Publicado em: 28/05/2015 às 10:00hs
A oleaginosa ganha importância econômica, dá suporte à balança comercial sul-americana e estimula investimentos em portos e embarcações no Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai – que estão entre os cinco maiores exportadores de soja do mundo (isoladamente, atrás apenas dos Estados Unidos).
Brasil - No Brasil, barcaças e navios de grãos sobem e descem os rios Madeira, Tapajós e Amazonas, principalmente nesta época do ano. O transporte se concentra logo após a colheita, embora tenha força até o terceiro trimestre. E o potencial de rios como Tocantins e Tietê promete atrair novos investimentos em armazéns costeiros, terminais de transbordo e eclusas. Neste ano, perto de 7,9 milhões de toneladas da oleaginosa vão viajar sobre as águas no país.
Volume - 22 milhões de toneladas de soja em grão percorrem os rios da América do Sul. Esse volume corresponde a um terço das exportações. A proporção é menor no Brasil, mas vem crescendo com estruturação de portos ao Norte e Nordeste.
Paraguai - No Paraguai, os rios Paraguai e Paraná formam um Y que escoa mais de 90% da soja exportada pelo país: perto de 4,3 milhões de toneladas de janeiro a dezembro. Um volume que tende a dobrar nos próximos anos, caso a expansão na produção prevista pelo setor se concretize, aponta a Administração Nacional de Navegação e Portos (ANNP) paraguaia.
Rumo - As embarcações do Paraguai descem o mapa em direção à Argentina, onde mais de 80% da produção local exportada saem do país pelos portos fluviais da região de Rosário. Ali funciona o maior complexo fluvial exportador de grãos sul-americano. Neste ano, perto de 7 milhões de toneladas do produto em grão com origem argentina – sem contar farelo e óleo – vão descer a correnteza em direção ao Rio de La Plata, ambiente de transição entre o Rio Paraná e o Atlântico.
Total - Ao todo, são 22 milhões de toneladas – o equivalente a 35% da produção argentina ou a 23% da colheita brasileira de 2014/15 – se somadas as 2,5 milhões de toneladas de soja uruguaia exportadas pelo Rio Uruguai. As embarcações carregadas em Nueva Palmira, com a soja da principal região produtora do país (Oeste), viajam 40 quilômetros em águas fluviais até o Rio de La Plata, para também alcançarem o Atlântico.
Vantagem - A principal vantagem do transporte fluvial sobre o rodoviário é o custo. No Brasil, um estudo do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) mostra que a estruturação da hidrovia que transporta soja de Rondônia e de Mato Grosso até Belém (PA) reduz o frete de US$ 110 para US$ 65 por tonelada. Comparativos do Paraguai, com base em dados da ANNP, apontam redução de pelo menos 20% no “desconto” que o custo de transporte representa sobre a cotação da soja.
Tempo - A principal desvantagem é o tempo. O percurso de 2,5 mil quilômetros entre Porto Velho (RO) e Belém ( PA), que leva quatro horas de avião, exige uma semana na viagem sobre as águas.
No Brasil, hidrovias crescem mais que a produção - Segundo a Agência Nacional de Transporte Aquaviário (Antaq), o transporte de soja nos rios brasileiros cresceu 33,5% nos primeiros quatro anos desta década. A produção aumentou 30%, ou seja, três pontos a menos. Com isso, a proporção da safra que passa por hidrovias aumentou de 5% para 8%.
Soja - A soja representa 8,8% das cargas fluviais do país, conforme a Antaq, e cresceu 8,97% em volume no ano passado, mesmo com a escassez de chuvas e a redução no volume das águas. O que puxa esse aumento são as exportações a partir de hidrovias, que eram 1,9 milhão de toneladas em 2010 e chegaram a 3,2 milhões em 2014, ou seja, aumentaram 68% (quase o dobro do índice de 33,5%). Perto de 45% da soja que entra nos rios brasileiros vai direto ao exterior.
Avanço - Os dados marcam avanço logístico no Brasil, mas as hidrovias não estão isoladas, aponta a analista Natália Orlovicin, da INTL FCStone. Com melhora em rodovias, hidrovias e armazenagem, “isso pode fazer diferença no custo e, consequentemente, na competitividade da soja brasileira”, aponta.
Aumento - O volume de soja transportado por hidrovias no Brasil passou de 5,5 milhões (2010) para 7,34 milhões de toneladas (2014). O produto subiu uma posição e se tornou o quarto mais embarcado nos portos fluviais (atrás de bauxita, combustíveis e minério de ferro). A maior parte dessa carga (4,61 milhões de t ou 63%) percorre a região hidrográfica amazônica.
2015 - Neste ano, o transporte fluvial de soja deve somar aproximadamente 7,9 milhões de toneladas, ou seja, 8% da colheita ou 15% das exportações brasileiras do produto em grão.
Paralelo 16 - Hoje, 58% da produção anual de 165 milhões de toneladas de milho e soja do país ocorre acima da linha do paralelo 16 e pressiona o país a desenvolver o transporte hidroviário ligado aos portos do Arco Norte, aponta o consultor de logística Luiz Antônio Fayet.
Fonte: Gazeta do Povo
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