Apicultura

Própolis da Abelha-Canudo da Amazônia Acelera Cicatrização e Combate Inflamações, Revela Pesquisa

Propriedades Cicatrizantes e Anti-inflamatórias Comprovadas


Publicado em: 27/05/2025 às 10:00hs

Própolis da Abelha-Canudo da Amazônia Acelera Cicatrização e Combate Inflamações, Revela Pesquisa
Foto: Vinícius Braga

Um estudo recente realizado por pesquisadores da Embrapa Amazônia Oriental (PA) e da Universidade Federal do Pará (UFPA) demonstrou que um creme formulado com própolis da abelha-canudo — espécie nativa da Amazônia sem ferrão (Scaptotrigona aff. postica) — acelera a cicatrização de feridas e reduz a inflamação. Testado em cobaias de laboratório, o produto apresentou resultados comparáveis e até superiores a pomadas cicatrizantes comerciais, promovendo uma recuperação mais rápida e tecidos regenerados com melhor qualidade.

Influência do Ambiente de Açaizeiros na Qualidade da Própolis

A pesquisa destacou também o papel do ambiente onde a própolis foi coletada: plantações de açaí (Euterpe oleracea). A abelha-canudo é uma polinizadora eficiente do açaizeiro, e o contato com essa palmeira rica em compostos fenólicos e antocianinas pode ter contribuído para a alta concentração de substâncias bioativas encontradas na própolis. Essas substâncias antioxidantes são fundamentais para as propriedades medicinais do produto, cuja qualidade superou em muito os índices mínimos estabelecidos pelo Ministério da Agricultura.

Resultados Detalhados do Estudo

Embora a avaliação visual mostrasse que tanto o creme de própolis quanto a pomada comercial reduziam o tamanho das feridas de forma semelhante, a análise microscópica revelou diferenças importantes. O tratamento com o creme à base de própolis resultou em uma regeneração mais rápida das fibras colágenas tipo 1 e tipo 3 — essenciais para o suporte estrutural dos tecidos — e em uma resposta inflamatória significativamente menor. Esses efeitos são atribuídos à alta concentração dos compostos bioativos presentes na própolis da abelha-canudo.

Vantagens do Biofármaco à Base de Própolis

Este é o primeiro relato científico de um creme cicatrizante com própolis oriunda de colmeias instaladas em áreas de cultivo de açaí. Além da eficácia no tratamento, o produto oferece menor risco de efeitos colaterais, reduz resíduos químicos e utiliza conservantes em quantidades mínimas, reforçando seu potencial como biofármaco sustentável e natural.

Uso Tradicional e Função das Abelhas na Natureza

A própolis é um bioproduto conhecido e utilizado por populações humanas desde a Antiguidade, com aplicações que vão da medicina à cosmetologia. Nas colmeias, as abelhas usam a própolis para proteger e isolar o ambiente, cobrindo frestas e prevenindo infecções microbianas. Diferente de outras abelhas nativas amazônicas, a abelha-canudo produz uma própolis livre de contaminantes do solo, já que não adiciona barro à composição.

Relação com a Meliponicultura e a Produção de Própolis

A abelha-canudo, devido ao seu porte pequeno e comportamento de visita tanto às flores masculinas quanto femininas do açaí, é uma excelente polinizadora, o que tem incentivado a instalação de colmeias para aumentar a produtividade do cultivo. A produção de própolis dessa espécie é maior que a de outras abelhas nativas, o que torna a meliponicultura — criação de abelhas sem ferrão — uma atividade promissora na região.

No experimento, as abelhas voaram até 300 metros para coletar substâncias nas plantações de açaí, o que reforça a influência desse ambiente na composição e qualidade da própolis produzida.

Desafios para a Comercialização e Novos Produtos

Apesar do potencial, a produção de própolis por colmeia ainda é pequena, exigindo muitos produtores para viabilizar a comercialização em escala. Além da própolis, pesquisadores também estudam o pólen produzido pela abelha-canudo, um alimento rico em aminoácidos. Já o mel da espécie, embora diferenciado, ainda não é produzido em quantidade comercialmente viável.

Pesquisa e Valorização da Biodiversidade Amazônica

O estudo integra uma linha de pesquisa da Embrapa Amazônia Oriental, em parceria com universidades e agricultores locais, focada em valorizar os bioprodutos da biodiversidade regional. Realizado no Centro de Valorização de Compostos Bioativos da Amazônia, o trabalho contou com apoio do projeto Agrobio, financiado pelo Fundo Amazônia do BNDES. O artigo completo foi publicado na revista científica Molecules.

Fonte: Portal do Agronegócio

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