Aquicultura e Pesca

Estudo da Embrapa aponta crescimento e oportunidades para exportação de tilápia brasileira na Europa e EUA

Pesquisa mapeia mercado internacional de tilápia e aponta oportunidades para o Brasil


Publicado em: 07/10/2025 às 10:10hs

Estudo da Embrapa aponta crescimento e oportunidades para exportação de tilápia brasileira na Europa e EUA
Foto: Principal peixe produzido e exportado pelo País, a tilápia é o carro-chefe da aquicultura nacional. Foto: Jefferson Christofoletti

Um estudo realizado pela Embrapa Pesca e Aquicultura identificou novas oportunidades e desafios para produtores brasileiros de tilápia nos mercados da Europa e dos Estados Unidos. A pesquisa avaliou consumo, exportações e competitividade, destacando a tilápia como carro-chefe da aquicultura nacional.

Apesar do crescimento consistente da produção no Brasil, o estudo aponta que o país ainda possui grande potencial, beneficiando-se de características naturais como qualidade da água e disponibilidade de áreas de produção.

Consumo na Europa e nos Estados Unidos: cenários distintos

O consumo per capita de tilápia na Europa é baixo, em média 39 gramas por habitante ao ano, com exceção da Bélgica (147 g/habitante/ano). O consumo é mais nichado, concentrado em grupos étnicos latino-americanos, árabes, asiáticos e africanos.

Nos Estados Unidos, o consumo é significativamente maior, 460 gramas por habitante ao ano, tornando a tilápia uma das principais opções de peixe de carne branca desde a década de 1990.

Segundo Manoel Pedroza, pesquisador da Embrapa,

“Nos EUA, a tilápia se tornou popular em todos os segmentos de consumidores, tanto fresca quanto congelada. Na Europa, o consumo continua limitado a nichos de mercado e produtos com preços mais acessíveis.”

Impacto do tarifaço nos EUA e resiliência do setor

O recente tarifaço imposto pelo governo de Donald Trump afetou as exportações brasileiras, mas em menor intensidade do que o previsto. Em agosto de 2025, o primeiro mês da medida, houve queda de 32% nas exportações em toneladas em comparação com agosto de 2024.

Pedroza observa que

“O resultado mostra que o Brasil mantém presença relevante no mercado norte-americano, mesmo com tarifas mais altas.”

Oportunidades para tilápia congelada e fresca

No mercado norte-americano, o estudo identifica crescimento potencial na exportação de tilápia congelada, que possui maior demanda e permite ampliar a presença brasileira, atualmente mais forte em filé fresco.

Na Europa, a exportação de produtos frescos é apontada como oportunidade promissora. A pesquisa sugere que os exportadores brasileiros podem se beneficiar da boa reputação do filé fresco nacional e da ampla oferta de voos para transporte aéreo, essencial para produtos frescos.

Estratégias de diferenciação, comunicação e marketing para expandir o consumo além dos nichos étnicos são recomendadas, assim como competir com outras espécies de filé branco, como panga, polaca do Alasca e perca do Nilo.

Principais desafios para produtores brasileiros
  • Europa:
    • Baixo conhecimento do produto entre consumidores gerais;
    • Necessidade de preços competitivos;
    • Diferenciação pela qualidade frente a espécies similares.
  • Estados Unidos:
    • Aumento de tarifas de exportação;
    • Pressão para redução de preços e aumento da competitividade;
    • Logística para produtos frescos;
    • Exigência de certificação internacional.
Produção mundial e posição do Brasil

Entre 2013 e 2023, a produção global de tilápia cresceu 43%, passando de 4,75 milhões para 6,78 milhões de toneladas.

Principais produtores em 2023:

  • China: 1,8 milhão de toneladas (27%);
  • Indonésia: 1,4 milhão (21%);
  • Egito: 960 mil (14%).

O Brasil ocupa a quarta posição mundial, com 440 mil toneladas, representando 7% da produção global. Em 2013, o país produzia 170 mil toneladas (4%) e ocupava a oitava posição.

Mercado europeu de tilápia

Na Europa, a tilápia é a sexta espécie de peixe branco mais importada, com 36,6 mil toneladas em 2024, representando 11% do volume da polaca do Alasca e 47% do panga.

Nos últimos dez anos, as importações europeias se mantiveram estáveis em torno de 35 mil toneladas por ano, com aumento de 13,5% em valor e apenas 2,4% em volume. Entre os principais fornecedores, seis são reexportadores e quatro são asiáticos: China, Vietnã, Indonésia e Tailândia (dados do Eumofa).

Mercado norte-americano de tilápia

Nos EUA, a tilápia foi a segunda espécie mais importada em 2024, com 185,5 mil toneladas (13% do total), atrás apenas do salmão.

Em valor financeiro, movimentou mais de US$ 740 milhões, equivalente a 6% do total de importações de pescado. O Brasil foi o quarto maior exportador, representando 7% do valor e 5% do peso, enquanto em 2014 não figurava entre os dez principais fornecedores.

Financiamento e autoria do estudo

O estudo foi realizado no âmbito do projeto “Fortalecimento das exportações brasileiras da aquicultura”, coordenado pela Embrapa Pesca e Aquicultura. O financiamento ocorreu por meio das emendas parlamentares 45000016 e 31760007, com apoio da Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR).

Fonte: Portal do Agronegócio

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