Aquicultura e Pesca

FAIRR: Falta de Rastreabilidade na Cadeia de Produção de Peixes e Frutos do Mar Aumenta Riscos para Investidores

Empresas do setor não estão cumprindo exigências de transparência, colocando em risco a sustentabilidade do negócio e a confiança dos acionistas


Publicado em: 10/12/2024 às 07:30hs

FAIRR: Falta de Rastreabilidade na Cadeia de Produção de Peixes e Frutos do Mar Aumenta Riscos para Investidores

A ausência de mecanismos adequados de rastreabilidade na cadeia de produção de peixes e frutos do mar está expondo grandes empresas do setor a riscos significativos. Um relatório divulgado pela FAIRR Initiative nesta quarta-feira (4) revela que, embora todas as sete principais companhias globais reconheçam o crescente risco regulatório, apenas duas delas — Charoen Pokphand Foods e Thai Union — estão tomando medidas para aumentar a transparência em suas operações.

Riscos financeiros e ambientais associados à falta de rastreabilidade

A falta de rastreabilidade eficaz coloca em risco tanto a sustentabilidade das operações quanto a segurança dos investidores. A FAIRR, associação global de investidores com US$ 78 trilhões sob gestão, alerta que as cadeias de fornecimento pouco transparentes dificultam a compreensão das conexões entre os produtos consumidos e problemas ambientais e sociais reais, como violações de direitos humanos, destruição de habitats naturais e práticas de pesca predatória.

"Com 20% dos frutos do mar selvagens provenientes de pesca ilegal, não regulamentada e não reportada, a verdadeira origem do peixe permanece incerta. Para os investidores, isso não é apenas uma questão de transparência, mas um risco financeiro e reputacional crescente", destaca Sofía Condés, diretora de Engajamento com Investidores da FAIRR.

Progresso e desafios enfrentados pelas empresas

Das sete maiores produtoras do setor, cinco ainda não possuem compromissos de rastreabilidade ou têm compromissos parciais que cobrem apenas algumas operações ou espécies. Empresas como Marubeni Corporation, Maruha Nichiro Corporation, Mitsubishi Corporation, Nissui Corporation e Nomad Foods Ltda estão entre as que apresentam os piores resultados no relatório.

Este levantamento serve de base para o programa de engajamento da FAIRR, que visa monitorar o progresso das empresas na implementação de soluções robustas de rastreabilidade ao longo dos próximos anos. Embora todas as sete companhias reconheçam os riscos crescentes relacionados à falta de transparência, nenhuma delas apresentou planos para adotar sistemas digitais de rastreabilidade totalmente integrados e interoperáveis, colocando seus acionistas em risco.

Expectativas para o futuro: melhorias na rastreabilidade e engajamento corporativo

Apesar dos desafios, a primeira fase do programa de engajamento indicou avanços promissores no envolvimento corporativo. Em 2025, o programa passará para sua segunda fase, com a adesão de mais investidores, e a FAIRR, junto a seus parceiros, continuará a incentivar as empresas a implementarem sistemas eficazes de rastreabilidade nas suas cadeias de suprimentos.

“Nós, investidores, desempenhamos um papel fundamental ao ressaltar a necessidade de sistemas de rastreabilidade mais robustos, e as empresas parecem estar cientes disso”, afirma Dai Yamawaki, gerente sênior de Portfólio da Nomura Asset Management. “Contudo, a conscientização por si só não é suficiente. Esperamos ver ações proativas para melhorar a rastreabilidade e suas divulgações nas empresas.”

Karl Høgtun, analista sênior de Investimentos Responsáveis da DNB Asset Management, conclui: “Garantir sistemas alimentares sustentáveis é essencial para a biodiversidade global. As melhores práticas exigem rastreabilidade robusta e um alto nível de transparência.”

Fonte: Portal do Agronegócio

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