Publicado em: 16/10/2024 às 08:30hs
O ovo se destaca como um dos alimentos de origem animal mais consumidos pelos brasileiros, caracterizando-se por sua acessibilidade e versatilidade na culinária. Este apelo popular tem impulsionado um crescimento na produção, evidenciado pela Pesquisa Trimestral de Produção de Ovos (POG), divulgada em junho pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No primeiro trimestre de 2024, a produção atingiu a impressionante marca de 893 milhões de dúzias, refletindo um aumento de 7,7% em relação ao mesmo período de 2023, o que representa um acréscimo de 64 milhões de dúzias.
Para alcançar esse aumento na produção, é fundamental que as aves poedeiras apresentem saúde e nutrição adequadas. Entretanto, essa tarefa não é simples, pois diversos fatores podem comprometer o aproveitamento nutricional das dietas e o desempenho produtivo das aves. Entre esses fatores, destacam-se os desafios entéricos, que se relacionam a diferentes agentes patogênicos. “Na fase inicial da vida, as aves podem enfrentar a coccidiose, um protozoário que pode ocasionar perdas econômicas significativas, impactando o desempenho e, em casos extremos, a mortalidade. Isso pode estar diretamente relacionado à suscetibilidade a outros desafios secundários, como o Clostridium perfringens, presente na flora intestinal, mas que, em desequilíbrio, pode resultar em enterite necrótica”, esclarece Mônica Megumi Aoyagi, consultora técnica comercial da MCassab.
A consultora ressalta que essa bactéria pode estar presente nas matérias-primas, especialmente em farinhas de origem animal. O desequilíbrio da flora intestinal pode ser frequentemente causado por estresse nas aves, que resulta na queda da imunidade e na redução do consumo. Fatores como estresse calórico e manejos inadequados podem contribuir para essa condição, favorecendo a disbiose intestinal e a colonização do Clostridium perfringens.
Além de enfrentar desafios entéricos, a implementação de um programa de biosseguridade robusto é essencial para garantir a saúde do plantel e otimizar a produção de forma eficiente e rentável. “É crucial manter um controle rigoroso do ambiente de criação, com limpezas e desinfecções regulares. É necessário avaliar, de forma atenta e personalizada, aspectos como densidade, ambiência e qualidade das matérias-primas, o que envolve desde o controle de qualidade até a seleção de fornecedores confiáveis e a gestão do tempo de estocagem. Essas medidas, se implementadas corretamente, ajudam a reduzir os fatores de risco”, detalha Mônica.
O uso de anticoccidianos durante as fases de criação e recria (1 a 15 semanas) ou a vacinação adequada são estratégias que favorecem o controle da coccidiose no plantel de postura comercial. Entre as várias ferramentas disponíveis, destacam-se os aditivos alternativos que promovem a seleção de flora benéfica e aumentam a imunidade das aves. “O uso de prebióticos, probióticos, ácidos orgânicos e óleos essenciais, entre outros, além da redução de fatores antinutricionais, pode ser otimizado com o emprego de enzimas. Cada uma dessas soluções atua de forma específica, favorecendo o desenvolvimento de bactérias benéficas em detrimento das patogênicas e demonstrando resultados positivos na redução dos principais agentes patogênicos do trato digestivo, incluindo o Clostridium perfringens”, relata Mônica.
Os antibióticos promotores de crescimento, como bacitracina de zinco ou bacitracina de metileno, podem ser aplicados de maneira preventiva. No entanto, se houver evolução para enterite necrótica, o uso de terapias é mais eficaz. “O intestino desempenha um papel fundamental na imunidade das aves, consumindo mais de 20% da energia bruta da digestão para sua manutenção. Assim, qualquer fator que prejudique o funcionamento intestinal compromete a conversão alimentar, impactando negativamente o crescimento e o desempenho das aves. Dado que 70% do custo de produção refere-se à nutrição, a diminuição da eficiência resulta em perdas significativas, muitas vezes não mensuráveis. É importante considerar que as aves de postura são animais de ciclo longo, e prejuízos podem ocorrer tanto na fase de formação quanto na vida produtiva das aves”, conclui a especialista da MCassab Nutrição e Saúde Animal.
Fonte: Portal do Agronegócio
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