Oferta segura preço do etanol na entressafra

A entressafra de álcool começa, mas o consumidor terá um preço do combustível com menos sobressaltos neste período, que vai até abril, do que em anos anteriores


Publicado em: 19/12/2014 às 12:30hs

Oferta segura preço do etanol na entressafra

Antonio de Padua Rodrigues, diretor da Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar), diz que nesta entressafra não haverá impacto nos preços. O volume de combustível disponível é grande e quem elevar preço perderá participação no mercado, diz.

Tradicionalmente, o etanol tem forte reajuste de preços no início de ano, devido à paralisação da colheita de cana e à oferta menor de produto.

O etanol está com uma paridade de 65% atualmente, em relação à gasolina, conforme pesquisa da Folha na cidade de São Paulo.

Os dados da pesquisa indicam valores médios de R$ 1,875 para o litro de etanol e de R$ 2,874 para o de gasolina na capital paulista.

Apesar dessa melhora na oferta de etanol, 2014 foi um ano difícil para o setor, tanto em relação às gestões de produção e financeira como nos resultados econômicos, segundo Elizabeth Farina, presidente da Unica. "Foi um período de muita esperança, mas de pouca realização."

E o cenário continua sem definições, enquanto o país não souber qual o papel das energias renováveis na matriz energética, segundo ela.

Padua diz que nesta reta final do ano os números de moagem de cana mostram que a situação não foi tão ruim como se previa.

Os dados apontam para uma moagem de 567 milhões de toneladas de cana, acima dos 545 milhões previstos em agosto, mas 5% inferior aos 597 milhões da safra anterior.

A recuperação no final de safra não foi suficiente para reverter as perdas com a quebra agrícola e a redução de moagem. Essas perdas deverão atingir R$ 3 bilhões.

Ainda é difícil uma previsão para 2015, mas a condição climática e a situação financeira das usinas impedem uma alta da produção. "Na melhor das hipóteses, repete-se 2014", diz Padua.

A mais recente estimativa da Unica indica uma produção de açúcar de 31,9 milhões de toneladas na região centro-sul em 2014/15, 7% menos do que em 2013/14. Já a produção de álcool sobe para 25,8 bilhões de litros, 1% mais.

Chuvas de novembro 1: A condição climática adversa durante a safra 2014/15 levou o setor sucroenergético a apostar em queda de até 30% na produtividade da cana de outubro a novembro.

Chuvas de novembro 2: O retorno das chuvas, principalmente em novembro, fez com que o setor reavaliasse a produção para 63 toneladas de cana por hectare em São Paulo, acima das 50 toneladas previstas anteriormente.

Mais afetado: Os produtores paulistas tiveram as maiores quedas de produtividade. Dados da Unica projetam recuo de 12,1% em São Paulo, ante 1,2% nos demais Estados do centro-sul.

Mais álcool: As usinas estiveram voltadas mais para o etanol nesta safra do que para o açúcar. Pelo menos 57% da cana foi destinada à produção do combustível.

Crise financeira: No próximo ano, nove usinas deverão fechar as portas devido às condições financeiras que vivem. Uma, em Minas Gerais, entra em operação.

Custos: O produtor norte-americano vai ter um alívio nos custos ligados diretamente à produção, como fertilizantes e combustíveis, no próximo ano, segundo o Usda (Departamento de Agricultura dos EUA).

Sobem: Já os demais custos como terra, mão de obra e seguros vão subir. Enquanto os custos operacionais devem recuar 3%, os demais vão ter elevação de 2% em 2015, aponta o órgão.

Fonte: Folha de S. Paulo

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