Ou, ao menos, assinalado: em 2013 o Brasil completou 10 anos ininterruptos na liderança das exportações mundiais de carne de frango.

Como, à primeira vista, esse posicionamento não corre risco, em 2014 o País entra em sua segunda década à frente dos demais exportadores, devendo manter o mesmo posicionamento por todo o período, como sugerem diversos órgãos internacionais. Mesmo assim, a atividade pede atenção, pois seu encaminhamento atual é bem diferente do observado 10 anos atrás.

Não que se espere a repetição do ocorrido nos cinco primeiros dos anos 2000. Pois o que então se registrou em termos de exportação brasileira foi simplesmente avassalador. Basta dizer que, de 2000 para 2004, enquanto as exportações mundiais de carne de frango aumentavam perto de 25% (de 4,8 para pouco mais de 6 milhões de toneladas), as do Brasil passavam de 870 mil toneladas para 2,416 milhões de toneladas – 178% de aumento!

Saltando para os tempos atuais, vê-se que tudo mudou. E muito. Pois se no início do século alcançou-se aumento de 178% em apenas quatro anos, o previsto agora para idêntico espaço de tempo é um incremento de apenas 10%.

Culpa, claro, da crise econômica que vem assombrando o mundo desde 2008. E que levou não só a uma desaceleração das importações, mas também – em grande número de países – à busca da produção própria como forma de reduzir custos internos.

Resultado: mesmo mantendo a liderança, a participação brasileira nas exportações mundiais de carne de frango – que entre 2000 e 2004 subiu de quase 18% para perto de 40% - agora se encontra em lento (porém contínuo) processo de recuo (de 37% para 33,5% no quinquênio).

Mas – esta é a pergunta que se faz – dá para botar a culpa exclusivamente na crise econômica mundial? Aparentemente, não. Sobretudo depois de constatado que, embora em ritmo mais lento que há 10 anos, as exportações globais de carne de frango continuam em expansão, apresentando evolução não muito distante da observada no quinquênio 2000/2004. Lá, o volume global movimentado pelas exportações cresceu 24%; agora (2010/2014) a previsão é de uma expansão de 21%, apenas três pontos percentuais a menos.

Em resumo, o exportador líder enfrenta problemas para manter a posição. E esses problemas – não há a menor dúvida – estão relacionados ao Custo Brasil. Por conta dele, o País vai perdendo espaço no comércio mundial. E não é só com a carne de frango.