Nos últimos 12 meses, o preço da carne bovina subiu 29,5%, de acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA), calculado pelo IBGE. Entre os motivos, estão a pouca oferta de gado para abate, o longo período de seca e a desvalorização da moeda brasileira. Por esse motivo, muitos consumidores passaram a procurar outras fontes de proteína animal para consumo. O ovo é um alimento completo, rico em ácidos graxos saturados e insaturados, aminoácidos, minerais, vitaminas e carotenoides. 

A intensificação do consumo de ovos foi antecipada pela Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), que prevê um aumento de 6% na ingestão do insumo no país em 2021. A pesquisa também indica que a produção dessa proteína aumentará 5% neste ano. Para dar conta do novo ritmo de consumo, é necessário investir na nutrição ideal das galinhas. Afinal de contas, aves saudáveis produzem ovos de qualidade. 

A dieta de poedeiras visa manter a produtividade, saúde e bem-estar do animal e é formulada a partir de informações de idade, genética, temperatura, instalações, mercado do ovo, etc. Com base nessas e outras características específicas, é possível adequar os níveis nutricionais necessários para obter a melhor viabilidade econômica da produção. 

Reposição de nutrientes

O nutricionista animal da Quimtia Gabriel Dessimoni afirma que "se algum dos nutrientes não for reposto na quantidade correta, pode haver comprometimento de várias funções metabólicas e na saúde das aves, inclusive na formação dos ovos". Um exemplo citado por ele é a reabsorção do cálcio presente nos ossos para formação da casca do ovo. 

"Outra situação que diminui a qualidade final dos ovos é o estresse calórico das galinhas. Com a temperatura do ambiente muito alta, as aves aumentam a frequência respiratória com o propósito de reduzir a temperatura corporal", explica o nutricionista. "Assim, a concentração de carbonato no sangue diminui e, consequentemente, há falta desse elemento para compor a casca do ovo", ressalta. 

Nesse cenário, algumas medidas podem e devem ser tomadas, como: o ajuste nutricional das dietas, utilização de aditivos e repositores de minerais, maior inclusão de vitamina C e resfriamento da água, de acordo com as especificações do nutricionista responsável. 

Para que o ovo seja ainda mais benéfico para o consumo humano, existe ainda um processo de enriquecimento das gemas. Nele, são usados ácidos graxos específicos, minerais, vitaminas e substâncias biologicamente ativas na alimentação das aves para que o ovo mantenha a sua qualidade. 

Controle de qualidade

Dessimoni alerta: "é preciso identificar se os ovos estão livres de contaminantes biológicos - como fezes e sujidades -, além de não conterem trincas ou rachaduras. Devem ter aparência, cor e cheiros normais e, ao serem quebrados para consumo, não podem apresentar característica líquida e espalhamento da clara, pois isso são indícios de deterioração". 

Para evitar esse problema, é necessário tomar cuidado no momento de recolher os ovos da granja, pois quanto maior o tempo que ficam junto às galinhas, maior a probabilidade de acidentes. O processo de transporte e manuseio até chegar às prateleiras para o consumidor final também são fundamentais, visto que se trata de um alimento frágil.