Publicado em: 27/10/2025 às 12:30hs
Pesquisadores da Embrapa Pesca e Aquicultura (TO) identificaram que cápsulas de alho (Allium sativum), vendidas em farmácias, podem ser utilizadas como uma solução natural para controlar parasitas que afetam alevinos de pirarucu (Arapaima gigas), peixe de alto valor comercial e símbolo da Amazônia. A descoberta aponta para uma redução no uso de produtos químicos, melhoria no bem-estar animal e diminuição de perdas na produção.
Publicado na revista Veterinary Parasitology, o estudo mostrou que o alho foi eficaz contra dois parasitas comuns: os protozoários tricodinídeos e o verme das brânquias Dawestrema cycloancistrium. Estes organismos podem causar mortalidade em larga escala nos criadouros.
A pesquisa testou diferentes concentrações de alho em banhos estáticos de 96 horas: 2,5 mg; 5 mg; 7,5 mg e 10 mg por litro de água. Os resultados mostraram:
As cápsulas utilizadas tinham 500 mg e 1.000 mg de alho, e os pesquisadores calcularam as dosagens conforme a concentração necessária no litro de água. Para identificar os protozoários mortos, o muco dos peixes foi analisado com corante específico, permitindo quantificação sob microscópio.
Durante o experimento, não houve mortalidade nem alterações comportamentais nos alevinos. A pesquisadora Patrícia Oliveira Maciel Honda, coordenadora do estudo, destacou que o alho se mostra promissor como alternativa fitoterápica, especialmente na concentração de 5 mg/L por quatro dias de tratamento. Apesar de ser conhecido por efeito imunoestimulante, nenhum benefício adicional nesse sentido foi observado nos peixes avaliados.
O tratamento com alho é recomendado durante o treinamento alimentar dos alevinos, quando eles são colocados em caixas d’água para adaptação à ração. O ideal é observar sinais clínicos de parasitismo, como inapetência, flashing (coçar-se nas laterais do tanque), apatia, brânquias pálidas ou escurecimento da pele (melanose). Peixes com sintomas avançados devem ser descartados, e o tratamento deve ser aplicado de forma profilática ao restante do lote.
Outro momento adequado é antes do transporte dos alevinos, período em que o estresse pode reduzir a imunidade, aumentando a vulnerabilidade aos parasitas.
Estudos anteriores coordenados por Maciel, publicados no Journal of Fish Diseases, comprovaram a eficácia do cloreto de sódio (sal de cozinha) e do triclorfon no combate ao parasita D. cycloancistrium. Resultados demonstraram:
A pesquisa concluiu que banhos longos não são indicados para peixes muito parasitados, pois o animal debilitado não resiste ao tratamento químico.
O estudo reforça o potencial do alho como alternativa natural na piscicultura, sem efeitos adversos registrados. A Embrapa está aberta a parcerias com indústrias para desenvolvimento de produtos fitoterápicos, inclusive para avaliação de custos e aplicação em campo. Empresas interessadas podem contatar o órgão pelo e-mail: cnpasa.spat@embrapa.br.
Fonte: Portal do Agronegócio
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