O mercado do suíno em setembro

Os preços do suíno vivo e da carne suína tiveram novas altas em setembro, ainda em decorrência principalmente da menor oferta de animais prontos para abate


Publicado em: 14/10/2013 às 19:30hs

O mercado do suíno em setembro

Nos mercados independentes de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul, as cotações do vivo atingiram recordes nominais, considerando-se a série histórica do Cepea, iniciada em 2004. No Oeste de Santa Catarina e na Serra Gaúcha (RS), os maiores patamares foram verificados no dia 24 de setembro, de R$ 3,49/kg e de R$ 3,36/kg, respectivamente. Em termos reais (deflacionando-se pelo IPCA de ago/13), esses valores foram os maiores desde o início deste ano – no oeste catarinense, desde 25 de janeiro (R$ 3,52/kg) e na Serra Gaúcha, desde 5 de fevereiro (R$ 3,39/kg).

Ao longo do primeiro semestre, os baixos valores pagos pelo suíno vivo fizeram com que produtores ofertassem um volume maior de cabeças para manutenção da atividade. Em setembro, os animais ainda estavam com peso abaixo do ideal para abate, restringindo a quantidade ofertada. Além disso, alguns produtores relataram que houve uma redução no plantel de matrizes no ano passado, e os efeitos estariam sendo sentidos no setor neste semestre.

No atacado, segundo representantes de frigoríficos consultados pelo Cepea, os altos patamares de preços reduziram a liquidez ao longo de setembro, mesmo sendo um período em que as negociações tendem a se aquecer por conta da formação de estoques para o fim do ano.

Na média de setembro, o suíno vivo negociado no Oeste Catarinense foi cotado a R$ 3,29/kg, aumento de 13,4% em relação ao preço médio de agosto e de 28% comparado ao valor praticado em setembro do ano passado. Na Serra Gaúcha, a média mensal, de R$ 3,24/kg, ficou 14,5% superior à de agosto e 17,4% maior que a de set/12.

Em Belo Horizonte, o quilo do vivo foi cotado na média de R$ 3,76 em setembro, variação positiva de 8% sobre agosto e de 25% frente a set/12. Na região SP-5 (Bragança Paulista, Campinas, Piracicaba, São Paulo e Sorocaba), a cotação média do animal foi de R$ 3,55/kg, aumentos de 9,2% e de 27,2%, respectivamente.

Exportações

Depois de subir por dois meses seguidos, as exportações brasileiras de carne suína in natura voltaram a cair em setembro. Foram embarcadas 39,9 mil toneladas do produto, volume 12,7% menor que o de agosto e 26,8% inferior ao registrado em set/12 – dados Secex. Com a queda, a meta de atingir ao menos a quantidade enviada ao exterior no acumulado de 2012, de 499 mil toneladas, fica ainda mais distante. De janeiro a setembro deste ano, foram embarcadas 331,9 mil toneladas.

A receita obtida por exportadores de carne suína in natura também caiu, 10,2% entre agosto e setembro, totalizando R$ 257,36 milhões – em relação a setembro do ano passado, a baixa foi de 13,1%. Em dólar, o montante foi de US$ 113,4, 7,2% inferior ao do mês anterior e 22,4% menor que o arrecadado em set/12.

Nem mesmo o preço maior de exportação, tanto em dólar como em Real, sustentou a receita obtida com os embarques de setembro. Em média, o preço da carne exportada foi de US$ 2,84/kg no mês passado, 6,2% maior que o de agosto e 6,1% superior ao de set/12. Vale ressaltar que esse aumento nos preços da carne, conforme mostra a série da Secex, é comum de agosto para setembro. Em moeda nacional, apesar da desvalorização de 3,2% do dólar – que passou para R$ 2,27 em setembro –, o preço médio também subiu (2,8% sobre agosto e 18,7% em relação a set/12), para R$ 6,45/kg.

Carnes concorrentes

No mercado de carnes, a média mensal da carcaça comum suína comercializada no atacado da Grande São Paulo foi de R$ 5,26 em setembro, aumento de 8,2% em relação à de agosto e de 24% sobre setembro/12 Para a carcaça especial, o preço médio, de R$ 5,51/kg, ficou 8% acima do de agosto/13 e 22,7% superior ao de setembro/12.

Ainda no atacado paulista, a carcaça comum suína registrou valorização de 7,7% no acumulado de setembro, com o quilo do produto encerrando o mês comercializado a R$ 5,44. Para a carcaça especial suína, o aumento no preço foi de 10%, com a média do dia 30 a R$ 5,78/kg.

Entre as carnes concorrentes (bovina, suína e de frango) comercializadas no atacado paulista, a de frango foi a que mais se valorizou em setembro. A média do quilo do resfriado, de R$ 3,92 no dia 30, correspondeu a uma alta de 17% no acumulado do mês. Para a carcaça casada bovina, o aumento foi de 11,5% em igual período, com o quilo negociado a R$ 7,24 no dia 30.

Relação de troca de insumos

As altas nos preços do suíno vivo e quedas nos do milho favoreceram o poder de compra do suinocultor frente a este insumo em setembro. No dia 30, com a venda de um quilo do animal, o produtor paulista adquiriu 9,1 quilos de milho, 13% a mais que no dia 30 de agosto, quando o suinocultor conseguia comprar 8,05 quilos do cereal com a venda de um do vivo. Para o produtor catarinense, a venda de um quilo do vivo rendeu 8,16 quilos de milho no dia 30 de setembro, 16% a mais que no fim de agosto, quando a relação foi de 7,04 quilos do grão/vivo.

Segundo pesquisadores da área de Grãos dos Cepea, a oferta recorde de milho, os recuos das cotações externas e também nos portos e a desvalorização recente do dólar frente ao Real influenciaram as baixas internas do grão.

Além disso, o vencimento das dívidas de custeio ampliou a necessidade de venda de produtores brasileiros, que precisavam “fazer caixa”. No dia 30 de setembro, a saca de 60 quilos do cereal foi comercializada a R$ 23,36, em média, em Campinas (SP), recuo de 4,3% no mês. Em Chapecó (SC), a queda foi de 4,4%, para R$ 25,29/sc.

Frente ao farelo de soja, a relação com o vivo também melhorou ao suinocultor em setembro. Para o produtor paulista, a troca passou de 2,85 para 3,16 quilos do derivado para cada quilo do suíno vendido – melhora de 11% no poder de compra –, enquanto para o catarinense, passou de 2,65 para 2,92 quilos do derivado para cada quilo do suíno vendido, ou seja, aumento de 10,2% no poder de compra. Já se comparada a média mensal de setembro com a de agosto, verifica-se queda no poder de compra do suinocultor paulista, de 3,8%.

Conforme levantamento da equipe Grãos/Cepea, as cotações do farelo oscilaram ao longo de setembro. Para as quedas, os motivos foram a desvalorização da moeda norte-americana e os recuos externos. Já nos momentos de alta, os valores foram influenciados pela demanda. De 30 de agosto a 30 de setembro, a tonelada do farelo teve leve alta de 0,5% em Chapecó, encerrando o mês em R$ 1.191,84. Em Campinas, houve pequeno recuo de 0,1%, a
R$ 1.158,58/t.

Fonte: Cepea/Esalq

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