi impulsionado por maiores embarques para México, Japão e Emirados Árabes Unidos, além dos Estados Unidos, que continuam sendo o principal destino, com 42% de participação.

Apesar disso, o setor enfrentou desafios com o aumento tarifário imposto pelos EUA e o fechamento temporário de mercados após o registro de gripe aviária no Rio Grande do Sul, em maio.

Consumo doméstico continua sendo o motor do setor

O ovo segue como uma das principais fontes de proteína de baixo custo no Brasil, ganhando espaço no consumo das famílias em períodos de restrição orçamentária.

Segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), o consumo per capita atingiu 269 unidades em 2024, com crescimento médio de 4% ao ano na última década.

Com custos mais baixos e margens positivas, o setor deve manter um crescimento de 4% a 5% ao ano, sustentado pela demanda interna.

Perspectivas: consolidação, tecnologia e sanidade no radar

Para 2026, o Itaú BBA projeta um cenário favorável ao produtor de ovos, com custos de ração controlados e estoques de milho elevados, o que deve preservar a rentabilidade.

O setor, ainda fragmentado, tende a passar por um movimento gradual de consolidação, com modernização tecnológica, automação e integração vertical das operações.

A sanidade avícola permanece como prioridade estratégica. Embora o Brasil mantenha elevados padrões sanitários, surtos recentes em outros países reforçam a necessidade de rigor nos protocolos de biosseguridade e integração entre produtores e autoridades para garantir a estabilidade produtiva e a confiança dos mercados externos.

Fonte: Portal do Agronegócio

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