Publicado em: 24/11/2025 às 13:30hs
A apicultura se consolida como uma das atividades mais sustentáveis do agronegócio, conciliando produção, preservação ambiental e desenvolvimento rural. De acordo com o zootecnista e fundador da HP Agroconsultoria, Heber Luiz Pereira, a criação de abelhas exige pouca área, não provoca degradação ambiental e depende da manutenção da vegetação nativa, o que a torna estratégica diante da busca por maior produtividade sem expansão das fronteiras agrícolas e do aumento da demanda por produtos com responsabilidade socioambiental.
“A apicultura representa um modelo de produção que equilibra eficiência econômica e conservação ambiental”, ressalta Heber.
Apesar do potencial, a expansão da apicultura no Brasil depende da integração formal e dialogada entre apicultores e agricultores. Esse relacionamento é fundamental para garantir o uso legal das áreas, reduzir conflitos e criar sinergias produtivas que beneficiam os dois segmentos.
Heber destaca que essa convivência nem sempre é simples, já que o setor reúne perfis distintos de produtores — desde pequenos apicultores com apenas um apiário até empreendedores que gerenciam colmeias em diferentes regiões, muitas vezes com pouco contato com as comunidades rurais locais.
Historicamente, a apicultura e a agricultura se desenvolveram de forma paralela, com baixa articulação entre produtores rurais e criadores de abelhas. Essa desconexão tem provocado conflitos territoriais e operacionais, sobretudo em regiões de pequenas propriedades e uso intensivo de defensivos agrícolas.
Por outro lado, experiências baseadas em comunicação prévia, planejamento conjunto e acordos formais de uso das áreas têm mostrado resultados positivos, promovendo cooperação, segurança e aumento da produtividade.
A criação de um ambiente de confiança mútua é o primeiro passo para consolidar essa integração. Enquanto os apicultores oferecem serviços de polinização, que aumentam a produtividade e a qualidade dos frutos e grãos, os agricultores contribuem com acesso às floradas cultivadas, manutenção de estradas e acessos, além de proteção territorial e vigilância das áreas utilizadas.
Os acordos formais e termos de cooperação são o reflexo do diálogo bem-sucedido. Eles proporcionam segurança jurídica aos apicultores, reduzem riscos de penalizações ambientais e reforçam o reconhecimento da apicultura como parte legítima do sistema agropecuário.
A formalização também contribui para diminuir a mortalidade das abelhas, uma vez que incentiva o uso racional de defensivos agrícolas e o manejo responsável das colmeias, aproximando os produtores da profissionalização e da responsabilidade ambiental.
O uso de áreas de preservação para a atividade apícola está previsto em lei. O Código Florestal (Lei nº 12.651/2012) estabelece que Áreas de Preservação Permanente (APPs) e Reservas Legais (RLs) devem ser mantidas, mas permite o uso sustentável desde que as atividades sejam não predatórias, reversíveis e ambientalmente compatíveis.
Nesse contexto, a apicultura se destaca como uma das poucas atividades plenamente alinhadas à conservação ambiental, pois não exige supressão de vegetação, não causa erosão ou poluição e ainda estimula a regeneração natural e a polinização.
Contudo, a falta de informação técnica ainda gera insegurança entre apicultores, levando muitos à informalidade — o que limita o acesso a crédito rural, políticas públicas, certificações e programas institucionais de compra.
Formalizar o uso de APPs e RLs para fins apícolas representa uma oportunidade de consolidar a apicultura como modelo de produção ecológica eficiente. Com transparência, regularização ambiental e profissionalismo, o setor pode integrar-se plenamente ao sistema produtivo nacional, gerando diversificação econômica, conservação da biodiversidade e fortalecimento social no campo.
A apicultura é produtiva, sustentável e regenerativa, mas seu reconhecimento como atividade estratégica do agronegócio depende de diálogo contínuo e formalização das práticas.
Com acordos legais e relações cooperativas, os apicultores podem acessar mercados mais exigentes, obter selos de qualidade e denominação de origem, e aumentar o valor agregado de seus produtos.
“Somente com diálogo e cooperação é possível transformar o potencial biológico das abelhas em prosperidade compartilhada, harmonizando produção, conservação e inclusão no campo”, conclui Heber Luiz Pereira.
Fonte: Portal do Agronegócio
◄ Leia outras notícias