Publicado em: 02/07/2014 às 12:00hs
Estudo realizado pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) sinaliza que os custos para implantar lavouras de soja, milho e algodão vão aumentar em 2014/15 em relação ao ciclo que está em fase final. Isso deverá se somar à tendência de preços mais baixos neste segundo semestre e espremer as margens de lucro no campo.
Nas contas do Imea, semear um hectare de soja transgênica, que prevalece nas lavouras da oleaginosa do Estado, terá um custo total de R$ 2.411,56, 5,2% acima de 2013/14. "Este aumento já era aguardado pelo mercado, em virtude da maior demanda pelos insumos, além de a alta do dólar também contribuir para este aumento", diz boletim do instituto.
Diante da incerteza em relação aos preços nos próximos meses, que deverão ser pressionados por uma enxurrada de soja americana no mercado a partir de setembro, o Imea afirma que a produção de grãos mato-grossense "parece estar saindo de um ciclo de vacas gordas e indo para um de vacas magras" - e sugere que o momento é de guardar dinheiro para as safras que virão. "Utilizando como base o preço de paridade atual próximo a R$ 46 por saca, a margem de lucro da próxima safra fica bastante arroxada", analisa a entidade. Para efeito de comparação, a saca no Estado encerrou a última semana a R$ 55,08, em média.
A provável ocorrência do fenômeno El Niño no segundo semestre poderá até favorecer as cotações da soja em Mato Grosso, especialmente entre o fim deste ano e início do próximo, caso as chuvas trazidas pelo fenômeno prejudiquem as lavouras do sul da América do Sul. Mas tudo dependerá da intensidade e do momento em que essas precipitações vierem, porque elas também podem ser favoráveis à produtividade e ajudar a pressionar os cotações.
Na segunda-feira, a tendência de queda da oleaginosa foi reforçada por um relatório divulgado pelo Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) que estimou uma área recorde de 34,3 milhões de hectares semeada no país em 2014/15, 11% mais que em 2013/14. O impacto dos números fez os contratos de soja para agosto (que ocupam a segunda posição de entrega, normalmente as de maior liquidez) fecharem a segunda-feira em forte queda de 3,5%, mas o recuo foi suavizado ontem e ficou em 0,15%, para US$ 13,2775 por bushel. A trajetória do milho foi semelhante: após perdas que superaram os 5% nos lotes para setembro na segunda-feira, ontem a baixa se limitou a 0,66%, para US$ 4,16 por bushel.
Apesar da estimativa de que a área plantada de milho nos EUA nesta safra tenha sido a menor desde 2010, sobre o cereal pesam os amplos estoques americanos, que contribuem para que o cenário de preços também seja baixista e amplifica as preocupações mato-grossenses quanto à lucratividade.
O custo de produção do milho de alta tecnologia para a safra 2014/15 no Estado, que será plantada apenas entre fevereiro e março do ano que vem, está estimado pelo Imea em R$ 1.912,74 por hectare, 0,5% acima de 2013/14. Apesar do aumento ser pouco expressivo, o agricultor de Mato Grosso enfrenta margens negativas com o milho desde 2012/13, com sua lucratividade sendo assegurada pela soja. Agora, o temor é que uma atividade não ajude a compensar a outra.
Para o algodão, o Imea prevê uma alta mais expressiva no custo total em 2014/15: 5,46%, para R$ 6.685,83 por hectare. Os custos variáveis devem ficar em R$ 6.304,62 por hectare e, com isso, para atingir o ponto em que a produção cobre os custos variáveis o produtor precisará receber R$ 63,22 por arroba, valor 5,3% acima da atual safra. Apesar dos baixos estoques das indústrias no Brasil, valorizações deverão ser limitadas pela expectativa de boa produção nos EUA, o que tende a fazer os preços andarem de lado e até sofrerem quedas no longo prazo, conclui o Imea.
Fonte: Canal do Produtor
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