Avicultura

Exportações em queda pressionam preços do frango no mercado interno, aponta Itaú BBA

Relatório da Consultoria Agro destaca impacto dos embargos internacionais após caso de gripe aviária no RS, com reflexos na oferta, demanda e margens do setor avícola


Publicado em: 23/06/2025 às 11:40hs

Exportações em queda pressionam preços do frango no mercado interno, aponta Itaú BBA
Embargos internacionais derrubam preços no mercado interno

O mercado brasileiro de carne de frango tem enfrentado forte pressão nos preços desde os embargos impostos por diversos países às exportações nacionais, após a confirmação de um caso de gripe aviária no Rio Grande do Sul em 15 de maio. Com a menor saída de produtos para o mercado externo, a oferta interna aumentou, enfraquecendo as cotações e reduzindo as margens do setor.

Segundo dados do Cepea, o preço da carne de frango, que chegou a R$ 8,81/kg em 15 de maio, caiu 16,3% até 16 de junho, retornando para R$ 7,37/kg — valor próximo ao registrado no mesmo período do ano passado.

Queda nos spreads e margens pressionadas

O spread do frango abatido — indicador da diferença entre preço de venda e custo — fechou maio em 44%, acima da média histórica dos últimos cinco anos (30%) e da média desde 2006 (35%). Em maio de 2024, esse percentual estava em 38%. Já em junho, considerando a primeira quinzena, o custo de produção recuou 2%, enquanto o preço médio da ave abatida caiu 13%, resultando em um spread de 36%.

Exportações em retração acentuada

O impacto dos embargos também foi sentido nas exportações. Em maio, o Brasil embarcou 336 mil toneladas de carne de frango in natura, volume 17,4% inferior ao de abril de 2025 e 21,9% menor na comparação com maio de 2024. O preço médio de exportação caiu 1,9% frente ao mês anterior.

Na parcial de junho (até a segunda semana), a projeção é de queda ainda mais acentuada nos embarques: retração de 25,3% em relação a junho de 2024. Além disso, o preço médio em dólares também apresenta tendência de baixa, com recuo de 3,3%.

Produção ainda não desacelera, mas tendência é de redução

Os dados do Serviço de Inspeção Federal (SIF) apontaram queda de 4% no volume de abates em abril, seguida de uma alta de 7% em maio, na comparação com os mesmos meses de 2024. No primeiro trimestre, o IBGE já havia registrado aumento médio de 2,3% na produção.

No entanto, a expectativa é de que os alojamentos de pintainhos estejam sendo reduzidos em junho, o que poderá gerar menor oferta de frangos abatidos a partir da segunda quinzena de julho, considerando o ciclo produtivo médio de 45 dias.

Expectativas para alívio nos bloqueios e incertezas nas exportações

Apesar da competitividade da carne de frango frente a outras proteínas, como o dianteiro bovino e a meia carcaça suína, os preços internos seguem sob risco de novas quedas, especialmente diante do desafio logístico e financeiro de remanejar estoques acumulados.

Há uma expectativa de que os embargos comecem a ser retirados gradualmente, caso não haja novos casos de gripe aviária até 16 de junho. Ainda assim, o fim do vazio sanitário no Rio Grande do Sul, previsto para 19 de junho, não garante automaticamente a retomada das exportações. A decisão final depende dos importadores.

A China, por exemplo, determinou embargo de 60 dias a partir de 16 de maio. União Europeia, Coreia do Sul e Canadá mantêm restrições a todo o território brasileiro. Já países como México, Japão, Emirados Árabes e Arábia Saudita limitaram os bloqueios apenas ao estado gaúcho.

Custo de produção alivia parte da pressão

Apesar do cenário desafiador para as exportações, os custos de produção apresentam viés positivo. O milho, após meses de valorização, voltou a recuar com os bons resultados da safrinha, e o farelo de soja também segue com preços mais baixos — fatores que trazem algum alívio ao setor produtivo.

Fonte: Portal do Agronegócio

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